Ultima atualização 28 de janeiro

Geithner defende o socorro à AIG

Diante de enorme pressão de legisladores e até pedidos para sua renúncia, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, defendeu ontem a atuação do governo no resgate da seguradora AIG. “Fizemos o que era necessário para evitar uma nova Grande Depressão”, disse Geithner a um comitê da Câmara.
Geithner era o presidente do Fed de Nova York quando a AIG foi socorrida com US$ 85 bilhões, em setembro de 2008. Legisladores acusam o governo de ter beneficiado instituições como o Goldman Sachs e o Societé Generale, que eram contrapartes da AIG em vários CDSs (tipo de derivativo) e receberam 100% dos contratos (cerca de US$ 27 bilhões), pagos com dinheiro do contribuinte.
Muitos argumentam que os bancos não deveriam ter pago o valor total do que teriam a receber da AIG, e deveriam ter sofrido algum “haircut”, ou seja , desconto no pagamento. O Fed teria instruído a AIG a não revelar ao público detalhes sobre essas transações.
Ontem, diante das perguntas no Congresso, Geithner disse que não estava envolvido diretamente com a orientação para esconder essas informações. “Eu me abstive das decisões de política monetária e das operações do dia a dia do Fed de NY”, disse ao conselho. Ele teria feito isso logo após o anúncio de sua indicação à Secretaria do Tesouro, em 24 de novembro de 2008.
Mas os legisladores se mostraram céticos em relação às afirmações de Geithner. E mostraram um e-mail onde Geithner perguntava a um de seus funcionários: “A quantas anda a abertura de informações sobre a AIG?”. “É um pouco demais acreditar que você não teve nada a ver com isso”, disse o deputado republicano Dan Burton. “Você era o chefe do Fed e não sabia de nada?”
Geithner disse, concluindo sua apresentação inicial: “Se vocês estão revoltados com o que ocorreu com a AIG, deveriam estar comprometidos com a reforma financeira. Os EUA nunca deveriam ter deixado instituições como a AIG assumir o volume de riscos que ameaçam todo o sistema financeiro”.
O deputado John Mica pediu que Geithner renunciasse. “Eu acho que ou você tomou uma decisão ruim ou tentou encobrir um dos maiores resgates da história”, disse Mica. “O senhor deu desculpas patéticas na época e está fazendo o mesmo agora. Por que não deveríamos pedir a sua renúncia do cargo de secretário do Tesouro?”
Geithner tentou manter a compostura, mas estava visivelmente irritado. “O senhor tem direito a sua opinião. Eu trabalhei no setor público minha vida inteira, eu nunca fui político.” Ele tentou convencer os legisladores de que o governo agiu “conforme os interesses do povo americano” e não para beneficiar os grandes bancos.
“Eu acho que o compromisso com a Goldman Sachs foi maior do que a responsabilidade com o povo americano”, disse o democrata Stephen Lynch, apontando o dedo para Geithner.
“De acordo com as leis do país, só tínhamos duas opções: ou deixávamos a AIG quebrar, ou evitávamos isso. E não havia um meio legal de impor descontos na dívida da AIG com esses bancos, sem resultar na piora da classificação de risco da seguradora, que poderia levar à sua falência”, disse o secretário do Tesouro.

Patrícia Campos Mello
O Estado de S. Paulo

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