Ultima atualização 26 de março

Edição 199

 

entrevista | Philippe Jouvelot

De volta ao Brasil

Phillipe Jouvelot fala da chegada da Axa e do desafio de tornar a marca conhecida entre os consumidores

Kelly Lubiato

APÓLICE: Qual será a linha de atuação da empresa no Brasil?
Philippe Jouvelot: O grupo decidiu, entre 2012 e 2013, vir para o Brasil com um plano de negócios tipicamente francês: de 25 anos, bem longo prazo, o que é da nossa cultura. A intenção é desenvolver uma seguradora de grande porte no mercado, começando com comercial lines e linhas corporativas. Temos três atividades agora: os grandes riscos de Property and Casualty, as linhas gerais e vida em grupo e afinidades. As licenças foram recebidas no ano passado e fizemos a instalação do TI, montamos um time excelente. Agora, já recebemos cerca de 1 a 1,2 mil pedidos por mês. Nós não esperávamos ser tão bem vindos ao Brasil nesse começo. Contratamos pessoas que conhecem bem o mercado. Nós recrutamos pessoas que são bastante conhecidas porque o mercado brasileiro é feito de relacionamento e isso funcionou bem. A Axa é a primeira marca de seguros do mundo, a maior seguradora internacionalmente, e acho que os corretores conhecem bem a companhia. O público não conhece, mas é uma marca bem conhecida dos corretores. Quando nos chegamos aqui eles já estavam esperando, já queriam a nossa presença.

APÓLICE: Quais iniciativas vocês pretendem fazer para aproximar o corretor de seguros?
Philippe Jouvelot: O corretor não é apenas o principal, mas é o único canal de distribuição. A Axa é uma seguradora que apenas trabalha com corretores e estamos cientes que a parceria firmada com a SulAmérica será muito importante, porque é uma companhia que conta com 30 mil corretores bem fieis à marca. Vamos comercializar todos os produtos de grandes riscos e transportes através da distribuição da SulAmérica, para atingir todos os corretores que estão bem longe de São Paulo. Com isso, a Axa se torna, imediatamente, nacional. É fantástico! O único foco é o corretor. Quando chegamos aqui, os grandes corretores que frequentemente lidam com companhias internacionais já nos conhecia muito bem. Eu diria que os mil primeiros corretores do Brasil conhecem muito bem a Axa e a parceria com a SulAmérica atinge os demais corretores, o que contribuirá para o nosso crescimento.

APÓLICE: O acordo com a SulAmérica não foi apenas uma aquisição, mas uma parceria. Como ela foi alinhada?
Philippe Jouvelot: A SulAmérica é a primeira seguradora independente do País, uma companhia de sucesso enorme, com uma estratégia claríssima de riscos massificados, saúde, auto. Já a Axa tem seu core business voltado para o investimento em grandes riscos. Somos totalmente complementares e foi uma parceria fantástica. É uma oportunidade, mais do que estratégia. Essa parceria existe há 10 anos, o acordo recíproco vem desde 2006. A compra da parte de grandes riscos para que a AXA pudesse se desenvolver como deseja, nas linhas de negócio que são seu forte, deixam a SulAmérica mais à vontade para ir em frente com sua própria estratégia de riscos. É o ideal, pois pode dar ênfase em linhas de negócio que são foco dela, como vida em grupo. Não há competição, mas complementaridade.

APÓLICE: Mesmo com economia não favorável o interesse no País continua?
Philippe Jouvelot: Primeiro, eu proponho utilizarmos a Europa para comparação. A Grécia e todos os países do sul da Europa, como Itália e Espanha, tem situação econômica bem difícil. Aqui no Brasil, a questão econômica não é tanto em relação ao PIB, que é importante para o crescimento do mercado de seguros. A participação da indústria de seguros no PIB é bem menor do que o resto do mundo, menos do que 3%. O próprio Levy [Joaquim Levy, ministro da Fazenda] disse que esperava que o crescimento do setor fosse de 10%, então 8% já será muito bom. Basta olhar ao redor e observar todos os prédios, todas as construções, grandes obras que antigamente ninguém comprava seguro para elas. Não faz parte do jeito brasileiro comprar seguros. No resto do mundo, quando alguém compra um automóvel ou um apartamento, imediatamente adquire uma apólice de seguros. Aqui no Brasil, não. A diferença principal é que aqui existem 54 mil corretores excelentes, prontos para vender e no resto do mundo as pessoas procuram. Os corretores oferecem o que as pessoas precisam, mas elas não têm o hábito de comprar. Acredito que demorará muito até que se torne um hábito, mas a penetração da indústria de seguros dentro da economia, que é baixa, fará com que o crescimento possa chegar a 15%.

É por isso que eu adoro trabalhar com corretores. O trabalho deles é exatamente esse: encontrar os clientes, explicar os riscos e convencer que aquela apólice ajudará a desenvolver uma empresa, um negócio, a vida pessoal, até mesmo antes de falar sobre os bens físicos que você pode proteger. O trabalho que os corretores estão fazendo para trazer essa cultura é maravilhoso. Acredito que nós, juntamente com a Federação de Seguradoras, podemos propor ações e contribuir para o crescimento do setor. Como sou bem prático, eu diria que temos que trabalhar o melhor para os corretores, tornar a companhia mais digital para os parceiros para que eles possam se conectar com a Axa remotamente e fechar o negócio com facilidade, com acesso e atendimento de qualidade. Isso é, para mim, o mais importante.

APÓLICE: Como foi a relação com a Susep no período de aprovação da atuação da companhia no País?
Philippe Jouvelot: Os brasileiros costumam dizer que aqui é muito difícil conseguir as aprovações com a autarquia, mas na verdade não é. Existem locais como a Alemanha, por exemplo, muito mais rigorosos. Aqui você precisa fazer o dossiê, preencher a papelada, apresentar o plano de negócios; a Susep tem o papel de proteger a população, o seguro e ter certeza de que a solvência da seguradora será enorme e, por isso colocamos aqui um capital muito grande. Temos também uma resseguradora local para garantir a estabilidade financeira. O que é importante para o regulador é cumprir seu papel de garantir que as seguradoras se comportarão de uma maneira razoável para que jamais um sinistro deixe de ser indenizado. Nós entendemos e respeitamos muito o papel da Susep.

Eu também vejo que o superintendente de hoje é muito moderno e quer que o mercado se modernize. Ele aceita muito bem inovações que são propostas desde que façam sentido e que não tragam riscos de falta de solvência para a seguradora.

Claro que se você não tem muito financiamento, se gostaria de fazer algum outro procedimento é difícil, mas um grupo como o AXA tem um plano, capital, todas as medidas de compliance, capacidade de cumprir tudo que é norma para se tornar uma instituição financeira de qualidade.

APÓLICE: Já há uma meta de crescimento traçada para a filial brasileira?
Philippe Jouvelot: Além das aquisições, a ambição da AXA é de fazer US$1 bilhão nos próximos oito, dez anos; nós já investimos um pouco mais de R$ 2 bilhões para desenvolver a AXA no Brasil. Poderemos realizar mais investimentos como o da SulAmérica. Tudo isso tem a ver com oportunidades. O foco da companhia não é aquisição, mas o crescimento razoável e, se for o caso, e nós tivermos oportunidades de fazer compras que são totalmente alinhadas com o nosso plano, pode ser que façamos, mas não é obrigatório. Nós temos apetite de crescer, agora é desenvolver sobre o plano já existente. O que surgir de oportunidade será avaliado.

