Ultima atualização 09 de julho

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Brasil movimenta US$ 89 bi e mantém 12ª posição em seguros

O mercado segurador global está diante de um novo ciclo de desaceleração, pressionado por incertezas políticas e pelo impacto direto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos. Essa é a principal conclusão do relatório “World Insurance in 2025: a riskier, more fragmented world order”, divulgado nesta terça-feira (9) pelo Swiss Re Institute.

O estudo revisa para baixo a previsão de crescimento da economia global e, consequentemente, do setor de seguros. Segundo o relatório, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve crescer 2,3% em 2025, ante os 2,8% registrados em 2024. A estimativa para o crescimento dos prêmios globais de seguros também foi reduzida — de 5,2% em 2024 para apenas 2% este ano, com uma leve recuperação projetada para 2026, chegando a 2,3%.

Apesar do cenário global desafiador, o Brasil manteve sua 12ª posição entre os 20 maiores mercados de seguros do mundo, com US$ 89 bilhões em prêmios em 2024 — uma alta nominal de 3,8% sobre o ano anterior. O país representa cerca de 1,1% do mercado global, ficando logo atrás da Índia (10ª) e da Coreia do Sul (11ª), e à frente de Taiwan, Espanha e Austrália.

O desempenho brasileiro reflete certa resiliência diante do contexto de inflação persistente, juros elevados e instabilidade no comércio internacional. Ainda assim, o ritmo de crescimento segue moderado e sujeito a volatilidades regionais e externas.

As novas tarifas comerciais adotadas pelos Estados Unidos têm sido apontadas como um fator central de risco estagflacionário (inflação alta com baixo crescimento). A política protecionista americana afeta diretamente o consumo e o investimento, principalmente em economias integradas por cadeias globais de produção e comércio.

O PIB dos EUA deve desacelerar de 2,8% em 2024 para 1,5% em 2025, segundo o Swiss Re Institute. “Os consumidores norte-americanos serão os mais atingidos pelas tarifas, o que deve reduzir seus gastos. Isso pressiona diretamente o crescimento, que nos EUA depende principalmente do consumo das famílias”, afirma Jérôme Haegeli, economista-chefe do grupo Swiss Re.

Essa retração tem efeito em cascata sobre o mercado de seguros, especialmente nos ramos de automóveis e construção. O setor de seguro automóvel físico (motor physical damage) é o mais diretamente impactado, já que os custos de peças e veículos importados aumentam significativamente. A expectativa é de que os custos de reparo e substituição de veículos cresçam 3,8% em 2025.

Em termos globais, o setor de seguros sofrerá desaceleração tanto em seguros de vida quanto em seguros não vida. O segmento de vida, que havia crescido 6,1% em 2024, deve registrar apenas 1% de expansão neste ano, enquanto o não vida passa de 4,7% para 2,6%.

Apesar disso, o cenário de rentabilidade ainda é positivo para as seguradoras, impulsionado pelo aumento das receitas com investimentos, em um ambiente de juros elevados.

A Swiss Re também alerta para os riscos de uma maior fragmentação do sistema econômico global. A elevação de barreiras comerciais, o redesenho das cadeias de suprimentos e as restrições a fluxos de capitais transfronteiriços podem resultar em maiores custos operacionais, encarecimento de prêmios e redução da capacidade de cobertura de riscos extremos.

No entanto, algumas oportunidades podem surgir em meio à incerteza, principalmente nos ramos de seguros de crédito, garantia e marítimo, que tendem a se beneficiar da maior percepção de risco e das mudanças na dinâmica do comércio global.

Ranking 2024: os 20 maiores mercados de seguros do mundo

PosiçãoPaísPrêmios (US$ bilhões)Participação Global (%)Variação 2023–2024 (%)
1Estados Unidos3.49744,8%8,1%
2China79210,2%9,4%
3Reino Unido4856,2%6,8%
4Japão3394,4%–6,6%
5França2923,8%10,8%
6Alemanha2663,4%5,0%
7Canadá1812,3%4,7%
8Itália1802,3%14,6%
9Coreia do Sul1762,3%–0,8%
10Índia1411,8%4,0%
11Holanda991,3%7,0%
12Brasil891,1%3,8%
13Taiwan841,1%8,2%
14Espanha811,0%–1,4%
15Austrália751,0%0,3%
16Hong Kong741,0%11,3%
17Suíça630,8%3,2%
18Suécia530,7%18,9%
19México510,7%13,5%
20Bélgica500,6%5,0%

Fonte: Swiss Re Institute – Sigma 2/2025

Nicholas Godoy, de São Paulo

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