Ultima atualização 21 de julho

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Seguro para drones cresce com mercado brasileiro em alta

EXCLUSIVO – Com mais de 300 mil drones em operação no Brasil, o que antes era considerado um equipamento de nicho virou ferramenta indispensável em diversos setores, como na agricultura, construção civil, mineração, segurança, entretenimento, logística. A lista só aumenta e, junto com ela, cresce também a necessidade de proteção — tanto para o equipamento quanto para quem está por perto. Nesse cenário, os seguros especializados para drones deixaram de ser uma recomendação e passaram a figurar entre os itens obrigatórios para quem quer operar de forma séria, profissional e dentro das normas.

Segundo o relatório da ANAC o setor movimentou R$ 870 milhões em 2023, com previsão de atingir R$ 1,2 bilhão já em 2025. O uso de drones comerciais está tão difundido que o DECEA, que autoriza voos no espaço aéreo controlado, já soma mais de 400 mil solicitações registradas só neste ano. O país também lidera importações na América Latina e avança no desenvolvimento de fabricantes nacionais, como Xmobots e Horus. Mas apesar do crescimento acelerado, o tema seguro ainda é tratado com certa informalidade por boa parte dos operadores, o que abre um alerta importante.

Em conversa com João Schabarum, especialista em Gerenciamento de Riscos da REP Seguros, ele conta que acompanha de perto esse movimento. Segundo ele, os drones são ativos de muito valor, frequentemente utilizados em ambientes com alto grau de complexidade, o que torna o seguro não apenas desejável, mas necessário. “Um drone pode representar um investimento significativo, especialmente se for acoplado a sensores, câmeras ou outros acessórios. Qualquer colisão, queda ou falha de operação pode gerar prejuízos grandes, inclusive para terceiros. Ter um seguro adequado protege o patrimônio e ainda garante que a operação não pare no primeiro incidente”, afirma.

Segundo análises feitas pelas REP, a cobertura mais buscada atualmente é o seguro casco — que garante proteção direta ao equipamento, incluindo danos acidentais durante o voo, impactos com objetos, queda, incêndio, umidade, submersão acidental e até reposição completa em caso de perda total. Esse tipo de seguro pode ser estendido para os equipamentos acoplados à RPA, desde que discriminados na apólice. Além disso, há ainda o seguro de responsabilidade civil obrigatório para operações comerciais, o famoso RETA (Responsabilidade do Explorador ou Transportador Aéreo), exigido pela ANAC, que cobre danos a terceiros no solo. Em operações com risco maior — como em áreas urbanas ou grandes eventos — muitas empresas optam também por contratar a cobertura LUC, que amplia os limites de indenização conforme a exposição.

“O seguro casco é uma apólice do tipo ‘all risks’, então a proteção é bem abrangente. É claro que há exclusões e elas precisam ser bem compreendidas na hora da contratação, mas, no geral, é um tipo de cobertura que garante agilidade na retomada da operação”, explica Schabarum. “Em muitos casos, conseguimos incluir os acessórios embarcados no drone, como câmeras térmicas ou sensores multiespectrais. Isso faz diferença quando falamos de operações agrícolas, por exemplo”.

Com o crescimento do mercado, as seguradoras vêm adaptando seus produtos. Muitas delas ainda operam com base nas regras do seguro aeronáutico tradicional, mas já há movimentos de adaptação e criação de cláusulas específicas para drones dentro das condições gerais para riscos aeronáuticos. “A regulação está evoluindo e o mercado segurador está acompanhando. Não dá mais para tratar drone como se fosse um item recreativo. Em muitos setores, ele é peça-chave para a produtividade”, diz Schabarum.

O tema está tão quente que a ANAC abriu, em junho deste ano, a Consulta Pública nº 09, com a proposta de reformular todo o RBAC 94 — regulamento atual que trata das operações com drones. A proposta é que os voos passem a ser classificados não mais pelo peso do equipamento, mas pelo risco envolvido. A nova estrutura criaria três categorias: aberta (baixo risco, com regras mais simples); específica (risco moderado, que exigirá uma avaliação prévia de segurança); e certificada (alto risco, com exigência de seguro, treinamento, certificação do equipamento e cadastro específico do operador). O que já se desenha é um cenário em que o seguro será ainda mais indispensável — inclusive como condição para operar.

Schabarum observa que esse novo olhar sobre o risco tende a profissionalizar ainda mais o setor. “Estamos falando de um equipamento que voa, que pode causar acidentes, danos materiais e até ferimentos graves. É natural que o mesmo rigor que se aplica à aviação tripulada comece a ser adaptado para o universo dos drones”, explica.

Apesar dos avanços, ainda há desafios. Muitos operadores não têm clareza sobre o que é exigido pela ANAC, ANATEL e DECEA, e acabam operando sem seguro, fora dos limites regulamentares ou mesmo voando em áreas de risco sem a devida autorização. Isso pode gerar multas, apreensão do equipamento e, em casos mais graves, responsabilização civil e criminal em caso de acidentes. O que antes parecia uma burocracia pode virar um problemão.

Por outro lado, o movimento de profissionalização é visível. Segundo estimativas da REP Seguros, o número de drones no Brasil cresce em média 38% ao ano desde 2021. Clientes da corretora já usam as RPAs em agricultura de precisão, mapeamentos, inspeções técnicas e logística. Há demanda crescente por soluções personalizadas, que considerem o perfil do operador, o tipo de carga, o ambiente de voo e o nível de exposição ao risco. “O seguro para drones não é só uma exigência legal — ele virou um diferencial competitivo. Em algumas licitações, por exemplo, só é permitido operar se houver comprovação de cobertura. O mercado está mudando e quem estiver preparado vai sair na frente”, afirma.

Mais do que cumprir uma exigência, contratar um seguro para drones hoje é uma decisão estratégica. Ele garante que, em caso de sinistro, o operador consiga manter sua atividade, cumprir contratos, evitar litígios e proteger sua reputação — especialmente em um mercado cada vez mais competitivo e regulado. À medida que o drone deixa de ser um “extra” e passa a integrar a operação de ponta a ponta, proteger esse ativo se torna uma decisão natural. Afinal, como resume Schabarum – “não é só sobre o drone, é sobre tudo o que ele representa dentro de uma operação”.

Nicholas Godoy, de São Paulo

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