Ultima atualização 19 de junho

Reajuste dos planos individuais e familiares garante equilíbrio financeiro do setor

Representantes de entidades do mercado afirmam que o índice de reajuste liberado pela ANS apoia a sustentabilidade dos negócios de operadoras e seguradoras
saúde
Estudo do IESS aponta 51,4 milhões de beneficiários de planos de saúde no país, recorde histórico para o setor

EXCLUSIVO – Na última segunda-feira, 12 de junho, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) limitou em 9,63% o índice de reajuste para os planos de saúde individuais e familiares regulamentados (contratados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à Lei nº 9.656/98). O percentual é válido entre maio de 2023 e abril de 2024 para os contratos de quase 8 milhões de beneficiários, o que representa aproximadamente 16% dos 50,6 milhões de consumidores de planos de assistência médica no Brasil.

De acordo com a medida, o reajuste poderá ser aplicado pelas operadoras e seguradoras no mês de “aniversário” do contrato, ou seja, no mês em que o plano foi contratado. Se o “aniversário” for em maio, junho e julho, a reguladora autorizou a cobrança retroativa desses meses. Em um comunicado, a Agência afirmou que, para chegar ao percentual de reajuste de 2023, utilizou a mesma metodologia que vem sendo aplicada desde 2019, que combina a variação das despesas assistenciais com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Para a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), a inflação da saúde, representada pela evolução do custo de assistência; a insegurança e a instabilidade regulatória; o aumento da judicialização; e o aumento expressivo da ocorrência de fraudes contra os planos de saúde foram os principais fatores que influenciam no cálculo do reajuste.

Vera Valente

“Vivemos uma crise sistêmica, que está atemorizando toda a cadeia de prestação de serviços de saúde privada. Além dos fatores estruturais, temos ainda fatores conjunturais importantes que afetam a sustentabilidade do setor, como mudanças institucionais, regulatórias e legislativas profundas nas regras que regem o setor de saúde suplementar nos últimos dois anos”, analisa diretora-executiva da FenaSaúde, Vera Valente. A Federação ressalta que o reajuste anual é fundamental para recompor os custos e, consequentemente, manter o equilíbrio financeiro do setor, que fechou o ano de 2022 com R$ 10,7 bilhões de prejuízo operacional.

Em 2020, o reajuste de planos individuais e familiares foi negativo, de – 8,19%, e, em 2021, teve teto de 15,5%. Com o reajuste de 9,63%, a média considerando os últimos três anos foi de 5,64%. No mesmo período, a média de aumento do IPCA foi de 6,79%. De acordo com a FenaSaúde, essa oferta poderia ser aumentada com a revisão da atual fórmula de reajuste.

“Atualmente, a forma de reajuste dos planos individuais não considera parâmetros importantes como a sinistralidade das carteiras, a diferença entre modalidades de negócios, a regionalização de produtos, o fim da limitação de terapias e a velocidade da incorporação de procedimentos e medicamentos na lista de coberturas obrigatórias. Portanto, o índice acaba ficando descolado do avanço real de custos verificado no setor”, diz Vera.

A Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) acredita que o reajuste determinado pela ANS foi estipulado com base em uma fórmula transparente e replicável, prevista em norma, e que utiliza dados públicos e auditados no cálculo. A entidade ressalta, ainda, que o teto de reajuste também é inferior à variação das despesas identificada pela própria ANS, de 12,69% (VDA – Variação da Despesa Assistencial).

Marcos Novais

Entretanto, Marcos Novais, superintendente executivo da Associação, reforça que no Brasil, por ser um país continental, o índice de reajuste desses produtos deveria ser mais elevado. Segundo um levantamento da Abramge, entre 2021 e 2022 o número de operadoras com contratos individuais, cujas receitas foram insuficientes para arcar com os custos de assistência à saúde, cresceu de 27 para 107. No mesmo período, o número de operadoras com planos individuais que não conseguiram fechar as despesas assistenciais e administrativas saiu de 160 para 331, um crescimento de 107%.

“Devemos pensar em um aprimoramento do modelo, garantindo a manutenção dos avanços conquistados pelo setor e trazendo sustentabilidade para o negócio das diversas empresas que cuidam da saúde de tantos brasileiros”, afirma Novais.

Nicole Fraga
Revista Apólice

* com informações das assessorias de imprensa

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