EXCLUSIVO – SINCOR DIGITAL | Para compensar a impossibilidade dos corretores de seguros se aglomerarem no Congresso dos Corretores de Seguros de São Paulo (Conec), foi organizado o Sincor Digital – Conectando o Mercado de Seguros, evento que aconteceu na última sexta-feira, 23 de outubro, pela plataforma do Sincor-SP para os profissionais do Brasil inteiro. Para manter a sua tradição, além das palestras políticas e de capacitação, o encontro está recheado de sorteios para os cerca de 5 mil inscritos.
Alexandre Camillo, presidente do Sincor-SP, fez a abertura do evento diretamente do estúdio na capital paulista. “O destaque é para os corretores comprovaram sua capacitação de superação em razão da pandemia e hoje devemos trazer a visão do que o futuro nos reserva. Vamos garantir a importância do corretor, mostrando que estes profissionais foram fundamentais para que o setor continuasse com bom atendimento”. Ele ressaltou que todos sairão desta pandemia fortalecidos e resilientes.
Substituindo o Governador João Doria, que estava na programação, a secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Patricia Hellen, apareceu para dar o seu recado. Ela ressaltou a importância do evento como uma iniciativa importante para conectar o mercado com governo e especialistas. “São Paulo trabalha para que sejamos protagonistas da retomada econômica em 2021 e 2022, com um plano de recuperação econômica que projeta a criação de 2 milhões de empregos e investimentos de R$ 36 bilhões”.
Alexandre Camillo, presidente do Sincor-SP, fez a abertura do evento diretamente do estúdio na capital paulista. “O destaque é que os corretores comprovaram sua capacitação de superação em razão da pandemia e hoje devemos trazer a visão do que o futuro nos reserva. Vamos garantir a importância do corretor, mostrando que estes profissionais foram fundamentais para que o setor continuasse com bom atendimento”. Ele ressaltou que todos sairão desta pandemia fortalecidos e mais resilientes.
As autoridades do setor também marcaram presença no evento. Rivaldo Leite, presidente do Sindseg-SP, disse que este é um dia especial em um ano atípico, onde o corretor de seguros mostrou a sua capacidade. Marcio Coriolano, presidente da CNseg, declarou que o impacto da pandemia foi profundo em toda a sociedade. “Na economia, o choque foi no tripé emprego, renda e produção. Os sinais de recuperação econômica estão se consolidando e sairemos fortalecidos. A tecnologia ficou a serviço dos profissionais competentes, como aconteceu com as vistorias do seguro auto ou na telemedicina, em saúde”, ponderou Coriolano, acrescentando que novos produtos devem surgir a partir das ferramentas digitais à disposição. “Temos profissionais muito competentes em nosso mercado e contamos sempre com os corretores de seguros”.
Armando Vergilio, presidente da Fenacor, destacou que este evento vai trazer uma nova dimensão para esta ordem, a digital. “Os corretores devem estar conectados e vamos falar sobre LGPD, diversificação da atuação no decorrer do dia”.
Masterclass
O primeiro painel foi uma Masterclass com três ícones do mercado, Nilton Molina (MAG Seguros), Jayme Garfinkel (Porto Seguros) e Patrick Larragoiti (SulAmérica), mediados pelo vice-presidente do Sincor-SP, Boris Ber. Molina abriu lembrando que: ”Somos avis rara no mercado de seguros, porque, como controladores, colocamos nosso capital em risco e nos classificamos como seguradores”.
“Criei uma empresa de corretagem de seguro de vida e previdência quando eu tinha 30 anos. Colaborei na criação de várias empresas, com um único fio condutor: eu não tinha a bagagem do conhecimento da casa. O fato determinante para eu mudar minha cabeça para segurador: a companhia Vida Previdência. Tínhamos o “sonho de consumo” de convencer o Bradesco a ser sócio nesta companhia. Eu fui conversar com o senhor Amador Aguiar, que não queria ouvir falar da palavra previdência, por conta de um negócio mal sucedido no passado. Eu disse: previdência é um negócio que tem a mesma correção da poupança, mas que cobramos carregamento de 30% na entrada do dinheiro na empresa e pagamos os rendimentos apenas no restante. Ele topou na hora”, contou Molina.
Patrick Larragoiti falou da saudade de estar próximo e das relações com os corretores de seguros. Foram dois momentos os mais difíceis da carreira, há 35 anos: “Entrei na empresa como estagiário na área de sinistro. A SulAmérica já era uma companhia profissionalizada, onde a família participava apenas do conselho. Eu entrei como o filho do dono, e tive como mentor o Rony Lirio. Ele era fantástico, mas um crítico construtivo permanente. Outro momento marcante foi a mudança da estrutura organizacional. Isso incrementou a eficiência da companhia e as decisões passaram a ser compartilhadas e passamos a ser um time, que proporcionou novos aprendizados”.
