O índice recorde de chuva no Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste do país, registrado em janeiro deste ano, obrigou as seguradoras a aumentarem o valor das apólices de seguro dos automóveis nas regiões. De acordo com José Carlos de Oliveira, membro da Comissão de Automóvel da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o número de sinistros causados por fenômenos naturais na cidade de São Paulo em 2010 foi o dobro do registrado no começo do ano passado. “Registramos o aumento de 103% no número de casos de carros sinistrados por causa das enchentes”, afirma Oliveira, que também é diretor de seguro de automóveis da Marítima Seguros.
A elevação no número de veículos afetados pelas fortes chuvas está diretamente ligada à alta no preço das apólices. Segundo cotações fornecidas pelas seguradoras ao G1, um homem solteiro, de 25 anos, residente em São Paulo, pagou R$ 2.172,63 pelo seguro em 2009 de um hatch médio, de valor entre R$ 30 mil e R$ 35 mil. Em 2010, o preço cobrado para o seguro foi de R$ 2.533,72, uma alta de 16,6%.
Já a apólice de uma mulher, com 30 anos, também solteira e moradora da capital paulista, subiu 80 %. A proprietária do carro no valor entre R$ 40 mil e R$ 50 mil pagou R$ 2.245,84 pelo seguro do modelo em 2009 e este ano o preço saltou para R$ 4.041,39. “Todos os segurados estão reclamando do aumento em relação a 2009 e não tem muito para onde fugir, pois a elevação no valor atingiu todas as companhias de seguro”, afirma a corretora Maria Ivone Ribeiro.
Apesar da diferença nos valores das apólices observados nos exemplos, o vice-presidente da Mapfre Seguros, Jabis de Mendonça Alexandre, o aumento em 2010 deve ser entre 10% e 20% do valor pago no ano passado. “As seguradoras precisam criar fundos para cobrir prejuízos e a única forma de garantir isso é mexer nos preços das apólices”, afirma Alexandre. “As cidades mais vulneráveis a tempestades e alagamentos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Santa Catarina são as que apresentam as maiores altas.”
O membro da Comissão de Automóvel da FenSeg ressalta que a elevação no preço está relacionada ainda a outros fatores como aumento do custo da mão de obra, das peças e do índice de roubo. “Tudo ficou um pouco pior este ano”. Apesar das grandes enchentes terem ocorrido no início do ano, os proprietários que ainda irão renovar o seguro também sentirão a alta. “As seguradoras precificam os 12 meses seguintes com base no índice de sinistros dos 12 meses anteriores, então mesmo quem ainda vai fechar o seguro deve pagar mais”, diz Oliveira.
O vice-presidente da Mapfre Seguros alerta para a possível tendência de aumento entre um ano e outro. “Se fenômenos como granizo, chuva e ventos fortes continuarem ocorrendo com mais frequência e intensidade, é muito provável que o valor das apólices sofra reajuste um pouco acima do esperado a cada renovação.”
Milene Rios
G1