Com a reserva de mercado menor, agora estabelecida em 40% dos prêmios movimentados em resseguro, contra 60% em vigor até a primeira quinzena de janeiro deste ano, as seis resseguradoras locais (constituídas sob as leis brasileiras) amargaram queda na receita da ordem de 64,9% em apenas dois meses, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O faturamento de R$ 1,145 bilhão no primeiro bimestre de 2009 despencou para R$ 401,8 milhões em janeiro e fevereiro últimos.
A queda é consequência de uma concorrência que está bem mais acirrada, já que as seguradoras estão com mais liberdade para transferir os riscos que excedem a capacidade de retenção de suas carteiras de seguros. O volume de prêmios a ceder ao resseguro, fora da reserva de mercado, aumentou 50%. São negócios que os seguradores podem agora oferecer também para, por exemplo, as 23 resseguradoras chamadas de admitidas (estrangeiras com escritório de representação no País), cujos números não aparecem nas estatísticas da Susep.
Mudanças
A mexida nesse tabuleiro levou a receita do IRB Brasil Re recuar 72,3%: de R$ 946 milhões, nos dois primeiros meses de 2009, para R$ 261,7 milhões no primeiro bimestre de 2010. Os dados oficiais mostram outra empresa brasileira, a J. Malucelli, especializada no ramo garantia, com queda nos prêmios ainda mais acentuada. Entre os mesmos períodos comparados, o recuo foi de 80,2%. Caiu de R$ 61,5 milhões para R$ 12,1 milhões.
A alemã Münchener Ruck foi outra resseguradora local a registrar diminuição de receita, da ordem de 49,4%, para R$ 41,8 milhões, enquanto A XL Re reportou queda de 18,5%, para R$ 41,7 milhões. A espanhola Mapfre foi a única a apontar crescimento no período, e expressivo: 1.165,5%. A receita saltou de R$ 3,5 milhões para R$ 44,3 milhões.
Na queda de receita no primeiro bimestre, a parcela do líder IRB Brasil Re entre as resseguradoras locais fechou o primeiro bimestre do ano na casa de 65,1%. Em igual período de 2009, chegara a 82,6%, 17,5 pontos percentuais a mais. A Mapfre, que era última no ranking do ano passado (0,3%), pulou para a segunda posição este ano, até fevereiro, com 11%. A trajetória da J. Malucelli foi inversa, do terceiro lugar no ano passado (5,4%), caiu para o último, com 3%. A Münchener Ruck perdeu a segunda colocação para ocupar a terceira em fevereiro último, cuja fatia, apesar do recuo da receita, subiu de 7,2% para 10,41%. Seguida bem de perto, veio a XL Re, cuja participação também aumentou, de 4,5% para 10,39%, entre os bimestres comparados.
Jornal do Commercio-RJ
