Com a regulação, bets no Brasil adotam seguros, fortalecem compliance e promovem jogo responsável para equilibrar riscos e credibilidade no setor.
O mercado de apostas esportivas no Brasil, popularmente conhecido como bets, vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos anos. Com a regulamentação avançando e a entrada de dezenas de operadoras no país, o setor movimenta bilhões e atrai cada vez mais a atenção de investidores, autoridades e consumidores.
Nesse contexto de rápida expansão, as empresas de apostas buscam novos instrumentos de proteção, como os seguros de responsabilidade civil para executivos, também conhecido como seguro D&O, e contra riscos cibernéticos.
A busca por essas coberturas não é por acaso. O ambiente regulatório e as exigências de compliance se tornaram mais rigorosos, e qualquer falha de gestão pode gerar responsabilidade pessoal para diretores e administradores.
O seguro D&O surge como ferramenta crucial para mitigar esses riscos, assegurando que os gestores não tenham seu patrimônio comprometido em casos de processos judiciais ou investigações ligadas à má gestão, descumprimento regulatório ou falhas em governança.
Além disso, o risco cibernético é um ponto sensível para as bets. Plataformas de apostas concentram grandes volumes de dados pessoais e financeiros, tornando-se alvos atrativos para hackers.
Ataques recentes contra operadoras internacionais reforçaram a urgência de blindar sistemas e reforçar mecanismos de segurança. No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) já impõe responsabilidades severas em caso de falhas, o que aumenta a pressão por seguros específicos para incidentes digitais.
Para operar no Brasil, as bets devem atender a um conjunto robusto de regras estabelecidas pela Lei 14.790/2023, complementada por diversas portarias do Ministério da Fazenda. As exigências incluem práticas de prevenção à lavagem de dinheiro, monitoramento de transações suspeitas, relatórios de operações ao COAF e proteção rigorosa de dados pessoais.
Um programa de compliance estruturado passa por etapas como validação da identidade dos apostadores (KYC), due diligence de parceiros comerciais, auditorias internas e externas, treinamento contínuo de equipes e ferramentas de monitoramento em tempo real. Essas medidas são indispensáveis não apenas para cumprir a lei, mas também para proteger a integridade do esporte e garantir transparência junto aos consumidores.
Falhas nesse campo podem levar a sanções administrativas, pesadas multas e danos reputacionais. Além disso, executivos podem ser responsabilizados diretamente em casos de descumprimento, o que explica a crescente procura por apólices D&O no setor.
Ao lado da proteção contra riscos financeiros e legais, o tema do jogo responsável desponta como prioridade para empresas e autoridades. O governo exige que operadoras implementem mecanismos de controle como limites de depósito e ferramentas de autoexclusão. Mas além da obrigação legal, muitas empresas têm desenvolvido campanhas próprias de conscientização.
Um exemplo é a iniciativa “Jogador Responsável é Faixa”, lançada em setembro por uma bet autorizada a operar no país e estrelada pelos ex-jogadores Denílson e Tinga, embaixadores da marca. A campanha usa o simbolismo da braçadeira de capitão para transmitir a mensagem de que responsabilidade é liderança dentro e fora de campo.
O objetivo é reforçar valores como disciplina, equilíbrio e consciência, estimulando que os apostadores mantenham as apostas como entretenimento, e não como um estilo de vida.
Segundo a KTO, responsável pela campanha, o compromisso vai além de uma ação pontual de marketing, integrando a cultura da empresa e o cumprimento das obrigações regulatórias. A área de Jogo Responsável foi criada antes mesmo da entrada em vigor da legislação de 2023, demonstrando alinhamento entre estratégia de negócio e responsabilidade social.
Com a regulamentação em curso e a consolidação do mercado, a expectativa é que cada vez mais bets invistam em seguros para se diferenciar. A contratação de seguro D&O e de coberturas cibernéticas se tornará não apenas uma medida defensiva, mas também um fator competitivo, sinalizando solidez e boas práticas de governança.
A combinação entre compliance efetivo, adoção de seguros especializados e iniciativas de jogo responsável tende a fortalecer a imagem do setor perante investidores, consumidores e autoridades.
No jogo dos negócios, as empresas que souberem equilibrar risco, responsabilidade e inovação terão mais chances de conquistar a confiança necessária para prosperar em longo prazo.