APÓLICE: Há algum modo de operação que será trazido de fora e implementado no Brasil?
Philippe Jouvelot: Sim. Por sermos uma companhia global, devemos ter três particularidades ao mesmo tempo: um sistema “tropicalizado”, ou seja, totalmente compatível com o mercado brasileiro, Susep, Receita Federal etc. Você precisa ter uma camada de contabilidade e relatórios técnicos que realmente contemplem o sistema. Além disso, é preciso ter a possibilidade de refletir e interagir com os programas internacionais para que a Axa no Brasil possa trabalhar com as grandes empresas de fora. O outro elemento é a parte digital para os corretores. Estamos desenvolvendo essa parte, que deverá ficar pronta no meio do próximo ano e isso se tornará muito importante, porque a seguradora quer ser uma plataforma digital.

APÓLICE: Há algo novo sendo trazido de fora para o mercado brasileiro, aguardando aprovação?
Philippe Jouvelot: A cada semana estou assinando uma variação de um produto novo. A minha secretária me diz que o presidente com quem ela trabalhava no passado assinava uma mudança de produto a cada seis meses e, para mim, são seis vezes por semana. A Axa é bem dinâmica. Acho que não é unicamente a flexibilidade que a companhia gosta de ter para o corretor, mas seu desejo de adaptar o produto à cada necessidade de atividade do cliente. Você não faz a mesma linguagem, a mesma apólice de seguros para uma empresa de distribuição, outra de mineração etc. A apólice precisa ser diferente. O costume no Brasil era fazer a mesma coisa para todos, então queremos ouvir o que cada um gostaria de ter e fazer um produto adaptado para cada atividade.

Isto é o que nos diferencia das demais seguradoras do mercado. Acredito que a resistência à mudança tem muito mais a ver com os profissionais do que as regras da Susep. Eles se acostumaram a fazer sempre de um jeito e não vêem porque mudar. Nós não. O resto do mundo está se adaptando às necessidades de cada corretor, atividade de cliente e, para nós, é normal realizar um trabalho um pouco mais burocrático que valha à pena.

APÓLICE: Inovar no mercado de seguros é difícil? Como a AXA pretende se diferenciar?
Philippe Jouvelot: Nós temos um marketing especial: somos um pouco latinos. Existem dois tipos de marketing: o que é uma guerra total de concorrentes e o “marketing francês”, de sedução dos clientes, com produtos bons. Jamais você verá, por exemplo, a Louis Vuitton criticando as demais concorrentes. Ela fala do seu produto. Não do concorrente. É a mesma coisa. Nós respeitamos muito as demais seguradoras do mercado. O nosso foco são os clientes e o que podemos fazer para atendê-los de verdade e, no longo prazo, isso funciona.

A inovação pode ser vista de uma maneira egoísta. Mas criar um departamento não é a melhor solução. O que o cliente gostaria de ter é a inovação de cada dia para resolver seus problemas cotidianos. É o que fazemos: nós não vamos sair com um produto de cyber risk pensando que imediatamente a vida dos brasileiros mudará com isso. Mas se você está atento, ouve, se adapta e dá uma resposta diferente do que o mercado dava antigamente, isso é inovação.

APÓLICE: Como tem sido sua experiência à frente da seguradora no Brasil?
Philippe Jouvelot: Eu tenho o hábito de dizer que um brasileiro é um francês gentil. É uma maravilha para um francês chegar ao Brasil, porque a vida é bem mais agradável aqui, não só pelo clima, as praias e a dimensão do País, mas pela cultura. Eu estou totalmente convencido de que o Brasil terá um futuro enorme quando as empresas brasileiras se tornarem mais internacionais.

Conversei com alguns corretores aqui no Brasil que estão pensando em abrir uma filial no Chile, no Peru e eu pergunto por que não na Alemanha, em Dubai, em Singapura? O mundo todo é para vocês, mas acho que existe uma barreira cultural para se transpor, pois a cultura positiva de negócio dos brasileiros tem uma força fantástica.

Acho que o Brasil, além do potencial de crescer nacionalmente, tem um potencial internacional enorme.

 

direto de londres | por Luciano Máximo*

Bastidores do ministro da Fazenda em Londres

Durante a abertura do mercado de resseguros brasileiro, em 2007, Joaquim Levy estava lá. No cargo de secretário Estadual da Fazenda do Rio de Janeiro, ele se envolveu profundamente com o processo e foi uma espécie de camisa 10: recebia a bola no meio, a controlava com destreza e dava sequência à jogada — de forma objetiva, pragmática, sem firulas, ao melhor estilo de um jogador com formação econômica ortodoxa, um “Chicago Boy”. À época, Levy ouvia o setor e, dentro das suas atribuições de secretário de Estado, ofereceu apoio e dezenas de resseguradores de porte global resolveram instalar seus escritórios no Rio. Em abril de 2009, na inauguração da sede do Lloyd’s no centro da capital fluminense, Levy participou da cerimônia e ouviu agradecimentos do então chairman Lord Levene.

Seis anos mais tarde, à frente do Ministério da Fazenda, Joaquim Levy é titular absoluto do time econômico da presidente Dilma Rousseff. Continua com seu futebol objetivo, pragmático, sem firulas. Mas seu jogo agora exige mais corpo-a-corpo e uma dose bem equilibrada de ofensividade e cautela para alcançar o resultado esperado. Se esse resultado é uma goleada, com certeza Levy sabe que pelo menos um golzinho só poderá ser marcado numa tabelinha com os setores de seguros e resseguros. O ministro da Fazenda se mantém afinado com esses mercados, tem convicção de que eles são fundamentais para levar o país à tão sonhada goleada (que aqui se traduz em crescimento econômico) porque são um grande canal de atração de investimentos em infraestrutura.

Em abril deste ano, Levy reuniu representantes do mercado segurador brasileiro e avisou que, dali a 15 dias, cumpriria uma agenda de dois dias na capital inglesa, onde se reuniria com autoridades britânicas, investidores, empresários e executivos do mercado financeiro no começo de maio. Passou a bola para a Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg): “Organizem uma agenda para mim com o pessoal de seguros e resseguros e das assets, quero conversar com eles”, pediu Levy.

Sem firulas, em duas semanas a CNseg e o Lloyd’s of London organizaram duas reuniões de trabalho entre o ministro Levy e o titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Roberto Westenberger, e cerca de 75 altos executivos globais de seguradoras e resseguradoras, como Allianz, HDI, Generali, entre tantas outras, e diretores das maiores empresas de asset management do mundo, responsáveis por investir as reservas das companhias de seguros, resseguros, vida e previdência. Os encontros ocorreram na sede do Lloyd’s, na tradicional sala Adam, com os presentes sentados na bicentenária mesa de carvalho com mais de 50 lugares. Também participaram o atual chairman do Lloyd’s John Nelson, o presidente da CNSeg, Marco Antonio Rossi, os presidentes de todas as federações do mercado brasileiro, FenSeg, FenaPrevi, FenaSaúde e FenaCap.

