Ultima atualização 14 de novembro

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Mercado automotivo debate descarbonização na Casa do Seguro

Painel 1 - Descarbonização do Setor Automotivo
Painel 1 - Descarbonização do Setor Automotivo

O “Fórum da Indústria Automotiva & Seguros na COP30”, realizado nesta quinta-feira (13) na Casa do Seguro, em Belém (PA), reuniu montadoras, seguradoras, especialistas e representantes internacionais em uma iniciativa conjunta da CNseg e da ANFAVEA. O encontro destacou como inovação tecnológica, economia circular e cooperação entre setores vêm redesenhando a mobilidade de baixo carbono no país, reforçando o papel estratégico do setor de seguros nesse processo.

O painel de abertura, “Descarbonização do setor automotivo”, moderado por Henry Joseph Jr., assessor especial da presidência da ANFAVEA, destacou a velocidade da transição energética no Brasil. Segundo ele, o setor avança simultaneamente em veículos leves e pesados, biocombustíveis, eletrificação, ciclo de vida dos produtos e captura de carbono.

Fabio Rua, vice-presidente para a América do Sul da GM, afirmou que a eletrificação será obrigatória em todos os veículos produzidos pela empresa no país até 2030. Ele citou o primeiro modelo totalmente elétrico fabricado no Brasil, no Ceará, e reforçou a meta global de neutralidade de carbono até 2040, lembrando que as operações brasileiras já apresentam avanços no uso de energia renovável.

Gustavo Bonini, diretor institucional da Scania na América Latina, organizou sua análise em três eixos — tecnologia, infraestrutura e políticas públicas — e defendeu a importância da produção local. Segundo ele, o país já dispõe das principais tecnologias para reduzir emissões, com destaque para o biometano, a produção nacional de B100 e os desafios logísticos da eletrificação de longa distância.

João Irineu, VP de Assuntos Regulatórios da Stellantis, ressaltou a vantagem competitiva brasileira: matriz energética limpa e diversidade de soluções. Ele citou programas como Inovar-Auto, Rota 2030 e Mover, que juntos já resultaram em 35% de redução de CO₂ em uma década. Para ele, a transição só será efetiva se cada tecnologia “caber no bolso do cliente”.

Na sequência, Priscila Rocha, gerente de Sustentabilidade da Volkswagen Caminhões e Ônibus, reforçou que o transporte pesado demanda múltiplas alternativas — biodiesel, biogás, híbridos e elétricos — para atender diferentes perfis de operação. Roberto Braun, diretor de Comunicação e presidente da Fundação Toyota, completou que nenhuma solução isolada dará conta do desafio climático, destacando a combinação entre biocombustíveis e o híbrido flex.

Um dos pontos mais inéditos do Fórum veio com a apresentação de João Paulo Sertã, diretor de Green Finance do ILB Labs. Ele trouxe um estudo que quantifica emissões ocultas relacionadas aos sinistros — dos deslocamentos e reparos à substituição de peças. Segundo Sertã, essas emissões formam uma “camada invisível” ainda pouco estudada. O levantamento, desenvolvido com seguradoras e peritos franceses, aponta oportunidades de redução e práticas sustentáveis na gestão de indenizações.

O painel “Do sinistro à sustentabilidade: salvados e economia circular”, moderado por André Vasco (CNseg), reuniu Daniel Morroni (Renova Cap), Gilberto Martins (ANFAVEA), João Irineu (Stellantis) e Marlon Otoni (Allianz). Eles discutiram caminhos para avanço regulatório, rastreabilidade, reutilização de peças e reciclagem, além da padronização de processos. Morroni sintetizou o debate ao afirmar que salvados devem ser tratados como recursos e não como resíduos, integrando de maneira decisiva a agenda de descarbonização.

Outro painel, moderado por Renata Agostini (ANFAVEA), abordou “Sinergias entre os setores de seguros e automotivo”. Participaram Andrea Serra (ANFAVEA), Gustavo Bonini (Scania), Ivani Benazzi (Bradesco Seguros) e Keila Farias Rocha (Tokio Marine). As discussões avançaram sobre inovação em produtos, economia circular e novos modelos de prevenção de riscos. Ivani Benazzi reforçou que o setor de seguros tem capacidade de induzir comportamentos sustentáveis ao longo das cadeias produtivas.

O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, encerrou o encontro destacando que o setor de seguros é peça central na coordenação entre indústria, governo e sociedade durante a transição climática. Segundo ele, o setor tem potencial para acelerar investimentos, estimular inovação e garantir a gestão dos riscos inerentes à descarbonização. Oliveira reforçou que a Casa do Seguro foi criada justamente para demonstrar que o seguro integra a solução — não há transformação produtiva sem gestão de riscos.

Igor Calvet, presidente da ANFAVEA, celebrou a parceria com a CNseg e afirmou que a COP30 marca um momento histórico em que o país e a indústria podem avançar de forma conjunta.

O Fórum terminou com consenso: a descarbonização do setor automotivo já está em andamento no Brasil, e sua aceleração depende da atuação coordenada entre montadoras, seguradoras, especialistas e formuladores de políticas públicas. Para atingir as metas climáticas nacionais, os participantes defenderam que ambos os setores precisam caminhar lado a lado, compartilhando dados, riscos, investimentos e inovação.

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