O seguro é não só uma das atividades econômicas mais antigas da história, mas também uma das mais atuais em importância em termos de proteção da sociedade. Trata-se de uma poderosa ferramenta de estabilidade social e econômica, ao administrar riscos que desafiam indivíduos e sociedades, como os eventos climáticos extremos, crimes cibernéticos e os desafios de financiar a longevidade, por exemplo.
Em um cenário de eventos extremos cada vez mais frequentes — como secas, enchentes e tempestades —, o seguro permite que famílias, empresas e governos se recuperem com mais rapidez e resiliência dos desastres naturais. Já frente ao aumento da expectativa de vida e à necessidade de garantir renda e cuidados em uma velhice cada vez mais longa, os seguros de vida e previdência se tornam aliados fundamentais na preservação da dignidade e do bem-estar ao longo do tempo. Em todos os casos, inclusive nos riscos cibernéticos, não há dúvidas de que o seguro abrevia as vulnerabilidades, convertendo-as em retomada, estabilidade, bem-estar social e confiança no futuro.
As seguradoras também contribuem ativamente para o desenvolvimento econômico e social do país. Nesse sentido, vale lembrar que, como investidor institucional, o mercado segurador financia 26% da dívida pública nacional, com ativos financeiros da ordem de R$ 2,3 trilhões. A arrecadação setorial alcança 6,2% do PIB, o que coloca o Brasil como mercado líder na América Latina e 12º em escala global. O mercado, enfim, retroalimenta o crescimento econômico, por meio de seus ativos financeiros.
O setor persegue um sonho coletivo: tornar o seguro acessível a cada CPF e CEP brasileiros. Nessa jornada, depende de inúmeras premissas: inovação, estabilidade regulatória, investimento em tecnologia e ampliação dos canais de distribuição e crescente avanço da cultura de seguros, por meio da educação securitária.
Apesar de enfrentar desafios como desigualdade de renda, desconhecimento da população sobre os benefícios do seguro e baixo consumo per capita, o setor, mesmo assim, exibe resultados expressivos ano a ano. O mercado potencial dos seguros é extraordinário. A comparação com economias maduras revela oportunidades latentes. No Brasil, apenas 30% da frota de veículos está segurada; no caso das residências, a taxa é de 14%; e o seguro rural cobre pouco mais de 6 milhões de hectares — número modesto frente ao território produtivo nacional. A previdência privada, os seguros de vida, os planos de saúde e a capitalização também têm amplo espaço para crescer.
Esses indicadores revelam não uma limitação, mas um campo fértil para a expansão. Essa é, inclusive, a meta estabelecida pelo Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), que ambiciona ampliar a participação do setor no PIB dos mais de 6% para 10% até 2030. Para isso, será necessário aumentar em 20% a base de consumidores atendidos e, com isso, ampliar a devolução à sociedade por meio de pagamentos de indenizações, benefícios, sorteios, resgates e reembolsos de assistência médica.
Para dar suporte a esse crescimento e consolidar a confiança dos segurados, o setor avança também em sua modernização legal. O Marco Legal dos Seguros, em via de estrear em dezembro, mira um ambiente regulatório mais estável e favorável ao desenvolvimento de novos produtos e parcerias. Essa transição regulatória, contudo, exige ajustes operacionais e jurídicos significativos, com a necessidade de revisão de contratos e treinamentos, mas embute benefícios de longo prazo — como redução de litígios e ampliação da proteção securitária na sociedade.
Enfim, mais do que um segmento econômico, o seguro é uma rede de proteção social e uma engrenagem vital ao eficiente funcionamento da economia. Essa é a missão permanente do mercado segurador brasileiro: proteger o que importa, garantir estabilidade em tempos incertos e construir, com resiliência e inovação, um futuro mais seguro para todos.
Dyogo Oliveira, presidente da CNseg.
*Artigo originalmente publicada na Revista Apólice #311.