Presente ao encontro, Osvaldo Nascimento, diretor da Itaú Vida e Previdência e presidente da FenaPrevi, relatou à coluna Direto de Londres os bastidores da visita de Levy ao Lloyd’s of London. “O que chamou mais atenção foi a organização e sistematização do evento, que foi todo construído em apenas 15 dias, com a presença de muita gente importante do setor. Foram duas reuniões, uma com as empresas de seguros e resseguros e outra com as assets. Foram encontros parecidos, mas com focos diferentes. O ministro começava fazendo uma explanação sobre o Brasil, explicando em detalhes o processo em andamento do ajuste fiscal da economia brasileira e apresentando as oportunidades de investimentos que o país oferece na área de infraestrutura. Em seguida ele recebeu perguntas de pessoas escolhidas previamente. Eram rodadas de três perguntas, com respostas bastante objetivas do ministro, que respondia tudo em inglês e de forma muito objetiva, transparente e falando só de coisas que pode entregar”, contou Nascimento.

Segundo o presidente da FenaPrevi, no geral os presentes estavam muito interessados em saber sobre os fundamentos da economia brasileira, se a nota de investment grade dos títulos soberanos do país estava em risco e também sobre os desdobramentos da operação Lava-Jato, que investiga casos de corrupção na Petrobras. As perguntas mais específicas do mercado segurador e ressegurador abordaram eventuais mudanças de regras do setor para dar mais eficiência à distribuição de produtos, como vendas de apólices online, e oportunidades para ampliar a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB). O superintendente da Susep explicou que a regulação no Brasil está em linha com a tendência mundial e que trabalha para aumentar a eficiência do mercado.

Um executivo inglês que participou da reunião reiterou que o ministro é profundo conhecedor dos mercados de seguros e resseguros e sabe do imenso volume de reservas investido pelo setor no mundo inteiro. Reservadamente, ele conta que o ministro estava se esforçando para convencer os presentes a usar essas reservas para investir em infraestrutura no Brasil. “O mundo todo está tentando transformar títulos financeiros ligados à infraestrutura em uma classe de ativos de primeira linha, ajudando a desbloquear uma quantidade enorme de recursos de investidores institucionais em todo o mundo e ajudando a acelerar a recuperação da economia mundial. Projetos bem concebidos, apoiados pelo quadro regulamentar adequado pode fazer que esses títulos sejam muito atraentes e tenham bom retorno. O Brasil quer assumir esse desafio, inclusive com mecanismos para proteger o investidor de variações cambiais”, declarou Levy no encontro, conforme relato de um participante.

“O objetivo final é o aquecimento da economia e quanto mais aquecida for a atividade econômica, em especial o setor de infraestrutura, mais o setor de seguros é demandado, com oportunidade de crescimento em diversas áreas, principalmente nos produtos de garantia e grandes riscos. Mas como há essa correlação entre crescimento econômico e expansão da atividade seguradora, todos os outros ramos se beneficiam também com um crescimento econômico sustentado por investimentos em infraestrutura”, disse Nascimento, acrescentando que o ministro Joaquim Levy deixou claro que apoiar projetos de infraestrutura no Brasil é rentável. “O ministro explicou que, historicamente, o cidadão brasileiro não tem objeção de pagar por serviços, usando como exemplo as atuais rodovias pedagiadas, portos, aeroportos. Ele disse que é um investimento que não conflita com a tradição do país, investimento com retono”, complementou o presidente da FenaPrevi.

Por fim, Nascimento conta que é “excepcional” para o mercado segurador brasileiro ter um ministro tão antenado com as necessidades e demandas do setor, assim como o titular da Susep. “É uma condição não usual para a gente, com ministro e regulador profundos conhecedores do mercado nacional e internacional… muito bom saber que a Fazenda tem interesse no setor.”

Se a tática do ministro da Fazenda der certo e se a goleada tão esperada da economia brasileira acontecer, dá até para torcer por um gol de placa (quem sabe participação do mercado segurador na jogada)?

* Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico, cobriu o setor de seguros e resseguros na Gazeta Mercantil

 

especial grandes riscos | mercado

Equilíbrio para grandes desafios

Momento econômico será crucial para que seguradoras decidam se ficam ou saem de operações com maiores riscos

Amanda Cruz

O Brasil passou por um período de aquecimento na área de infraestrutura nos últimos anos e o mercado de seguros de Grandes Riscos acompanhou essa guinada, especialmente no que diz respeito aos riscos de Engenharia. Porém, com recente declínio econômico no País e as denúncias de corrupção envolvendo empreiteiras, esse mercado parece ter arrefecido. A realidade de 2015 traz questionamentos sobre quais serão os próximos passos do mercado de seguros para conseguir manter estável uma carteira que está diretamente a estes caminhos.

O mercado de seguros e resseguros na América Latina tem apresentado crescimento de dois dígitos nos últimos anos, diferente dos “mercados maduros”. Bom exemplo é o Brasil, que representa aproximadamente 50% do mercado regional, e atingiu crescimento significativo nos últimos cinco anos, com dinâmica independente da evolução do PIB do País.

Com isso, cada companhia de seguros tem utilizado suas próprias maneiras de desenvolver os programas. “No modelo de negócio da AGCS, a estratégia é regional. Portanto, mesmo que o Brasil passe por momentos de crise, conseguimos continuar atuando e crescendo nos países vizinhos”, acredita Patricia Marzullo, diretora regional de Engenharia para a América do Sul da AGCS.

Apesar das instabilidades, o otimismo prepondera porque países como México, Colômbia e Peru, e em alguma medida Chile, vêm experimentando crescimento de emprego e renda, expansão da classe média e presença de SMEs (dinheiro europeu) na economia, o que é positivo para o mercado de seguros e resseguros em geral. Isso não quer, necessariamente, dizer que as companhias têm deixando de investir em Grandes Riscos no Brasil, mas que parecem estar mais cautelosas.

Maurício Masferrer, diretor executivo de P&C, Entretenimento e M&A da corretora AON, lembra que embora os riscos de Engenharia sejam parte importante, há outras áreas que beneficiam o ramo. Há toda a parte industrial que demanda colocações de grande porte e resseguro, como as siderurgias, minerações etc. e, de acordo com o executivo, essa parte continua demandando como sempre demandou. “De qualquer forma, o setor sofre um pouco com isso. O país não vai parar de crescer. Tivemos uma interrupção, mas esperamos uma gradual melhora em 2016 e 2017, principalmente na questão industrial e na construção de estradas e portos”, acredita.

Em época de crise, outro fator que pode ser determinante para o mercado é a legislação. A brasileira faz pouca diferenciação efetiva de clausulado entre o que é risco massificado, pequeno ou o grande risco. Muitas vezes eles têm o mesmo tratamento jurídico quando são formas de contratação diferentes. “Uma coisa é a contratação massificada, na qual o segurado não tem muito acesso à possibilidade de modificação, outra coisa são os grandes riscos que, muitas vezes precisam ser objeto de extensa legislação e análise. Mas o tratamento parece ser o mesmo”, conta Marcia Cicarelli Barbosa de Oliveira, sócia da JBO Advocacia. O controle da Susep também entra na fala da advogada como sendo, em certos casos, “excessivo”. Ela lembra que essa regulação é importante e legítima, mas que pode acabar engessando o mercado e impedindo que os clausulados sejam mais flexíveis e, por isso, mais adequados a cada caso. “Na Espanha, por exemplo, há uma clara distinção na liberdade que se dá às empresas para elaborarem as condições da apólice, assim como no Chile a partir de um determinado valor de apólice. Tratar os contratos respeitando suas diferenças é uma tendência mundial”, compara.

