Ultima atualização 26 de maio

Aceleração digital: Uma perspectiva ambidestra orientada a seguros

A aceleração digital é um fenômeno que indica o avanço massivo de toda a cadeia de consumo a um novo patamar

A aceleração digital não é uma tendência ou um modismo. É um fenômeno que indica o avanço massivo de toda a cadeia de consumo a um novo patamar. Entender as prerrogativas que impulsionam e balizam esse evento é o mesmo que dizer: calibre os pneus, aperte o cinto e mantenha as duas mãos no volante. Porque, se de um lado há uma multiplicidade de forças concomitantes e muitas vezes contraditórias, inconstantes, incontroláveis e sempre sujeitas à ação e ao ritmo do tempo, de outro, há a necessidade eminente de segurança, orientação, conforto, propósito e desenvolvimento.

No eixo central sempre teremos os anseios e necessidades da sociedade. Seja qual for o setor, as demandas e as expectativas da humanidade são a razão de ser de todos os movimentos e revoluções que tiveram curso na história e que transformaram parcial ou radicalmente hábitos e comportamentos e, com isso, a forma como nos relacionamos com nossos pares e com o ambiente no qual vivemos.

Adriana Matte

Yuval Harari, no mundialmente aclamado livro Sapiens – Uma Breve História da Humanidade (2011), atribui à ciência moderna o status de “tradição de conhecimento especial” e destaca que por ser “mais dinâmica, flexível e inquisitiva que qualquer tradição de conhecimento anterior” essa ciência possibilitou que “nossa capacidade de compreender como o mundo funciona e nossas habilidades de inventar novas tecnologias se expandisse de forma extraordinária.”

É certo afirmar que em muitos casos a criação esteve à frente do seu tempo. Alan Kay, idealizador do computador de tela plana, é um excelente exemplo tanto da compreensão de como o mundo funciona(rá), como das habilidades humanas para inventar novas tecnologias: em 1972 ele concebeu o que, 40 anos depois, viria a ser o iPad.

Outro exemplo clássico, que retrata a extraordinária expansão tecnológica que vivenciamos nas últimas décadas, é a democratização dos telefones inteligentes, smartphones: mais da metade da população mundial tem nas mãos hoje um computador mais potente que aquele que levou o primeiro homem à lua em 1969.

Também é certo afirmar que o impacto e a intensidade que a revolução tecnológica vem impondo varia de setor para setor. Entretanto, é fato que uma vez que a influência tecnológica atinge um patamar disruptivo dentro de um mercado, todo ecossistema em questão é impactado. Setores como Comunicação, Entretenimento e Varejo, entre outros, já absorveram esse impacto e hoje navegam em sintonia com a dinâmica tecno-mercadológica disponível.

Setores que demandam alta segurança e respondem por um legado valioso, com extenso volume de dados, como o de Seguros, exigem maior precaução. Conscientes do compromisso e da responsabilidade que têm com seus clientes e com toda a cadeia de valor na qual estão inseridos, e experientes na gestão de riscos e minimização de exposição, a indústria prima pela segurança, pois tem na relação de confiança com seus clientes seu bem maior. Natural que avalie com absoluta ponderação a maturidade das tecnologias e o know-how de seus parceiros e zele, invariavelmente, pela construção de vínculos devidamente fundamentados.

Contudo, o substancial avanço das tecnologias cognitivas, associadas a sistemas core e de integração, implementação em nuvem, IoT, blockchain, Low Code e No Code, RPA e RV-RA, impõe um novo ritmo ao processo de transformação digital, fazendo com que essa deixe de ser uma opção para torna-se fator determinante de competitividade. Ou seja: o próprio arcabouço tecnológico encaminha-se para uma revolução. Como previu Ray Kurzweil, em março de 2001, estamos literalmente testemunhando o prelúdio de um novo paradigma.

Marcos Brum

Atentos ao mercado e ao fenômeno em curso, não é exagero assumir que o tema aceleração digital seja, portanto, pauta recorrente na maioria das indústrias, inclusive na de Seguros. Leandro Balboni, diretor Comercial de Saúde e Seguros da Softtek, destaca a dimensão que o processamento e a gestão das informações têm no cenário atual ao afirmar que “os dados são o novo petróleo, o coração do negócio e sua análise é chave para saber orientar a empresa”.

Corroborando essa interpretação, segundo o relatório Annual CIO Survey Results 2023, da consultoria Celent, mais de 75% das seguradoras norte-americanas estão considerando uma abordagem de implantação em nuvem e dispostas a melhorar suas capacidades analíticas, aproveitando a inteligência artificial sempre que possível.

Em outro relatório da mesma consultoria, intitulado “Technology that is enabling transformative business impact”, Keith Raymond afirma que “quando se melhora a eficiência operacional, mesmo que através do menor dos incrementos, tem-se um impacto altamente positivo para a organização”.

É oportuno observar que as tecnologias nem sempre exercem um caráter nativo nas organizações. Na maioria das vezes, elas são catalisadoras. Aquele elemento que viabiliza os processos de transformação, garantindo eficiência e capilaridade operacional por um lado e fomentando o potencial criativo e a inovação, essencial ao desempenho estratégico, por outro.

Guiar processos dessa natureza exige destreza. Tarefa para os Spocks e Yodas dos nossos tempos. Ainda mais se considerarmos que, em meio ao exponencial desenvolvimento tecnológico e à decorrente aceleração digital, pela primeira vez na história, coexistem cinco gerações de consumidores ativos no mercado, sujeitos a uma miríade de pontos de contato e canais de informação e distribuição.

Uma matriz desse cenário é, por si só, um fascinante mapa de oportunidades se devidamente analisado e estrategicamente gerido. Contudo, se essa mesma matriz estiver inserida num ecossistema coerente e integrado de práticas digitais, capazes de sincronizá-la ao ritmo, às necessidades e às preferências desses consumidores, os ganhos de agilidade e desempenho tendem a alcançar outro patamar.

Ficção ou realidade, verdade é que instituições, empresas, governos, comunidades reconhecem líderes capazes de incorporar e inspirar os desafios de mudança quando eles se apresentam e, acima de tudo, pô-los em marcha quando é preciso.

Na milenar cultura oriental, a dualidade representa o exército de forças que se completam. Uma está contida na outra como forças que se desafiam e nutrem num continuum de evolução. Acredita-se que é na intersecção dessas duas forças que reside a energia que move o mundo.

Em outras palavras, a via está pavimentada e os sinais do mercado de seguros são onipresentes. Cabe validar prerrogativas básicas e decidir o momento de acelerar, assumindo que a realidade é, por natureza, ambidestra e que o único meio de não ficar para trás é acertar o ritmo e se manter em movimento.

* Por Adriana Matte e Marcos Brum, da Softtek Brasil

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
100% Free SEO Tools - Tool Kits PRO