EXCLUSIVO – Desde que foi criado há 10 anos, o Insuretech Connect Vegas (ITC) vê crescer os seus ‘spin-offs’. Se antes o evento tinha duração de três dias, sendo o primeiro dedicado à ação pontual de poucas empresas, hoje este kickoff tem programação intensa, como o ITC Latam, com uma série de palestras de empresas que atuam na América Latina e pretendem ampliar seu mercado.
Nicole Peck, CEO do ITC Vegas, afirmou que “tudo o que acontece na indústria de seguros começa aqui”. Começando hoje, no Mandalay Bay, em Las Vegas, o ITC é um evento global, com participantes de 43 países e mais de 700 patrocinadores. “O ITC Vegas é o ponto de encontro onde tendências surgem, negócios se iniciam e a transformação do setor ganha força”, comenta Nicole.
Em seu 3º ano, o ITC Latam, se firma como uma das trilhas mais estratégicas, aproximando o ecossistema latino-americano das principais inovações do mercado mundial. A frente do evento estão Hernan Fernandez e Leonardo Redolfi, jornalistas argentinos. A delegação brasileira agora é guiada por José Prado e sua equipe, da Insurtech Brasil.
Agentes, corretores e insurtechs compartilham conhecimento, discutem prevenção, experiência do cliente e o papel da inteligência artificial na redução de custos e na criação de novos produtos.
O ecossistema de insurtechs na América Latina entrou em uma nova fase, segundo Hugues Bertin, CEO da Digital Insurance Latam, que aponta um cenário de maior resiliência, maturidade e integração entre startups, seguradoras e intermediários. Segundo o executivo, o termo insurtech já não define apenas as startups digitais do setor, mas um universo híbrido que envolve desde corretores até grandes companhias que se reinventam com base em tecnologia.
“Hoje, falar apenas de insurtechs tem cada vez menos relevância. As fronteiras entre seguradoras, intermediários, habilitadores tecnológicos e investidores estão se tornando líquidas”, afirma Bertin. “Estamos diante de um verdadeiro ecossistema insurtech, no qual todos esses atores se cruzam e se fortalecem mutuamente”.
Um dos movimentos mais fortes observados pela Digital Insurance Latam é o da internacionalização das startups. Segundo Bertin, cerca de 20% das insurtechs latino-americanas já atuam em mais de um país — um crescimento expressivo em relação a anos anteriores.
“Quando uma insurtech chilena, por exemplo, passa a operar também no México ou no Brasil, ela se torna muito mais resiliente. As insurtechs multilacionais apresentam uma capacidade de sobrevivência até cem vezes maior que as que atuam apenas em um mercado”, destaca Bertin.
Outra grande tendência apontada é o avanço dos novos canais de distribuição, impulsionados por plataformas digitais, varejistas e fintechs. Bertin cita o caso de empresas como Mercado Livre, que começaram a vender seguros para milhões de clientes, e observa o surgimento de um novo conceito: o das tech-insurers. “Estamos passando de startups que apenas criam soluções para seguradoras, para seguradoras que se transformam em verdadeiras empresas de tecnologia”, explica.
Intermediação digital e colaboração
Os intermediários continuam sendo peças-chave do setor — e agora entram definitivamente na era digital. Cerca de 50% das 500 insurtechs analisadas pela Digital Insurance Latam estão ligadas ao mundo da intermediação ou desenvolvem soluções voltadas a esse segmento.
A tendência, segundo Bertin, é que grandes corretores tradicionais passem a desenvolver suas próprias plataformas digitais, aproximando-se do universo fintech. “O canal tradicional está se digitalizando rapidamente. Todos estão procurando como integrar tecnologia para acelerar sua transformação”, diz.
Seguradoras também estão cada vez mais ativas na colaboração com startups. Hugues cita exemplos de Zurich, Prudential e Mapfre, que criaram aceleradoras internas, fundos de investimento e programas de inovação aberta para desenvolver soluções em parceria com insurtechs. O caso da Zurich é emblemático: a companhia criou um ecossistema global de inovação que já selecionou startups latino-americanas para acelerar globalmente.
Resumo das principais tendências apontadas por Hugues Bertin:
- Internacionalização das startups e surgimento de insurtechs multilacionais;
- Expansão dos novos canais digitais de distribuição;
- Digitalização dos intermediários e integração com fintechs;
- Parcerias estratégicas entre seguradoras e startups;
- Crescimento de healthtechs e soluções de bem-estar;
- Uso responsável e estratégico da inteligência artificial;
- Consolidação do ecossistema colaborativo de inovação em seguros.
Kelly Lubiato, de Las Vegas