As seguradoras querem ficar mais próximas do consumidor, conhecer suas reais necessidades, ouvir sugestões e até mudar a linguagem tradicionalmente utilizada pelo mercado. Precisamos mesmo melhorar nossa comunicação, avaliar como o seguro é visto pela sociedade e o grau de satisfação dos segurados, afirma a diretora de Relações Institucionais e de Resseguro da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), Maria Elena Bidino, que está coordenando o Comitê de Relacionamento de Consumo e um plano de ação voltado exclusivamente para auxiliar o consumidor.
Segundo ela, o plano foi aprovado em outubro de 2009, com base em decisão da diretoria da entidade, que almeja preparar o mercado de seguros para uma nova realidade, inclusive com a inclusão de milhões de novos segurados que se espera com a regulamentação do microsseguro. Nesse contexto, ela assinala que é importante mudar a linguagem, para que o setor possa ser compreendido pelos novos consumidores das classes C e D. E acrescenta: A mudança não será tão radical, mas vamos reduzir a utilização do segurês, adianta.
Maria Elena Bidino diz ainda que, se depender da vontade do governo do Estado do Rio de Janeiro, o seguro passará a ser uma das ferramentas de apoio às Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas em comunidades carentes e violentas da capital. Maria Elena Bidino revela que foi o próprio secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, quem sugeriu a implementação do projeto Tô Seguro, já em fase de instalação no Morro Dona Marta, na Zona Sul carioca, e em outras comunidades onde também já funcionam UPPs. Ele demonstrou entusiasmo por esse projeto em conversa recente, conta.
Contribuição
De acordo com a diretora da CNSeg, as autoridades estaduais estão convencidas de que o seguro pode contribuir bastante para a melhoria das condições de vida nas comunidades carentes do Rio de Janeiro.
No Morro Dona Marta, o projeto Tô Seguro terá vigência de 16 meses, período no qual serão executadas ações de conscientização interativa e aprendizado participativo para despertar o interesse dos moradores pelo seguro. Na semana passada, três seguradoras confirmaram a participação no projeto, para oferecer produtos à população local com preços acessíveis: Bradesco, Mapfre e Capemisa. A perspectiva é de que outras seguradoras ofereçam coberturas para os moradores da comunidade, uma vez que pelo menos nove grupos seguradores participaram de dois encontros já promovidos pela CNSeg.
Essa é apenas uma das ações previstas para este ano, na qual o foco será totalmente direcionado para a proteção do consumidor. Entre as realizações planejadas estão pesquisas quantitativas que terão o objetivo de mensurar a expectativa do segurado em relação às coberturas contratadas. É possível que seja criado também um modelo de informações sobre cada tipo de produto dos segmentos de pessoas e danos, com base no resultado apurado em pesquisas de campo.
O plano prevê ainda a execução de programas de conscientização de consumidores quanto a riscos e quanto à necessidade do seguro e seus benefícios. Outro ponto previsto no projeto é a criação de um centro de informação para o consumidor.
A realização de grandes eventos voltados para o público segurado é mais uma prioridade para este ano. Nessa linha, será realizada no Rio de Janeiro a 1ª Conferência Interativa de Relações de Consumo em Seguro, que a CNSeg marcou para 10 de março. O encontro faz parte da programação preparada para comemorar os 20 anos do Código de Defesa do Consumidor e que prevê outras ações, todas a cargo do Comitê de Relacionamento de Consumo.
O mesmo comitê tem ainda a atribuição de planejar outros eventos entre março e setembro. Haverá um ciclo de palestras exclusivo para ouvidores de seguradoras. A ideia é realizar um encontro por mês para dar uma qualificação ainda maior ao serviço prestado pelas ouvidorias, adianta Maria Elena Bidino.
Jornal do Commercio-RJ