Os números computados pela Susep sobre a carteira vão até março desse ano e tem indicativos de que alguns negócios na área de riscos de engenharia estão caminhando, provavelmente obras iniciadas ou em negociação. “No segundo semestre a gente ainda vê o mercado de engenharia com acontecimentos, mas temos percebido a demora no início de obras. Não sabemos quando elas realmente começarão”, destaca Felipe Smith, diretor Executivo de Produtos Pessoa Jurídica da Tokio Marine.

O que parece manter o mercado otimista é saber que as obras de infraestrutura precisam ser feitas no país e que ainda há capacidade das empreiteiras de entregarem o que foi contratado. Isso mantém o apetite das companhias seguradoras, que embora mais cautelosas, esperam o momento certo para negociar. Smith diz que a própria Tokio Marine tem em sua carteira obras já fechadas, aguardando apenas o aval dos contratantes para serem iniciadas.

A autarquia também deverá fazer uma movimentação em relação a esses fatores. O mercado de D&O, por exemplo, reagiu no sentido de discutir e pedir revisões de coberturas obrigatórias que, acreditavam, impediam o produto de circular de maneira mais sadia. Esse pedido está aguardando a decisão final, mas Márcia acredita que o órgão regulador deverá entender a seguradora. “São coberturas demais que, muitas vezes, podem ser contratadas em outras apólices. Acho que esse excesso de regulação, como dito anteriormente, vai contra o mercado mundial, onde há uma preocupação em estabelecer princípios, mas não ter uma regulação de clausulado tão limitadora”, analisa.

Outras áreas

As grandes empresas, de maneira geral, são contratantes em potencial de apólices de grandes riscos, seja qual for sua área de atuação. Os riscos nomeados, dirigidos especialmente a grandes empresas industriais, e os seguros de propriedade, também estão em um ritmo menor de crescimento de vendas, de acordo com Smith, mas o executivo acredita que o ramo mais afetado por esse declínio deva ser o de seguros de transporte. “Essa carteira tem diminuído. Vemos uma desaceleração na movimentação de carga, por conta da situação atual das importações e exportações e também no transporte interno. A economia desaquecida movimenta menos mercadoria e menos prêmios são arrecadados pelo mercado. Essa é uma das carteiras mais rapidamente afetadas, porque o transporte é bastante atrelado à economia”, afirma o executivo, que diz que a própria área da Tokio Marine percebeu essas mudanças.

A grande diferença entre as carteiras que conseguem se manter estáveis e as que sofrem mais o impacto da crise é a quais fatores elas estão atreladas. Se não há mercadoria, não há transporte de cargas. Masferrer explica que “quanto aos riscos patrimoniais das empresas, a contratação continua aquecida porque você não vai construir algo novo, mas precisa fazer o seguro do imóvel”, esclarece.

Para entender como o mercado vem funcionando, não é possível se ater a apenas um segmento. Renato Rodrigues, Country Manager da operação de Seguros do XL Catlin para no Brasil, esclarece que, analisando a área de grandes riscos como um todo, a queda não é generalizada nas solicitações. “No caso das linhas de D&O e E&O, nota-se, inclusive, crescimento. São linhas que geralmente têm maior contratação em tempos de desaceleração econômica e que fazem parte das coberturas de grandes riscos. Dados de mercado indicam que nessa área houve crescimento de mais de 30% no volume de prêmios no primeiro trimestre”, explica.

Patrícia afirma que a AGCS, desde o período pré-eleitoral, já notava uma redução no número de projetos de construção no Brasil, prejudicando o seguro de riscos de engenharia mas, principalmente, levanto junto as carteiras de responsabilidade civil de obras. “Como nossa operação é regional, para a América Latina, não sentimos um impacto acentuado, pois recebemos uma demanda importante de obras de infraestrutura de outros países”, afirma.

Pulverizar os riscos é um ganho das companhias seguradoras que atuam globalmente. Elas não dependem das demandas de um único País e podem manter suas carteiras sustentáveis. Contando também com os contratos de resseguros e cosseguros, muito comuns para esse tipo de risco, os investimentos ficam ainda mais seguros. Mas esses acessos às apólices dependem da maneira como as companhias conduziram sua operação até o momento da crise. Smith acredita que não há muito segredo para conseguir as renovações de resseguro, mas é preciso bastante trabalho. “A dificuldade é do mercado como um todo. Algumas seguradoras enfrentam mais empecilhos porque podem ter sido agressivas demais nas suas aceitações de risco anteriormente”, pontua. É verdade que as resseguradoras podem estar mais seletivas mas, para o executivo, elas só serão assim se notarem que a estratégia de aceitação de risco é sólida.

O executivo da Aon endossa essa visão. Para ele, quando o mercado de resseguros foi aberto, em 2007, era muito líquido e aceitava a maioria dos riscos. Hoje, alguns riscos têm mais ou menos facilidade. “O que está crescendo são as boas condições aos bons clientes. Aqueles que têm políticas de risco adequadas e se comportam bem no mercado têm facilidade de aplicar o risco”, esclarece Masferrer.

O peso das denúncias para o mercado

Deflagrada em 2014, os esquemas de corrupção que originaram a operação Lava Jato parecem ter mexido com esse mercado. É sabido que as apólices de D&O sofreram alterações, especialmente as que cobrem empresas diretamente ligadas à investigação. O seguro de Garantia de Obra também foi outro produto afetado, já que o mercado de engenharia desaqueceu e as construções estão demorando a serem entregues, com altas em seus valores. Isso faz com que as seguradoras repensem seus riscos. “Vejo que o D&O fez alterações, mas não tem sofrido tanto, mas o seguro garantia não deveria ter o alto índice de sinistralidade que estou vendo em algumas companhias. É possível que as seguradoras mudem seus clausulados para restringir riscos e exposições às quais elas não queiram dar cobertura”, salienta Marcia.

O que o mercado procura fazer é estar alheio às questões políticas e focar exclusivamente nos desafios econômicos que estão por vir, oferecendo suporte a seus contratantes. Os corretores são peças fundamentais para que isso ocorra. As construtoras não parecem estar em uma “lista negra” das seguradoras, mas elas querem clientes saudáveis. “Estamos analisando o risco e continuaremos a fazer isso. Os bons clientes terão acordo. A aceitação não depende da área, depende do risco. A construção de uma ponte tem seus riscos específicos e, dentro disso, queremos saber quem vai fazer e quais políticas internas a empresa adota”, destaca o executivo da Aon.

A Tokio Marine também procura enxergar o momento economicamente. “Há várias obras já negociadas, mas o aval do contratante para iniciá-la está apenas ligado ao momento do Brasil, que precisa de obras de infraestrutra e aceleração na indústria. É um problema momentâneo e nós vamos passar por ele. Enquanto isso, cautela e paciência são necessárias”, indica Smith.

