Empresarialmente falando, pensar a longo prazo se torna um exercício desafiador, mudanças sempre fizeram parte da vida de um profissional, mas novos elementos vão se somando ao complexo meio ambiente, como velocidade, tecnologia, disrupção, criptomoedas e empresas que chegam a valer trilhão de dólares e não são grandes fábricas de produtos.
Grandes organizações sempre nos facultaram método para planejamento de curto e médio prazo, com ferramentas de acompanhamento bastante eficiente, chegando ao desdobramento de planos de ação quantificáveis. Em geral fixamos objetivos para cinco anos e o detalhamento anual com os importantes entregáveis. Raros são os exercícios de 10, 20 ou 30 anos.
Ao longo dos últimos 20 anos, procuro exercitar com os times dos quais faço parte, uma visão de futuro ampliada para alguns setores, como seguros, previdência e saúde (por exemplo). Sem bola de cristal, é um exercício livre que responde há algumas poucas perguntas:
- Em 2030 existirá o mercado de seguros? E em 2040? E 2050?
- Os produtos serão os mesmos?
- Como chegaremos ao consumidor?
A conclusão simplista é que existirá a indústria do seguro, especialmente para o produto mais popular no nosso país, o auto, onde os veículos autônomos terão coberturas muito maiores do que as atuais, em função do risco ao que o fabricante estará exposto. Os demais ramos têm pouco apelo ao consumidor no digital e requerem esforço de distribuição.
Meu discurso para um jovem é de que o setor é do bem, protege a pessoa, famílias e empresas, num mercado promissor, que não chegou a 50% da sua potencialidade no Brasil. Eu sempre incentivo: “Faça carreira em seguros!”.
No entanto, profissionais de 25 a 30 anos, oriundos da classe média, com boa formação, que ingressaram no mercado de trabalho após a universidade, geralmente não desejam fazer carreira neste setor. Alguns afirmam não acreditarem na instituição.
Avessos à propriedade, usando transporte por aplicativos, definem como curto prazo o período de três meses, um ano é classificado como longo prazo. Esses jovens não são consumidores de seguros ou previdência, mesmo quando trabalham na indústria.
Será que o seguro estará destinado a empresas para se protegerem de demandas dos seus clientes?
E o jovem irá se transformar num futuro consumidor? Talvez. Ao se tornarem mães ou pais, ou quando o apoio financeiro familiar desaparecer, preservar e proteger pode vir a ser uma hipótese.
Sobre o autor
Dirceu Tiegs é diretor comercial e conselheiro de administração certificado do IBGC