
EXCLUSIVO – A Conferência Hemisférica de Seguros – Fides 2023, começou ontem (24) no Rio de Janeiro, com a participação de mais de 2000 pessoas, de 41 países da América Latina, Europa e Ásia. A sessão de abertura aconteceu hoje, com a participação do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso, e do Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro e do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, além de Armando Vergilio, presidente da Fenacor e do superintendente da Susep, Alessandro Octaviani.
Dyogo Oliveira, presidente da CNseg e anfitrião do evento, foi o primeiro a discursar e afirmou que a Fides acontece em um momento especial para o Brasil, com a retomada do otimismo e da confiança nos mercados, além reconquista da credibilidade do Brasil e seu protagonismo e liderança global. “No plano econômico, estamos comprometidos com a retomada do crescimento e a preservação do meio ambiente”.
Diante da conjuntura geopolítica, novas oportunidades devem surgir para os países da América Latina, e o Brasil é um catalisador das oportunidades. “É neste ambiente de retomada que a Fides é realizada, com setor de seguros relevante e com capital fundamental na América Latina, garantindo renda e proteção. Isso permite que decisões importantes de investimento sejam tomadas, o que repercute na sociedade. O setor tem cumprido papel diante da sociedade, retornando em indenizações, atendimentos médicos etc o valor de R$ 450 bilhões em 2022. Seguros é uma ferramenta de desenvolvimento, que viabiliza a execução de projetos de infraestrutura. Também tem papel fundamental na preservação do meio ambiente”.
Muito já foi feito, mas ainda há vários desafios, com mensagens mais claras para a sociedade da sua função. Esta é a importância da mesa de abertura com autoridades tão importantes, para mostrar à sociedade sua marca. “A grande missão é fazer com que a sociedade perceba os seus papeis e para que o crescimento do setor contribua para a melhoria de qualidade de vida das pessoas e das empresas”, pontuou Oliveira.
O compromisso com a pauta da sustentabilidade ganha visibilidade para a conferência. “No momento em que país se prepara para sediar a Cop30 em 2025, temos que pensar ferramentas e metodologias para enfrentar eventos climáticos mais severos e frequentes. Nós temos como minimizar os prejuízos e viabilizar a transição energética. Temos que oferecer maior previsibilidade e confiança para a sociedade. Faço uma convocação para o setor para entregar mais resultados e ferramentas inovadoras para a transição para a sustentabilidade”, convocou Oliveira.
O presidente da Fides, Rodrigo Bedoya, arranhou um excelente início de discurso em português. Disse que o Brasil é tão grande e poderoso que se os países da América Latina falassem a mesma língua, as oportunidades de desenvolvimento mútuo seriam enormes. “Nos reunimos com espírito unido, além da América Latina e mais países da Europa e Estados Unidos. Temos a força internacional e a necessidade de reforçar os laços comerciais entre nós. Estamos em um momento singular, com. avanços tecnológicas e novos riscos que mudam a expectativa dos clientes e estão reformulando a forma de abordagem dos riscos e a maneira de oferecê-los”, classificou Bedoya.
Como desafios, ele enumerou: baixa penetração do mercado de seguros na sociedade; falta de educação financeira e cultural sobre seguros; seguros inclusivos; dificuldades da regulação e da supervisão; riscos naturais e desastres; ciber segurança; sustentabilidade e mudanças climáticas; acesso à tecnologia e digitalização.
“Neste contexto que nos reunimos para trocar ideias e aprender juntos, para construir sociedades mais justas e harmoniosas. É preciso contribuir com o crescimento das economias, com panorama de seguros mais sólidos e inclusivos. Fides é a confederação setorial mais relevante da região, que oferece oportunidades aos players globais de seguros.
Armando Vergilio, presidente da Fenacor, ressaltou que há 133 mil corretores de seguros e 60 mil empresas corretoras, que respondem por 90% de todos os seguros feitos no Brasil, gerando mais de 200 mil empregos diretos. “Nos próximos dias debateremos o setor de seguros aqui na Fides e em outros dois grandes eventos: o Conec, em São Paulo, com mais de 5 mil corretores de seguros participantes; e em 10 de outubro, o Conexão Futuro Seguro, um grande evento de treinamento digital. De 10 a 12 de outubro de 2024, acontecerá o Congresso Brasileiro dos Corretores no Rio de Janeiro.
“Tenho uma visão otimista do mercado de seguros no Brasil. Apesar de liderança na América Latina, está estagnado em 3,4% a 3,9% do PIB brasileiro, sem saúde. Com natural crescimento e amadurecimento da economia, há espaço para desenvolvimento. Junto à CNseg, apostamos na iniciativa do PDMS (Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros) para chegar a 10% do PIB até 2030”, destacou Vergilio.
“Os números indicam que o desemprego está na casa dos 8% e que o PIB deve crescer mais de 3%, a taxa de juros em queda, o dólar também caindo e Bolsa de Valores subindo”, enumerou Vergilio. Tudo isso, aliado a um vigoroso programa governamental de crescimento, com novo PAC e neoindustrialização, com setor de seguros indo a reboque desta situação. “Temos uma grande rede de distribuição integrada por profissionais e empresas bem estruturados, que cresce ano a ano, para apoiar este desenvolvimento”.
Alessandro Octavini, superintendente da Susep, resumiu em “diálogo” a para construir a política nacional de seguros. “Estamos realizando um amplo processo para fazer suporte às políticas do PAC e da neoindustrialização. Uma boa política se faz como um todo, com pessoas com maior densidade possível para manutenção da economia e na construção da democracia, com qualidade expressada na mesa que abre o evento”.
O Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paz, disse que o setor de seguros tem muito a ver com a força das instituições do Pais. “Os poderes aqui representados mostram que o Brasil se revela um porto seguro para aqueles que investem e gostaríamos de ser exemplo para o mundo”.
Luis Roberto Barroso, Ministro do Supremo Tribunal Federal, que assume a presidência do STF na próxima quinta-feira, contou que já foi advogado do setor de seguros e conhece as dores e as delícias da atividade. “Seguro para um mundo sustentável, a sustentabilidade é um dos temas definidores do nosso tempo, desde os incêndios no Canadá aos ciclones no Rio Grande do Sul”.
A segurança se coloca na vida institucional em três planos: jurídica, humana e institucional. Segurança jurídica: É preciso vencer o preconceito contra a livre iniciativa e o sucesso empresarial, previsibilidade das condutas e estabilidade da jurisprudência.
“Segurança humana, combate à pobreza e combate à criminalidade; e segurança institucional, estabilidade democrática que construímos a partir de 1988, mas se restabeleceu um quadro de respeito e harmonia dos poderes”, completou o Ministro.
Barroso destacou: “Temos imensa litigiosidade tributária e temos que ser capazes de equacionar as raízes do problema, com simplificação que deve diminuir a insegurança. As relações trabalhistas também precisam de atenção, com 5 milhões de ações, temos que verificar as razões para saber porque o custo da relação de trabalho e que só é determinado depois que ela termina”.
“Temos que preencher agenda consensual para o Brasil. A democracia tem lugar para todos e a alternância de poder é positiva. As agendas comuns são listadas pela constituição: combate a pobreza, desenvolvimento sustentável, investimento em educação, tecnologia e habitação popular, com Brasil na liderança global na geração de energia limpa e sustentável. A atividade de seguros tem papel importante para ajudar a propor as soluções cabíveis”, apostou Barroso.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, apontou que o setor de seguros não parou no tempo e que representa 6% do PIB. Um mercado que pelas suas potencialidades deve receber toda a atenção do Poder Legislativo brasileiro. Por conta dos efeitos positivos do crescimento e da diversificação do setor para o Brasil.
“A vida é incerta e todos anciamos por segurança. Não estamos livres dos riscos de morte, pandemia, acidentes, quebra de safras etc. Dois pontos de destaque são a importância do diálogo para a construção do setor, mas para isso é preciso haver confiança, da lei, da boa fé e da segurança jurídica; e a necessidade de arcabouço jurídico moderno e eficiente, com regulação que não apenas superviosine, masque consiga extrair do mercado a maior equidade possível”, informou Pacheco.
Projeto de Lei 29/17, que altera o código civil. Ele deve ser revisado por comissão de juristas que está no senado federal, na CCJ. Depois de receber e incorporar as sugetões, deverá ser revisado pelo relator, Jader Barbalho. A PEC 45, da reforma tributária que está na CCJ, tem todo apoio do Senado e foi eleogiado por nota da CNseg, como marco histórico para o Brasil, que simplifica ambiente tributário e melhora ambiente de negócios para o País.
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, falou sobre o potencial econômico do Rio de Janeiro, em termos de geração de energia e logística. O Rio de Janeiro é um estado em regime de recuperação fiscal. É uma das maiores injustiças a forma como o Rio de Janeiro é tratado, pela federação.
“Chegou a hora do Brasil tratar o RJ como ele merece. Não tivemos compensação por deixar de ser capital. A discussão da reforma tributária, assim como pacto federativo, é fundamental, porque quem empreende não recebe compensação, pois o país não cresce pelas mãos dos que produzem”, finalizou Castro.
Kelly Lubiato, do Rio de Janeiro
Revista Apólice