Observa-se um padrão cultural no comportamento do brasileiro quando o assunto é proteção financeira: a contratação de seguros costuma ocorrer apenas diante de uma obrigação legal ou de um risco percebido como imediato. É o caso do seguro contra incêndio, exigido por lei nos contratos de locação, ou do seguro de automóvel, cuja adesão é motivada pelos altos índices de criminalidade e acidentes no trânsito.
Essa mentalidade, entretanto, raramente se estende a outros tipos de proteção, como o seguro viagem — mesmo diante de riscos elevados e custos potencialmente milionários em caso de sinistros no exterior. “A diferença está no comportamento cultural: o brasileiro só se lembra do seguro quando a falta dele representa uma ameaça concreta ou um entrave para realizar determinada ação”, explica Luiz Gustavo da Costa, CEO da Coris.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), menos de 35% dos brasileiros que viajam para países onde o seguro não é obrigatório, contratam a cobertura. Na Europa, por exemplo, onde o Tratado de Schengen exige seguro com cobertura mínima de € 30 mil para turistas, a contratação é regra. Já para destinos como Estados Unidos ou alguns países da América Latina — onde não há exigência — muitos viajantes arriscam seguir sem proteção.
O problema é que, nesses casos, qualquer atendimento médico pode custar o equivalente ao valor de toda a viagem. Uma diária de internação simples por acidente nos EUA, por exemplo, pode ultrapassar R$50 mil. “É uma questão de transformar o seguro viagem em parte do planejamento básico, assim como já fazemos com o seguro do carro ou o seguro exigido no aluguel”, reforça Luiz.
Mais do que uma exigência burocrática, o seguro é uma ferramenta de proteção financeira e tranquilidade. Ampliar a cultura da prevenção para além das obrigações legais pode evitar prejuízos que comprometem o orçamento de uma vida inteira.