Ultima atualização 29 de setembro

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Conec 2025: legado do seguro em encontro de duas gerações

EXCLUSIVO – A sucessão em empresas familiares do setor de seguros foi tema de destaque no terceiro dia do Conec 2025, realizado neste sábado (26), em São Paulo. O painel “Transição segura para o futuro da corretagem de seguros” reuniu duas gerações de líderes do mercado: Jayme Garfinkel, ex-presidente e acionista controlador da Porto Seguro, e Nilton Molina, presidente do Instituto de Longevidade MAG e do Conselho Deliberativo da MAG Fundo de Pensão, junto de seus filhos, Bruno Garfinkel e Helder Molina, que hoje estão à frente dos negócios das respectivas famílias.

O encontro abordou como o legado influencia a trajetória das novas gerações e quais são os desafios para manter a relevância das empresas em um mercado que passa por transformação acelerada.

Jayme Garfinkel abriu o debate lembrando o período em que precisou assumir a Porto Seguro, após uma crise enfrentada pelo pai. “A companhia era o sonho dele. Quando precisei assumir, a responsabilidade foi enorme. O seguro não é só um negócio, é um serviço que precisa estar presente na vida das pessoas quando elas mais necessitam”, afirmou.

Esse sentimento de continuidade, segundo Jayme, foi determinante para manter a identidade da empresa. Para o filho, Bruno Garfinkel, que hoje lidera o Conselho da Porto, a convivência familiar foi uma verdadeira escola. “Aprendi muito por osmose. Sempre vi a cobrança e a dedicação do meu pai em torno da Porto. Isso moldou a forma como eu enxergo o negócio e a importância de mantê-lo sólido e confiável”, disse.

A fala reforça a ideia de que sucessão não é apenas transferência de poder, mas também de valores e de visão de mundo, algo essencial em um setor que lida diretamente com confiança e credibilidade.

Com uma trajetória de mais de seis décadas, Nilton Molina compartilhou sua experiência desde os primeiros passos como corretor até a criação de companhias que marcaram o mercado brasileiro de seguros de vida e previdência, como a Bradesco Vida e a Icatu. “Sempre entendi o seguro como um instrumento social. Pagar sinistros é devolver dignidade para as famílias. Esse sempre foi o norte”, destacou.

Para Molina, a essência do seguro está menos na lógica financeira e mais na sua função social. Esse olhar foi absorvido por Helder Molina, hoje CEO do Instituto de Longevidade MAG. “A cobrança existia, mas acima de tudo havia um ensinamento: o seguro não pode se desconectar das pessoas. É disso que depende sua relevância no futuro”, afirmou.

Ao longo do painel, os quatro participantes reforçaram que a sucessão não pode ser vista apenas como questão de herança ou continuidade familiar. Ela envolve preparação, estudo, visão de futuro e capacidade de adaptação.

“Não basta herdar um sobrenome. É preciso entender que o mercado hoje é outro, que o cliente é diferente e que a forma de se relacionar mudou”, observou Bruno Garfinkel. A fala ressalta a necessidade de que as novas gerações não apenas mantenham o legado, mas também tragam inovação. Helder Molina por sua vez, reforçou o mesmo ponto de vista. “Manter a história viva é fundamental, mas ela só terá sentido se for capaz de dialogar com o presente”.

Esse equilíbrio entre tradição e renovação é particularmente sensível em um setor impactado por fatores como a digitalização, o open insurance e a entrada de novos modelos de negócios. Para muitos corretores presentes no Conec, ouvir as reflexões de famílias que atravessaram diferentes ciclos econômicos demonstrou um exercício de autoavaliação sobre seus próprios caminhos de continuidade.

O painel ganhou relevância não apenas pelo conteúdo das falas, mas também pelo simbolismo do encontro. Colocar no mesmo palco dois dos nomes mais representativos da história recente do seguro no Brasil, junto com seus filhos, foi uma forma de mostrar que o futuro da corretagem passa tanto por reverenciar o passado quanto por preparar as próximas lideranças.

Para o presidente do Sincor-SP, Boris Ber, o painel reuniu exatamente o que o congresso pretendia destacar: um momento de homenagem, aprendizado e exemplos de sucessão. Ele ressaltou que o setor de seguros tem um grande potencial nas mãos e que, para avançar, é preciso união em torno de melhorias contínuas, como o desenvolvimento de produtos e o investimento em tecnologia.

Nicholas Godoy, de São Paulo

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