O seguro garantia de performance, que é o que se aplica a grandes projetos de obras, foi afetado. Mas o seguro garantia do tipo judicial, usado para substituir depósitos em juízo, tem aumentado, também como reflexo da crise, que está favorecendo a maior contratação desse tipo de seguro. “Porém, simultaneamente houve a saída de alguns players dessa área, equilibrando o mercado”, opina Rodrigues.

Permanência no ramo

O momento é de decisão estratégica. Há seguradoras prontas para fazer aquisições de carteiras de grandes riscos e outras prontas para vendê-la, como foi o caso da Itaú Seguros, que vendeu sua participação à Ace no início do ano. A Tokio Marine participou ativamente dessa disputa e, embora não tenha conseguido a aquisição, não perdeu o apetite para novas oportunidades. “Não é segredo que tentamos adquirir a carteira da Itaú e o legado disso foi o reforço da estrutura da companhia”, declara.

Outras ainda adotam a parceria como meio para fortalecer a atuação, como a parceria estabelecida entre Axa e SulAmérica. Carlos Alberto Trindade Filho, vice-presidente de Auto, Ramos Elementares, Vida e Previdência da SulAmérica, declarou à Revista Apólice que “o acordo é a extensão de uma parceria que existe desde 2006. “Continuaremos responsáveis pela distribuição comercial da carteira de grandes riscos para todos os nossos corretores. Eles seguem sendo os distribuidores em todos os canais com os quais a companhia trabalha, pois são nossos grandes parceiros e estão no DNA da companhia. Permanecemos, assim, como uma companhia multilinha, com soluções completas de proteção e distribuição de todos os produtos, inclusive os de grandes riscos”.

Já para a AGCS, o objetivo é trabalhar constantemente no desenvolvimento de novos produtos que atendam às necessidades de cada cliente. “À medida que eles são desenvolvidos em nossa matriz, trabalhamos para trazê-lo para nosso País e oferecermos aos nossos clientes, como Cyber e Weather Solutions”, mas a ideia é manter a operação como está, já que Patrícia afirma que no momento não há planos de aquisição por parte do grupo.

A advogada Marcia, sinaliza que o primeiro movimento é de concentração, pois diversas empresas estão reavaliando suas carteiras de grandes riscos, focando em fatores como subscrição e taxas de sinistralidade, mas isso deverá trazer um incremento nas faixas de prêmios. “As taxas estavam muito baixas. Empresas operavam com valores que não eram coerentes com os riscos. Aumentar as taxas e as reservas poderá fazer com que o mercado amadureça. Pode diminuir a competitividade, mas torna o mercado mais sério”, analisa.

O Brasil é um mercado em evolução. As empresas vivenciam uma acentuada curva de aprendizado e há oportunidade de tirar vantagem do benchmark internacional, conforme acredita o Country Manager da XL: “temos sido testemunhas de um forte movimento de capacitação de gerentes de risco, de busca por novas tecnologias e de crescente consciência sobre a importância da seguradora como parceira do negócio. Outro driver importante é a internacionalização da nossa economia e, por consequência, sua maior exposição a mercados mais maduros”, conta.

O conhecimento é crucial para atuar em grandes riscos. Não basta apetite, mas a administração também é importante, além do planejamento no longo prazo. “Possivelmente, as seguradoras que irão operar nessa área são as que atuam no mundo todo. Nesse mercado há anos bons e anos com terremotos, tsunamis, enchentes, tufões etc. É um jogo para quem sabe jogar e para entrar e ficar, ter apetite para tempos bons e ruins”, finaliza Smith.

Ou seja, a indicação dos entrevistados é que as soluções para driblar a crise na área de grandes riscos são parecidas com as apólices que elas promovem: precisam ser flexíveis, com entendimento dos riscos de mercado, alinhar a relação com o corretor e promoção boas práticas. “Mas o mais importante é ouvir atentamente nossos clientes e corretores a fim de entender de fato seus riscos e, juntos, criarmos a solução de seguro adequada para suas necessidades”, finaliza Rodrigues.

 

especial grandes riscos | transferência

Distribuição de riscos

Transferência através do mercado de capitais, que em sua maioria é relacionada a catástrofes naturais, já começa a operar em outras linhas de negócios

Lívia Sousa

Os riscos se tornam cada vez maiores e mais complexos. Com isso, as seguradoras não os assumem sozinhas e, na tentativa de minimizá-los, passaram a distribuí-los com as resseguradoras. Em linhas gerais, a transferência desses riscos ocorre de uma entidade financeira para o investidor, medida já consolidada no mercado imobiliário. Nos Estados Unidos, desde meados da década de 1970, os riscos imobiliários são transferidos de bancos para investidores, mas no Brasil este tipo de operação só começou a ganhar volume a partir de 2005, principalmente por meio do chamado Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI).

A distribuição pode acontecer com o próprio seguro, em que o segurado compra uma apólice de seguros para obter seu risco, ou através do mercado de capitais, no qual ele tem a opção de transferi-lo na forma de emissão de bonds (títulos). O diretor de Riscos da Terra Brasis Resseguros, Rodrigo Botti, descreve a segunda operação do ponto de vista das diferentes partes envolvidas no processo.

“Para o investidor, é uma compra de um instrumento de renda fixa com prazo entre um e três anos. Se não acontecer um evento de sinistro, ele recebe de volta o dinheiro que investiu mais um cupom, que atualmente está entre 3% e 9% ao ano em dólar, dependendo do risco definido. Se houver um evento de sinistro pode perder o cupom, parte ou até todo o dinheiro que investiu”, explica o executivo.

Já a seguradora entra em um contrato financeiro similar a um contrato de resseguro, sendo este documento não muito diferente de um resseguro tradicional: o “prêmio” é pago ao investidor e caso ocorra um evento, ela recupera o sinistro através do dinheiro que investiu.

Para o regulador, há a vantagem deste tipo de produto ser “colaterizado” e, portanto, não há necessidade de supervisão quanto à solvência. Ou seja, se um instrumento ligado a seguro pode perder até R$ 1 milhão em caso de evento de sinistro, o investidor tem que aplicar R$ 1 milhão. Em uma seguradora, para cada R$ 1 milhão de capital, ela poderá entrar em um número de contratos de seguros nos quais a soma das exposições é maior que esse valor.

“Há os seguros de conclusão de obra, aplicado caso a empresa não finalizá-la e que funciona como um seguro cujos recursos serão utilizados para pagar investidores ou concluir o trabalho; e o seguro de créditos, em que se a companhia não honrar pagamento, o investidor pode sacar a apólice”, complementa Luís Ambrósio, sócio da área financeira do Trench, Rossi e Watanabe Advogados.

Ramos de atuação

Cerca de 80% dos riscos de seguros transferidos ao mercado de capitais estão relacionados a terremotos ou furacões. “O mercado ressegurador utiliza essa transferência principalmente em riscos catastróficos, ocasião em que o impacto é muito forte na solvência do mercado segurador”, afirma Paulo Baptista, líder da prática de D&O da Marsh Brasil.

Uma parte importante da securitização é relacionada a estruturas que visam mitigar o impacto de desastres naturais são feitas através de parcerias entre o governo e entidades privadas. Uma das resseguradoras que trabalham neste molde é a Swiss Re, realizando a transação com os governos e os bancos de desenvolvimento para auxiliá-los a gerenciar seus riscos por meio do resseguro e os mercados de capitais. No México, por exemplo, a companhia opera em casos de riscos sísmicos e furacões no Pacífico e no Atlântico do país.

Com isso, o México diversifica seu mix de financiamento com instrumentos de transferência de risco. Ao transferir o risco de catástrofe para o mercado de capitais, o governo vê a possibilidade de reduzir a pressão sobre os orçamentos públicos em caso de uma catástrofe natural, garantindo ao mesmo tempo que os fundos sejam suficientes para atividades de socorro.

Como resultado desta operação, organizações como o Banco Mundial começaram a perceber que os países em desenvolvimento e emergentes estão particularmente expostos às catástrofes naturais e que reduzir a sua vulnerabilidade a esses eventos é uma das principais prioridades em termos de trabalho de desenvolvimento.

É importante destacar que, no passado, a principal preocupação era a proteção civil em caso de guerra ou catástrofes naturais. Agora, o foco está mudando para uma abordagem mais abrangente, que considera uma gama de riscos que vão desde a economia e o financeiro até os riscos ambientais, sociais e políticos.

Para Botti, a sociedade brasileira seria muito beneficiada de um programa semelhante, seja para proteger regiões dos riscos de alagamento, desmoronamento, seca ou outros eventos.

Outra operação interessante deste ramo se dá na área de pensões, com a transferência de riscos de longevidade. No Reino Unido, a modalidade é realizada com a emissão dos bônus de longevidade (que paga juros ao seu detentor) que considera a proporção de indivíduos nascida em um determinado ano e que ainda está viva em outro ano mais a frente. Assim, se essa proporção for grande, maior será o valor dos juros recebidos pelo detentor do bônus.

Outras linhas de negócio também começaram a serem transferidas, como as coberturas de riscos agrícolas, perda de safras, queda de preços de commodities, variação de custo de preço de energia e responsabilidade civil. “O mundo fica mais global e complexo e, consequentemente, os riscos se tornam mais complicados, como riscos de terrorismo e cibernéticos. Com isso, o mercado de seguros e resseguros tradicional cresce especialmente nos países em desenvolvimento como Indonésia, China, Índia, África, e América Latina, onde há crescimento dos seguros tradicionais na casa de dois dígitos”, explica Rodrigo Protasio, CEO da JLT Brasil.

Na visão do executivo, o quadro em questão deve levar a uma demanda maior por resseguro e capital. Assim, haverá mais presença da transferência alternativa de riscos e a chegada das estruturas menos tradicionais e envolvendo mercado de capitais.

Patamar brasileiro

Internacionalmente, a transferência de risco através do mercado de capitais já não é novidade. A atividade tem crescido a taxas bastante elevadas, porém de uma base pequena. Há cerca US$ 80 bilhões em fundos dedicados a securitização de seguros.

Calcula-se que aproximadamente 15% dos riscos de resseguro estão hoje securitizados. No mercado imobiliário e de empréstimo estudantil, mais de 50% dos riscos são securitizados. Desta maneira, a perspectiva é que este mercado continue a crescer.

Por outro lado, o Brasil ainda não conta com resseguradoras que façam essa operação. “Isso acontece porque o arcabouço legal brasileiro exige que qualquer produto financeiro novo seja integralmente regulado antes que possa ser comercializado. A medida inibe o desenvolvimento de inovações financeiras, mas contribui para que crises sejam menos frequentes”, esclarece Rodrigo Botti, da Terra Brasis Resseguros, que acredita que em algum momento a securitização em seguros chegará ao País. Porém, precisar este momento é delicado, considerando que securitização imobiliária demorou 30 anos para chegar em solo brasileiro após se iniciar nos Estados Unidos.

“O mundo hoje está mais conectado e provavelmente essa diferença deva ter diminuído. Se imaginarmos que essa diferença está hoje em 20 anos e securitização em seguros começou em 2000 nos Estados Unidos, ela deve chegar ao País em 2020. É claro que esta é uma estimativa bastante genérica e pouco confiável”, frisa ele.

Protasio concorda com a afirmação,completando que pelo fato de a legislação brasileira ainda não reconhecer essas operações, as seguradoras não são permitidas a buscarem proteção através de estruturas alternativas, cativas, bonds e sidecars. “A razão é óbvia, pois o mercado de resseguros é novo, iniciou suas atividades em 2008”, explica ele, acrescentando que o Brasil também tem menos exposição a catástrofes, o que contribui para gerar menos presença e necessidade de operações. “O mercado nacional ainda está se organizando. Temos seguradoras capitalizadas e que compram pouco resseguro, já que a percepção de perdas decorrentes de catástrofes ainda é baixa”.

Apesar disso, o executivo da JLT Brasil afirma que as empresas nacionais já podem desenvolver alguns destes produtos hoje, como as próprias coberturas para fundos de pensão ou garantia de suprimento de energia, ou seu preço em caso de menos chuvas (água no reservatório) ou falta de vento em usinas eólicas.

Já para o presidente do BTG Pactual, André Gregori, essa maturação não se apresenta como um entrave para que mercado de capital tome o risco do mercado de seguros e resseguros no País. “Nosso mercado de resseguros ainda não é maduro, não tem sofisticação. Mas a regulação é um caminho natural”.

Prós e contras

Rodrigo Botti, diretor de Riscos da Terra Brasis Resseguros, aponta as principais vantagens e desvantagens da transferência de risco através do mercado de capitais:

√ Para o investidor, o ponto forte é o fato que o retorno deste produto está pouco relacionado ao retorno de outros produtos financeiros. O número de tempestades do Atlântico não está relacionado à bolsa ou ao preço do ouro. Isto facilita a diversificação de um portfólio de investimentos.

√ Para as seguradoras, é uma alternativa ao resseguro tradicional podendo oferecer em certos casos condições mais vantajosas.

X O ponto fraco é que este mercado ainda é jovem. Com isto, pouco testado. É ainda uma dúvida como ele se comportará no evento de uma grande catástrofe ou quando os Estados Unidos começarem a elevar sua taxa de juros.

 

previdência | mudanças

Os efeitos do fim do fator previdenciário

Novo cálculo foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. Entenda como funciona a proposta e como ela poderá impactar no mercado de previdência privada

Lívia Sousa

Estacionada há 12 anos, a discussão sobre o fim do fator previdenciário voltou aos holofotes. A medida, criada pela Previdência Social em 1999 na tentativa de desacelerar aposentadorias precoces, estabelece a redução dos benefícios daqueles que se aposentam antes dos 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres), idades mínimas para se obter o benefício integral. Pela lei atual, eles podem requerer a aposentadoria proporcional a partir dos 53 anos e 30 de contribuição; já elas, a partir dos 48 anos e 25 de contribuição.

O debate foi reiniciado no final de 2014, quando o governo federal anunciou Medidas Provisórias no setor previdenciário, e ganhou ainda mais força no dia 13 de maio, ocasião em que a Câmara dos Deputados aprovou, por 232 votos a 210, a fórmula 85/95 como emenda ao texto da pensão por morte. A medida, que consiste em um somatório entre a idade e o tempo de trabalho do contribuinte, também foi aprovada – sem alterações – pelos senadores e agora segue para sanção da presidenta da República, Dilma Rousseff.

Pela nova regra, para ter direito a 100% da aposentadoria (com base no teto da Previdência, hoje em R$ 4.663,75), as mulheres precisam atingir uma soma igual ou superior a 85 e terem contribuído com a previdência por pelo menos 30 anos. Já para os homens, o cálculo fica em 95, sendo a contribuição mínima de 35 anos. Entre os professores, a soma é de 80 para elas e 90 para eles. O cálculo do fator previdenciário continua valendo tanto para o contribuinte que quiser se aposentar antes de atingir esta soma (e obter a aposentadoria proporcional) quanto para quem alcançar o cálculo estabelecido, mas desejar ter o benefício por meio da regra atual.

A nova fórmula e a Previdência Privada

De acordo com Ivy Cassa, advogada da Petraroli Associados, não existe relação direta entre o fim do fator previdenciário e a previdência privada. Isso porque o regime geral de previdência social tem regras próprias e o regime de previdência privada é autônomo. Por outro lado, a previdência privada funciona como um regime complementar. Assim, quando são feitas alterações legislativas no regime geral ela sofre alguns “respingos”, no sentido de que a demanda pela complementação de benefícios pode crescer.

“No caso específico do fator previdenciário, a proposta do seu fim seria, a princípio, benéfica para os segurados (que teriam seus benefícios majorados em determinadas situações), não repercutindo, de imediato, na previdência privada”, explica a executiva.

Segundo Ivy, reflexos na previdência privada ocorreram de maneira mais evidente quando o Governo mudou, por exemplo, as regras para a concessão de pensão por morte, já que as pessoas poderiam tender a buscar uma complementação para a pensão que ficou reduzida à metade do valor para os novos beneficiários. No fator previdenciário, porém, não houve essa percepção direta de perda.

Em uma eventual aprovação da medida, fica a dúvida: como o segmento de previdência privada deverá se preparar de imediato? João Marcelo dos Santos, sócio do Escritório Santos Bevilaqua, explica que os produtos comercializados atualmente já são bastante flexíveis, mas eventualmente as formas de cálculo e de início do pagamento de algumas espécies de benefícios podem ser reavaliadas conforme os resultados finais das discussões entre o Governo e o Congresso.

Opiniões divididas

As entidades sindicais e o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP) defendem a implantação da fórmula 85/95, afirmando que a reforma permitirá aos trabalhadores o acesso integral a aposentadoria com período menor de contribuição. Outro ponto positivo, na visão deles, é o fato de o cálculo atual reduzir em até 40% o valor da aposentadoria a ser recebido pelo contribuinte.

Mas a proposta não é bem vista pelo Governo Federal, que passa por um período de ajustes fiscais. Uma vez aprovada, a fórmula 85/95 fará com que a Previdência Social desembolse mais de R$ 40 bilhões somente na primeira década de aplicação do sistema. Por este motivo, Dilma Rousseff já sinalizou que deve vetar a medida e apresentar uma alternativa ao cálculo em vigor.

Apesar do desejo natural, por parte daqueles que se aposentam, de receber o maior benefício possível, Santos lembra que o sistema é de repartição simples, ou seja, os ativos presentes pagam os aposentados com contribuições arrecadadas no momento. “A manutenção de um regime deficitário resulta em uma pirâmide insustentável”, argumenta. Neste contexto, a fórmula 85/95 atrasa o início da fase de benefícios, mas não reduz o seu valor.

Qualquer medida que resulte em benefícios mais altos ou pagos mais cedo sem a correspondente receita tem o impacto negativo de aumentar o problema da previdência pública, que em última instância será suportado por toda a sociedade. Já para o mercado de previdência complementar, o impacto negativo seria a percepção equivocada de um sistema público capaz de atender demandas impossíveis. “É importante que a população entenda a relevância e a necessidade da previdência complementar, em face das dificuldades cada vez maiores que a previdência pública terá para atender as expectativas construídas em cima de uma realidade que não existe mais”, acrescenta Santos.

Segundo ele, o debate correto está em discutir a adequação do sistema às receitas existentes hoje e a longo prazo, afirmação também defendida pelo presidente da Fenaprevi, Osvaldo do Nascimento, que chama a atenção para uma análise mais aprofundada da questão. “A maneira como a medida está sendo discutida pode prejudicar os futuros contribuintes. A proposta é pontual, deve beneficiar apenas a geração atual de aposentados. Ela não é sustentável a longo prazo, não deve evoluir da forma que foi proposta e causará o rompimento do pacto intergeracional”, explica Nascimento, frisando que se a proposta não se viabilizar economicamente, não se descartaria um movimento de outro tipo de ajuste à previdência no futuro.

O executivo compartilha da ideia de que a nova fórmula agravará as contas do sistema previdenciário e levará o Brasil a dificuldades mais acentuadas, considerando que a população está vivendo mais e não haverá recursos para fornecer aposentadoria integral a toda a população.

Para Nascimento, o modelo ideal seria um cálculo que determinasse a idade mínima para a aposentadoria tanto no setor público quanto no setor privado, considerasse a situação econômica das próximas gerações e cobrisse principalmente a população de baixa renda. “O Brasil deve olhar a reforma da previdência com maturidade, debater mais o assunto e ir além da questão do déficit, que todos nós já sabemos que existe. O governo e o Congresso também devem discutir o tema com mais transparência”, finaliza o presidente.

Entenda como é calculado o Fator Previdenciário

O fator previdenciário é calculado a partir de quatro elementos: alíquota de contribuição, idade do trabalhador, tempo de contribuição à Previdência Social (30 anos para mulheres e 35 para homens) e expectativa de sobrevida do segurado – conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje em 74,9 anos.

Realiza-se o cálculo da seguinte maneira:

f = fator previdenciário
Tc = tempo de contribuição do trabalhador
a = alíquota de contribuição (0,31)
Es = expectativa de sobrevida do trabalhador na data da aposentadoria
Id = idade do trabalhador na data da aposentadoria

fator previdenciario_calculo

*Caso o seu fim seja aprovado…

Para ter direito a aposentadoria integral (com base no teto da Previdência, de R$ 4.663,75), a soma ficará em:

– igual ou superior a 85 para mulheres que contribuíram com a Previdência Social por pelo menos 30 anos;

– igual ou superior a 95 para homens que contam com contribuição mínima de 35 anos;

– para os professores, a soma deverá ser de 80 para elas e 90 para eles.

*O fator previdenciário continuará valendo tanto para o contribuinte que quiser se aposentar antes de atingir a soma proposta pela nova fórmula (e obter a aposentadoria proporcional) quanto para quem alcançar o cálculo estabelecido, mas desejar ter o benefício por meio da regra atual.

 

entretenimento | produto

Diversão também precisa de seguro

Mercado garante tranquilidade em todas as etapas de diferentes eventos

Amanda Cruz

O mercado de seguros atende muito mais demandas do que se imagina. Cotidianamente as pessoas recebem convites para shows, feiras, congressos, casamentos, festas de aniversário etc. Quantas delas se perguntam como tudo aquilo foi desenvolvido? E, ainda mais importante: quem sabe quais tipos de padrão de segurança que o evento possui?

