O consórcio, ferramenta tradicional do mercado brasileiro, vem ganhando contornos internacionais dentro da carteira da seguradora Mapfre. A administradora de consórcios da companhia registrou um salto de 35% na demanda por cartas de crédito destinadas à aquisição de imóveis fora do Brasil no acumulado dos últimos 12 meses.
O movimento reflete o apetite crescente do brasileiro por dolarizar parte do patrimônio e acessar o mercado imobiliário internacional de maneira planejada, sem recorrer ao crédito externo ou a aportes à vista. Segundo dados da ABAC (Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios), o volume de consórcios imobiliários cresceu mais de 41% no acumulado de 2025. A Mapfre, que vem acompanhando o crescimento da média do setor, aposta que o movimento de internacionalização pode abrir um novo ciclo de expansão.
“O brasileiro está cada vez mais atento à diversificação geográfica dos investimentos, mas nem sempre tem liquidez ou acesso facilitado a financiamentos internacionais. Estamos adaptando um produto tipicamente brasileiro, que é o consórcios, para uma demanda que já é global na busca por imóveis fora do país, explica a superintendente de seguros massificados e consórcios da companhia, Andrea Nogueira.
“O cliente que procura um consórcio internacional hoje não está apenas olhando para o imóvel como um bem de uso, mas como uma estratégia de diversificação patrimonial e de exposição ao dólar ou ao euro. O consórcio internacional resolve parte desse desafio, oferecendo previsibilidade, planejamento financeiro e segurança jurídica”, afirma a executiva.
Presente no portfólio da Mapfre desde 2019, o consórcio internacional permite que os participantes usem as cartas de crédito para adquirir imóveis em mercados como Estados Unidos, Portugal e Espanha, destinos já consolidados entre os brasileiros que buscam renda em moeda forte, segunda residência ou até uma porta de entrada para o processo de dupla cidadania.
O tíquete médio das cartas de crédito internacionais da Mapfre gira em torno de R$ 1 milhão, podendo chegar a R$ três milhões. Os grupos têm prazos de até 204 meses (17 anos) e o processo é estruturado com suporte jurídico e consultoria cambial, garantindo segurança tanto no Brasil quanto no país de destino.
A companhia também avalia ampliar o leque de destinos elegíveis à medida que o produto consolida sua tração. “Miami, Lisboa e Madri lideram hoje as demandas, mas já começamos a mapear outras praças de interesse, como alguns mercados da América Latina”, afirma a executiva.
O crescimento da modalidade internacional acompanha o desempenho robusto do braço de consórcios da Mapfre, que fechou o primeiro trimestre de 2025 com alta de 45% na originação de novas cartas em todas as categorias, puxado principalmente pelo segmento imobiliário.
Com o cenário de juros ainda elevados no Brasil e o câmbio volátil, a companhia acredita que o consórcio seguirá como alternativa eficiente para quem deseja dolarizar patrimônio de forma gradual, sem se expor imediatamente às flutuações cambiais ou à necessidade de grandes aportes iniciais.
“A demanda pelo consórcio internacional mostra como o brasileiro está cada vez mais sofisticado nas estratégias de investimento e proteção patrimonial e o nosso papel é oferecer produtos seguros e estruturados que viabilizem esse movimento”, afirma Andréa, da Mapfre.