O Estado de São Paulo registrou 9.569 roubos e furtos de motocicletas nos três primeiros meses deste ano. Só em março foram 3.482 eventos, ou seja, uma média de quatro ocorrências por hora. Os dados foram divulgados no Boletim Econômico Tracker-Fecap, com base nas informações disponíveis no site da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Janeiro registrou 3109 roubos ou furtos, e fevereiro, 2.978.
O Boletim Tracker-Fecap é resultado da parceria entre o Grupo Tracker e a Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap). Nele, analistas traçam um panorama detalhado do mercado do crime no Estado de São Paulo.
“Como a SSP-SP divulga apenas os dados gerais de roubo e furto de veículos, decidimos fazer uma análise mais profunda das informações disponíveis, segmento por segmento, para trazer para a população um cenário mais real”, afirma o coordenador do Núcleo de Estudos da Conjuntura Econômica, (Necon), Erivaldo Costa Vieira.
As motocicletas representaram cerca de 20% do total dos boletins de ocorrência registrados na categoria de roubo e furto de veículos. Analisando o comportamento dos bandidos em março, quando se trata de roubo, o horário preferido para praticar o crime é à noite (50,03%), seguido da tarde (18,14%), manhã (15,98%) e madrugada (15,70%).
Já os furtos apresentaram um cenário diferente, apesar de a maioria também ter sido cometido à noite (29,77%), o segundo horário com mais ocorrências foi pela manhã (22,69%), seguido da tarde (20,20%) e de madrugada (17,28%).
A cidade de São Paulo lidera o ranking de roubo e furto no estado. Na categoria furto, os municípios que vêm em seguida são predominantemente do interior, com destaque para a região de Campinas; enquanto os roubos predominaram no ABC e proximidades.
“Há uma grande incidência de roubo de motos de alta cilindrada em regiões próximas a rodovias com acesso ao litoral e interior do estado, principalmente entre a cidade de São Paulo e municípios vizinhos à capital, como a região do ABCD. Nos fins de semana e feriados aumenta o número de evento”, analisa o gerente de Operações do Grupo Tracker, Rodrigo Boutti.
Capital
Ao analisar a capital de São Paulo, o que chama a atenção é que, diferente do Estado, a maioria dos furtos ocorreu de manhã (36,80%).
Entre os dez bairros com maior registro de furto, cinco estão na Zona Sul da capital, três no Centro, e dois na Zona Oeste. No caso de roubos, a predominância foi na Zona Leste, com seis bairros entre os dez que registraram mais boletins, seguida pela Zona Oeste. “Os furtos ocorrem quando os proprietários estão trabalhando ou estudando e suas motos estacionadas. E boa parte dos estabelecimentos de ensino e escritórios ficam na Zona Sul”, explica Boutti.
Ela acrescenta ainda que, de acordo com o banco de dados do Grupo Tracker, a Zona Leste é a região onde acontece o maior número de recuperações, cerca de 40% do total. “A tendência é que as motos sejam roubadas e levadas imediatamente para desmanches, por isso as regiões com maior número de desmanches também tendem a ser as regiões com maior índice de recuperações”, afirma.
Os modelos mais roubados e furtados também foram analisados. Segundo o gerente de Operações do Grupo Tracker, as motos de baixa cilindrada representam uma parcela maior das ocorrências, pois, proporcionalmente, são os modelos mais vendidos. “Desta forma, grande parte dos roubos acaba alimentando a indústria de desmanches, principalmente na região da Grande São Paulo, por conta da alta procura por peças”, analisa.
Boutti alerta ainda que muitas destas motocicletas são utilizadas por bandidos em roubos de modelos de performance mais elevada. O gerente de Operações do Grupo Tracker destaca também a curiosa aplicação dada por alguns bandidos às motos roubadas: “Nas regiões periféricas da capital é muito comum, hoje em dia, a realização de bailes funks, os famosos ‘pancadões’. Muitas motos de alta performance, roubadas ou furtadas, são utilizadas pelos bandidos como uma forma de ostentação neste tipo de evento. Grande parte é abandonada ou mesmo destruída ao término dos bailes”, finaliza.