Em 2015 o Brasil conta em sua lista de shows, por exemplo, com grandes festivais como Lollapalooza, Rock in Rio, Tomorrowland e Popload Festival, além de nomes como Katy Perry e Pearl Jam que fazem turnê por aqui. Para 2016 o País se prepara para sediar as Olimpíadas, assim como sediou a Copa do Mundo de Futebol em 2014, que teve patrocínio da seguradora Liberty. Segundo o portal Produtor de Eventos, 493 artistas internacionais fizeram shows no Estado de São Paulo em 2013. “O seguro tem a finalidade reparadora de restabelecer o equilíbrio econômico e financeiro em caso de algum prejuízo ou dano”, lembra Robert Hufnagel, vice-presidente executivo da Berkley.

O seguro entra nesse ramo sem que a contratação obrigatória exista por lei. Marcelo Santana, gerente de ramos elementares da Porto Seguro, esclarece que hoje os seguros para eventos são exigidos pela legislação apenas em alguns municípios, mas não há ainda obrigatoriedade federal. “Lei que obrigue não há. Sabemos que os grandes eventos fazem seguro por questão de proteção, então eles normalmente nos procuram. Quem faz esse tipo de seguro, quanto mais alto o investimento, mais preocupado ele estará em segurá-lo”, afirma. O que garante a proteção, na verdade, são os contratos fechados entre as empresas, que geralmente fazem essa exigência.

Este é um mercado em crescimento, já que a indústria de eventos movimenta mais de R$ 60 bilhões por ano, e é responsável por mais de 3 milhões de empregos diretos e indiretos (para organizadores e empresas prestadores de serviços). “Levamos em nossas apresentações o fato de que existe um grande evento a cada seis meses, no Brasil, dentre eles congressos feiras e convenções”, afirma Hufnagel.

Coberturas

O leque de coberturas desse seguro é bem abrangente e envolve, por exemplo, indenizações decorrentes de cancelamento pelo não comparecimento do artista ou em consequência de condições climáticas adversas. Danos a equipamentos, instrumentos musicais, marquises temporárias, objetos cenográficos, danos materiais e corporais a terceiros também têm possibilidade de serem segurados.

De forma geral o seguro de eventos é divido em cinco grupos. Os danos a terceiros abrangem as partes de responsabilidade civil e é a cobertura básica de contratação. Danos à propriedade são as coberturas que o organizador precisa para proteger seu material utilizado para a realização. Já o seguro de Acidentes Pessoais é uma carteira vinculada ao ramo de vida. Além disso, podem ser contratadas coberturas para veículos que ficam no estacionamento do evento e de valores, voltados aos que realizam vendas de tickets, ingressos ou qualquer outra forma de pagamento para participação. “Mesmo com um índice de sinistralidade baixo registrado em nossa companhia, sabemos que o mercado tem apresentado sinistros de equipamentos e um pequeno percentual, porém de grande importância, de danos a terceiros”, conta o executivo da Berkley.

“As apólices podem ser contratadas pelo organizador principal do evento, por fornecedores de serviços e produtos durante o evento (jantares, bebidas e outros, por exemplo), por expositores e toda e qualquer pessoa jurídica que tenha estrutura física instalada no evento e/ou responsabilidade contratual e civil diretamente relacionada ao evento”, esclarece Raquel Silva, líder da prática de entretenimento Marsh Brasil.

Embora a organização do evento aconteça desde o momento em que ele é planejado, o seguro ainda é um dos últimos itens contratados, de acordo com o que conta Santana.

De maneira geral, apenas essas coberturas são satisfatórias, mas os chamados mega eventos podem requerer uma apólice diferente, por exemplo, na carteira de vida dos artistas envolvidos. É possível também que duas seguradoras sejam contratadas para um evento. “A Susep permite a concorrência de apólice, então é possível que sejam contratadas duas apólices. As seguradoras irão dividir o prejuízo, mas o total do valor segurado é pago apenas uma vez”, destaca Santana.

Existem produtos adicionais e com análise prévia pode-se contratar até uma Gestão de Crise, muito utilizada em eventos com número elevado de participantes. “Os produtos de seguros em geral são bem completos, cobrindo os danos ocasionamos durante a montagem até a desmontagem”, alega o executivo da Berkley, companhia que é seguradora oficial de eventos no Brasil este ano, como Tomorrowland e dos shows das bandas Imagine Dragons, Backstreet Boys e Los Hermanos.

Eventos promocionais e grandes shows são os tipos que mais procuram proteção e, embora não exista dentro da carteira uma distinção de quanto movimenta e contrata cada evento, uma pesquisa feita pela Porto Seguro indica que esse setor movimenta cerca de 4% do PIB.

Sobre as principais dificuldades em penetrar em um mercado como esse, os executivos destacam desde problemas operacionais até a falta de conhecimento. Santana diz que a Porto passou a ter melhor desempenho na carteira, mas que ainda enfrenta o desconhecimento das organizações. De acordo com dados do mercado, somente de 0,4% a 1% do valor total de produção de um evento é destinado à contratação de seguros. Hufnagel comenta que esse é “um valor baixo e que garante o respaldo necessário para qualquer imprevisto que possa acontecer. Concluímos que o seguro de eventos é fundamental e necessário em qualquer tipo de entretenimento”, comenta.

O que algumas companhias sentem é que apesar do grande interesse do público nesses eventos, as questões relacionadas ao seguro passam despercebidas. Muitas vezes o nome da seguradora não aparece na divulgação e é difícil até mesmo o cliente conseguir essa informação. Aliar o nome da marca ao acontecimento passa a não ser tão relevante para as companhias, já que para elas, comercialmente, é muito mais vantajoso ter o prêmio da apólice do que estabelecer outro tipo de parceria. Mas Marcelo Santana acredita que o cenário não deverá permanecer assim por muito tempo. “Não pensar tanto nessa questão hoje é natural, mas à medida que as pessoas tomam consciência vejo que isso pode ser modificado”, acredita.

Demais riscos:
Danos ao conteúdo do local do evento
Prejuízos por não-utilização do local
Prejuízos por não-comparecimento do artista ou pessoa designada
Danos a equipamentos eletroeletrônicos musicais e cinematográficos
Danos a equipamentos em exposição

Coberturas Acessórias:
Instalação, montagem e desmontagem
Responsabilidade civil no fornecimento de bebidas e comestíveis
Responsabilidade civil de danos morais
Responsabilidade civil de guarda de veículos de terceiros
Responsabilidade civil para pessoas designadas

Coberturas básicas:
Responsabilidade civil do organizador
Responsabilidade civil do expositor

Em São Paulo já é lei

São Paulo instituiu a Lei Estadual/SP 11.265, de 14/11/2002, que visa a obrigatoriedade da contratação do seguro para eventos por quem o promove, seja ele artístico, desportivo, cultural e/ou recreativo, no Estado de SP, com cobrança de ingresso. A Lei prevê também aplicação de multa ao proprietário do imóvel onde ocorre o evento, caso ele permita a realização do evento sem a contratação do seguro.

Eventos considerados pela Lei:

* Exibições cinematográficas;
* Espetáculos teatrais, circenses e de dança;
* Parques de diversão, inclusive temáticos;
* Rodeios e festas de peão boiadeiro;
* Torneios desportivos e similares;
* Feiras, salões e exposições.

 

 

 

 

 

 

 

 

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