EXCLUSIVO – A subscrição de riscos no seguro de vida está deixando de ser apenas um processo técnico para se tornar parte central da estratégia das seguradoras. Esse foi o tom do debate no Café CVG-SP “O Futuro da Subscrição de Vida”, realizado nesta terça-feira (8), no auditório da Associação Comercial de São Paulo. O evento reuniu executivos de seguradoras e resseguradoras que discutiram o impacto da digitalização e da inteligência artificial sobre uma das atividades mais tradicionais do setor.
Com mediação de Marcos Salum, diretor de Relações com o Mercado do CVG-SP, o painel contou com Alessandra Monteiro, diretora de Subscrição de Vida e Saúde da Austral Re; Antonio Pereira, gerente de Produto Vida Individual, Empresarial e Viagem, Subscrição e Gestão de Riscos Vida e Previdência da Porto; Francesca Panzeri, Senior Underwriting Proposition Manager da Swiss Re; Mario Jorge Pereira, diretor Comercial LATAM da SampleMed; e Rogério Araújo CEO e sócio da TGL Consultoria Financeira.
Abrindo os debates, Salum destacou que a subscrição vem ganhando protagonismo dentro das seguradoras. “Ela deixou de ser apenas um processo operacional e se tornou parte da jornada do cliente. É ali que se definem as bases da experiência de contratação”, afirmou. A discussão mostrou que o avanço tecnológico vem redesenhando esse papel. Mario Jorge Pereira, da SampleMed, falou sobre o conceito de subscrição contínua, um modelo em que o acompanhamento do risco não termina com a assinatura da apólice. “A ideia é usar dados para manter o relacionamento ativo durante toda a vigência do contrato. O subscritor passa a avaliar o risco em tempo real, e não apenas no momento da contratação”, explicou. Segundo ele, essa mudança depende da qualidade das informações disponíveis. “Sem bases estruturadas e confiáveis, não há transformação possível.”
A executiva da Swiss Re, Francesca Panzeri, trouxe uma perspectiva internacional. Para ela, o comportamento do consumidor mudou depois da pandemia e exigiu das seguradoras uma resposta mais ágil. “O cliente hoje quer proteção financeira, mas também quer conveniência. Ele pesquisa, compara e espera processos rápidos. A tecnologia permite isso, mas o julgamento humano continua indispensável”, destacou.
Na visão da diretora da Austral Re, Alessandra Monteiro, a evolução da subscrição exige equilíbrio entre agilidade e profundidade técnica. “O ressegurador tem um papel importante nesse processo, ajudando a ajustar critérios e calibrar modelos. A meta é simplificar sem perder qualidade”, afirmou. Alessandra também observou um aumento expressivo na busca por capitais segurados mais altos, impulsionado pela maior consciência sobre planejamento sucessório. “Capitais de R$ 30 milhões ou R$ 40 milhões já não são exceção. Isso demanda processos robustos, mas também adaptáveis”, disse.
A Porto levou ao debate uma visão prática de quem está na linha de frente da operação. Antonio Pereira defendeu a simplificação da jornada do cliente como ponto de partida para ampliar o acesso ao seguro. “Ainda há muita burocracia. A digitalização nos ajuda a transformar formulários extensos em um diálogo mais natural, que reduz desistências e melhora a precificação”, afirmou.
Dando voz ao corretor, Rogério Araújo, debateu sobre o impacto das mudanças tecnológicas sobre a atuação dos corretores. Para ele, a transformação da subscrição só se completa com a integração entre seguradoras, vendedores e clientes. “O corretor precisa ser parte dessa evolução. Ele é quem traduz o seguro para o consumidor e ajuda a dar sentido a esse processo digital”, afirmou. Araújo destacou que, embora a automação acelere etapas, o contato humano continua essencial para gerar confiança. “A tecnologia é uma aliada poderosa, mas o corretor segue sendo o elo que conecta a proteção às pessoas. A diferença está em como ele usa as novas ferramentas para entender melhor o cliente e oferecer soluções sob medida”, completou.





Nicholas Godoy, de São Paulo