Ultima atualização 13 de maio

powered By

Aumento da desigualdade de renda leva a queda na proteção de seguros

Segundo um estudo do Instituto Swiss Re, os setores público e privado devem trabalhar em conjunto para enfrentar a desigualdade e fortalecer o contrato social

O último relatório sigma do Instituto Swiss Re, intitulado “Reformulação do contrato social: o papel do seguro na redução da desigualdade de renda”, analisa o crescimento e as consequências da disparidade de renda em todo o mundo.

A pesquisa vem em um momento em que a desigualdade de renda é uma ameaça para a estabilidade da economia e da sociedade. A guerra na Ucrânia intensificou a crise global do custo de vida ao aumentar os preços dos alimentos e da energia quando a inflação já está alta. Isto significa que aqueles que gastam mais em comida ou combustíveis, especialmente as famílias de baixa renda nos mercados emergentes, estão em risco de pobreza e saúde precária. A insegurança alimentar é um importante sintoma de desigualdade e pode minar o contrato social.

A desigualdade de renda não é apenas uma questão para os países em desenvolvimento. Embora muitas economias emergentes tenham fechado a lacuna entre ricos e pobres nos últimos anos, a desigualdade de renda tem aumentado nas economias avançadas nas últimas quatro décadas. O estudo conclui que o aumento da desigualdade de renda nas economias avançadas resultou em cerca de 252 bilhões de dólares de proteção de seguros perdidos somente no ano de 2019, tornando as famílias mais vulneráveis a perdas catastróficas no caso de eventos imprevistos.

Guido Fürer, Group Chief Investment Officer da Swiss Re, diz: “Há uma grande oportunidade para que o capital privado tenha um impacto positivo sobre a desigualdade. Até agora, o “S” na ESG, que se refere a aspectos sociais como diversidade, inclusão e igualdade, tem sido um tema de investimento sub-representado. Noto que isto agora está mudando rapidamente à medida que a comunidade de investimento está dando mais ênfase ao “S”, apoiado por um avanço de investimentos em crescimento. Como tomador de risco e investidor, a indústria de seguros está em uma posição chave para impulsionar as profundas mudanças necessárias para melhorar a resiliência”.

Jerome Haegeli, Group Chief Economist da Swiss Re, afirma: “O seguro é uma ferramenta poderosa para promover o crescimento econômico, melhorar a resiliência e reduzir a desigualdade, fornecendo proteção financeira. Isso é particularmente importante para os mais vulneráveis porque, sem seguro, as famílias de baixa e até de média renda podem atingir a pobreza no caso de um desastre grave. Ao afastar os riscos financeiros dos indivíduos e aumentar sua resiliência, os setores público e privado têm o caminho livre para reduzir a desigualdade. A digitalização também desempenha um papel fundamental na abordagem do subseguro, pois a inovação pode tornar o serviço mais acessível e mais barato para mais pessoas”.

Principais insights do relatório sigma

– A desigualdade de renda nas economias avançadas vem aumentando há 40 anos, associada à diminuição da expectativa de vida em alguns países: nos EUA, por exemplo, a diferença na expectativa de vida entre os 1% mais ricos e os 1% mais pobres cresceu para 10-15 anos. Ainda no país, enquanto economia avançada mais desigual do mundo, a classe média diminuiu de quase 60% da população nos anos 80 para menos de 55% em 2018. Em contraste, em economias emergentes como o Brasil e a China, a classe média cresceu em um ritmo acelerado jamais visto.

– O Instituto Swiss Re observou que a proteção total do seguro nas economias avançadas teria sido cerca de US$ 252 bilhões mais alta em 2019 se a desigualdade tivesse permanecido nos níveis da década de 1990. Isto se traduz em cerca de US$ 39 bilhões em proteção de seguro antecipado na forma de sinistros pagos por perdas patrimoniais e de acidentes, além de cerca de US$ 213 bilhões em benefícios de vida.

– Os choques econômicos geralmente atingem mais duramente as famílias de baixa renda, ampliando a desigualdade para os mais vulneráveis. Os países com maior desigualdade de renda e níveis mais baixos de resistência econômica correm maior risco de insegurança alimentar porque uma parcela maior da renda familiar é gasta em alimentos. A guerra entre a Ucrânia e a Rússia pode agravar a desigualdade em países do mundo inteiro, tornando as famílias de baixa renda mais vulneráveis à pobreza, devido aos altos custos de alimentação e energia. Por exemplo, nossas estimativas para o Brasil mostram que as famílias do quintil de renda mais baixa gastam 27% de sua renda em alimentação, já no quintil de renda mais alta o gasto é de 7%.

– O seguro é eficaz para mitigar a desigualdade, proporcionando alívio financeiro às famílias atingidas por choques. No atual ambiente de alta inflação, design de produtos e o apoio a políticas que promovam a acessibilidade do seguro são particularmente importantes. Com novas tecnologias, as seguradoras podem usar uma ampla gama de canais de distribuição para expandir o acesso à cobertura do seguro. Por exemplo, o microsseguro pode ajudar a reduzir a desigualdade e promover o crescimento inclusivo, fornecendo produtos acessíveis e eficientes para famílias de baixa renda.

– Os setores público e privado devem trabalhar em conjunto para enfrentar a desigualdade e fortalecer o contrato social. A curto prazo, os governos precisam considerar ações sob medida para aliviar a atual crise que muitas pessoas estão enfrentando com o elevado custo de vida. A longo prazo, os governos podem desenvolver uma combinação de políticas que distribua as oportunidades econômicas e os resultados de forma mais igualitária e garanta que os riscos de renda sejam compartilhados de forma equitativa. Eles podem recorrer a mecanismos públicos e privados de transferência de riscos, tais como esquemas de seguro social ou parcerias público-privadas para expandir a segurabilidade.

N.F.
Revista Apólice

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Comunicação