Ultima atualização 27 de abril

Seguradora criada por Mapfre e BB é avaliada em R$ 11 bilhões

A aliança estratégica entre o Banco do Brasil (BB) e a espanhola Mapfre deve sair do papel nos próximos dias e vai criar uma das maiores empresas de seguros da América Latina. A nova empresa foi avaliada em cerca de R$ 11 bilhões e o contrato está praticamente fechado. Falta acertar o valor que será pago à SulAmérica por sua fatia de 30% na Brasilveículos, que será comprada pelo BB e passará a integrar a seguradora resultante da associação.
Pelo cronograma traçado inicialmente, a expectativa era de que o anúncio da parceria fosse feito ainda ontem. A estimativa, agora, é de que saia no dia 5 de maio, mas está sujeito a novos adiamentos por conta da agenda dos executivos. A demora em se concluir a transação, anunciada de forma preliminar e sem detalhes em outubro, deveu-se em grande parte à complexidade da associação, que envolveu 10 empresas diferentes.
Procurada, a Mapfre não se pronunciou sobre o assunto. O executivo do BB responsável pela área de seguros, Paulo Rogério Cafarelli, estava em viagem e não pôde atender à solicitação da reportagem.
O desenho da nova seguradora contempla duas holdings. Uma delas, cujo nome provisório seria Mapfre BB, terá 50,01% das ações ordinárias nas mãos da Mapfre e 49,99% em poder do BB. Apenas com capital ordinário, essa empresa vai abrigar as operações de vida, seguros imobiliários e rural. O presidente do conselho de administração será indicado pelo grupo espanhol e o presidente executivo, pelo BB.
Na outra holding (BB Mapfre), 25% de ações preferenciais serão d Mapfre e 75%, do BB, sendo a composição do capital ordinário semelhante à da primeira holding. Ou seja, nessa segunda empresa, o BB deterá a maior parte do capital total, embora não seja o controlador. Debaixo do guarda-chuva da BB Mapfre ficarão os chamados ramos elementares – seguros de carros, residências e empresas. A estrutura de comando funcionará de forma inversa à da primeira holding – o presidente do conselho de administração será indicado pelo BB e o presidente executivo, pela Mapfre. Os nomes dos executivos que comandarão o grupo ainda não foram definidos.
Pelo desenho societário, cada uma das holdings terá duas divisões de negócios, segundo a lógica comercial. Uma para atender o canal corretores, modelo hoje adotado pela Mapfre, e outra para distribuir apólices pelas agências, padrão atual do BB. A empresa resultante terá um total de 4 mil funcionários e avalia-se que a possibilidade de demissões é baixa, já que praticamente não existem sobreposições.
As cifras envolvidas na negociação não são conhecidas -apenas o valor resultante da empresa, de R$ 11 bilhões -, mas boa parte do acerto vai passar por troca de ações. Os ajustes em dinheiro tendem a ser modestos. Vai servir de moeda de troca, por exemplo, o diretor adquirido em 2005 pela Mapfre de prover a Nossa Caixa por 20 anos com produtos de previdência privada.
A nova empresa de seguros será a maior da América Latina, quando excluídas da conta as operações de saúde e previdência. Num ranking feito a partir de dados da Seguros Privados (Susep) relativos a dezembro de 2009 em que se excluem os dois segmentos, a empresa resultante da união entre Mapfre e BB teria um total de R$ 7,7 bilhões em prêmios – R$ 4,1 bilhões da Mapfre, R$ 2,3 bilhões da Aliança do Brasil (cuja totalidade do capital foi adquirido pelo BB em 2008) e R$ 1,3 bilhão da área de veículos da SulAmérica. A Bradesco Seguros é líder de mercado, com R$ 5,8 bilhões em prêmios. Quando incluídos os ramos de saúde e previdência, entretanto, a Bradesco soma mais de R$ 20 bilhões em prêmios e segue líder entre as seguradoras.
A parceria entre BB e Mapfre vem sendo costurada desde meados do ano passado e faz parte de uma grande reestruturação que o Banco do Brasil está promovendo em sua atividade de seguros.
Para a área de capitalização, a parceira escolhida foi a Icatu Hartford, que já era acionista da Brasilcap e passará a ser sua controladora. Na área de previdência, o sócio exclusivo será a americana Principal, com a qual o banco renovou recentemente a parceria por mais 20 anos na Brasilprev.
Falta definir o parceiro que irá trabalhar com o BB no segmento de saúde. Circularam no mercado rumores de que a SulAmérica estaria negociando a compra dos 49,92% da participação acionária que o banco detém na BrasilSaúde. A SulAmérica já havia acordado a venda de 30% de sua fatia na Brasilveículos. Em comunicado enviado ao mercado em outubro do ano passado, o então presidente da SulAmérica Patrick de Larragoitti confirmou que havia iniciado “tratativas com o BB visando o encerramento dos acordos que mantém na Brasilveículos e na Brasilsaúde”. Não está descartada, porém, a possibilidade de a SulAmérica ser a parceira do BB em saúde.

Aline Lima
Valor Econômico

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock