Ultima atualização 18 de julho

Alta na demanda por seguro de crédito gera oportunidades para o mercado

Segundo dados da CNseg, o produto arrecadou R$ 740 milhões no primeiro quadrimestre de 2023, registrando um crescimento de 24,3%

EXCLUSIVO – De acordo com dados divulgados pela CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), o seguro de crédito registrou aumento na demanda pelo produto: foram mais de R$ 740 milhões arrecadados no primeiro quadrimestre de 2023, alta de 24,3% no volume de vendas.

O seguro de crédito foi desenvolvido com o objetivo de reduzir o risco nas operações de crédito, garantindo ao credor o ressarcimento da operação definido na apólice caso haja inadimplência por parte do devedor. O produto pode ser utilizado tanto para operações nacionais, quanto para operações financeiras destinadas à exportação. Entretanto, a pessoa física ou jurídica que adquirir o seguro deve morar no Brasil.

Luciano Mendonça

“Vender com seguro de crédito é a combinação perfeita entre prazo de pagamento, redução da incerteza de pagamento futuro da venda que foi feita, competitividade do produto frente a concorrentes e financiamento da venda para o cliente. Portanto, a importância do seguro de crédito se dá principalmente pela viabilização de operações de vendas a prazo que, sem sua cobertura, seriam impossíveis. Em outras palavras, o seguro de crédito é o óleo que movimenta as engrenagens da economia, sem que tenha de haver endividamento do comprador e nem comprometimento de fluxo de caixa futuro do vendedor”, afirma Luciano Mendonça, diretor comercial da Allianz Trade.

Segundo Mendonça, um dos fatores que alavancaram a demanda pelo seguro de crédito foi o caso de recuperação judicial da Americanas. “Esse evento certamente contribuiu para maior procura do seguro de crédito por parte de corretores de seguros e potenciais clientes. Além disso, houve um maior índice de renovação das apólices que venceram neste período, aumento do faturamento médio das novas apólices contratadas e renovadas e o crescimento médio de taxas causado pela recuperação judicial das Americanas”.

Rosana Passos de Pádua

Além do crescimento na demanda, o seguro de crédito pagou cerca de R$ 1 bilhão em indenizações aos segurados no primeiro quadrimestre deste ano, alta de 411,9% quando comparado ao mesmo período em 2022. Rosana Passos de Pádua, presidente da Coface Brasil, afirma que com o aumento das taxas de juros e a redução da atividade econômica, empresas com alta alavancagem financeira não conseguiram obter margem operacional suficiente para arcar com o serviço da dívida. “Como resultado, muitas delas entraram em colapso ou foram obrigadas a renegociar suas dívidas com fornecedores e instituições financeiras. Essa dinâmica tem contribuído significativamente para o crescente aumento da inadimplência em diversos setores”.

De acordo com Rosana, a Coface Brasil notou um crescimento de 40% na procura pelo seguro de crédito no segundo trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período no ano passado. “Esse aumento reflete a crescente preocupação em relação à capacidade de pagamento das empresas em um momento de desaceleração da atividade econômica e de aperto nas condições de crédito. Além disso, temos observado uma elevação na sinistralidade e em outros indicadores de mercado que apontam para a mesma tendência. Por exemplo, de acordo com dados da Serasa, o número de pedidos de recuperação judicial no país cresceu 52% no primeiro semestre de 2023 em relação ao ano anterior, sendo o maior número registrado desde 2020”.

NA AIG Brasil, no primeiro semestre houve um aumento de mais de 45% na demanda pelo seguro de crédito, quando comparado ao mesmo período em 2022. “No entanto, o número de sinistros não sofreu impacto, mas sim a sua severidade, conforme dados da Susep. Podemos ver que a sinistralidade do mercado de seguro de crédito para pessoas jurídicas alcançou 270% no primeiro quadrimestre de 2023, contra 61% para todo o ano de 2022. A AIG manteve-se estável, com 45% de sinistralidade”, diz André Graupen, superintendente de Seguro de Crédito da companhia.

André Graupen

Para Graupen, ainda existe uma falta de conhecimento sobre a importância dessa apólice pelos tomadores de decisão das empresas. Além disso, não há uma cultura do seguro de crédito no mercado brasileiro, refletida na baixa penetração do produto frente ao PIB em comparação com outros países da Europa e Estados Unidos, uma vez que as empresas estão acostumadas a um ambiente de instabilidade histórico.

“Por ser um mercado que vem crescendo no país, é importante que cada vez mais corretores se especializem neste produto, mostrando aos seus clientes que o seguro de crédito é uma ferramenta de mitigação de riscos de inadimplência das empresas junto ao seu portfólio, contribuindo para maior previsibilidade da performance do contas a receber e evitando grandes flutuações em momentos de crise, ou seja, preservando a capacidade das organizações em honrar seus compromissos, tanto internos quanto externos”, reforça Graupen.

Nicole Fraga
Revista Apólice

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