Jayme Garfinkel, controlador da mais jovem companhia entre as três, lembrou o momento mais difícil da sua carreira, quando seu pai faleceu aos 62 anos e eles haviam comprado a Porto Seguro há 6 anos. “Em 1978, houve uma mudança das regras do jogo do mercado, com o DPVAT voltando para a operação para o Governo. A companhia teve que pagar um multa sobre todo o faturamento (resseguro integral) e fomos proibidos de operar em DPVAT. Tinha acabado de perder o pai e com uma companhia jovem. A experiência disso: ‘não desistir do sonho'”, complementou.
Big Techs e Custumer Experience
Atualmente as Big Techs fazem parte da rotina de milhares de pessoas. São empresas que criam serviços inovadores e disruptivos utilizando um modelo de negócios mais escalável, dinâmico e ágil através de ferramentas tecnológicas. Esse processo tem causado grande impacto nas corporações, pois fará com que essas companhias despertem um olhar para uma área que, até então, não estavam atuando.
Para falar sobre o assunto e a importância da custumer experience no mercado segurador, o evento organizou um painel com presidentes de seguradoras. Participaram do painel Carlos Magnarelli, da Liberty Seguros; Eduard Folch, da Allianz; Luís Gutiérrez, da Mapfre; José Adalberto Ferrara, da Tokio Marine Seguradora; Murilo Riedel, da HDI; e Roberto Santos, da Porto Seguro. A mediação do debate foi feita por Simone Fávaro, 2ª vice-presidente do Sincor-SP.
As Big Techs são “as principais empresas de tecnologia”, como Google, Amazon, Facebook e Apple, “que têm influência mercadológica e social excessiva” de acordo com o glossário da PC Magazine. Durante 2018, o Google e a Amazon mostraram um interesse renovado em seguros e geraram especulações sobre suas intenções para esse mercado no futuro.
O que não dá pra negar é que muitos executivos do mercado segurador enxergam essas companhias como uma ameaça aos negócios. Folch disse acreditar que investir em processos menos burocráticos, fazendo uma integração dos dados entre corretoras e seguradoras, podem ajudar o setor a continuar vendendo “Nós temos que valorizar nossos pontos fortes e trabalhar nos quesitos em que deixamos a desejar. As Big Techs são um exemplo no processo de distribuição, pois oferecem muita tecnologia, mas nós seguradores somos especialistas quando o assunto é subscrição. O que devemos fazer para fidelizar nossos clientes e conquistar novos consumidores é manter um atendimento ágil, com resposta imediata e personalizada”.
Riedel afirmou que para o mercado segurador as Big Techs não são concorrência, mas sim empresas necessárias e complementares na distribuição de produtos, assim como as insurtechs, e que muitas delas têm investido mais em processos de geração de leads e criação de anúncios do que vendendo efetivamente. “Essas empresas são um instrumento fundamental para o entendimento comportamental do cliente e são ótimas ferramentas de marketing”.
Magnarelli também acredita que as empresas desse segmento são uma ameaça para o mercado, pois o setor é extremamente regulado e por o seguro ser um produto que naturalmente exige muitas transações, acaba não sendo interessante para elas. “Uma apólice é como um contrato jurídico, que deve ser explicado detalhadamente para quem está adquirindo. Além disso, essas companhias não oferecem um pós-venda, outro fato que não está dentro da realidade do mercado. Precisamos entender também que os clientes não comparam as seguradoras entre sim, mas sim entre organizações que proporcionam um serviço diferenciado”.
Gutiérrez reforçou que a Covid-19 não é um agente transformador, mas acelerador, pois o mercado já havia identificado algumas tendências e começado a trabalhar para atendê-las, entretanto, em um período menor do que se era esperado. O executivo disse também que não há como conhecer o cliente sem estudar, e que para isso é necessário obter dados mais precisos e completos, utilizando todas as tecnologias que o setor tem a disposição. “Temos que trabalhar juntos de verdade. O mercado segurador ocupa apenas 7% do PIB no Brasil, o que é muito abaixo dos níveis de outros países. Não devemos ter medo, mas coragem para mudar essa realidade”.
Santos disse que oferecer uma boa experiência ao cliente é extremamente necessário, atendendo suas necessidades durante toda a jornada e identificando as possíveis dores desse consumidor para poder oferecer mais soluções e protegê-lo. “Nós juntos, seguradores e corretores, temos que rever nossa jornada de interação com o cliente para sobreviver. A pandemia demonstrou o quanto é fundamental acompanhar a transformação digital, pois o mundo e os hábitos de consumos não são mais os mesmo, e precisamos evoluir”.
Ferrara ressaltou que o corretor tem a missão de empreender para ajudar o mercado a crescer, e que com a pandemia surgiu a oportunidade da categoria aumentar a capilaridade da sua carteira. O presidente da Tokio Marine disse que o setor foi um dos poucos a registrar índices positivos. “Segundo dados da CNseg, nosso mercado cresceu 3,4% de janeiro a agosto. As movimentações do setor estão permitindo que o corretor olhe para outros segmentos além do automóvel. O mundo está acelerado e as pessoas estão cada vez mais ocupadas, por isso devemos estar antenados a tudo o que está acontecendo.
Direto e reto com as autoridades do mercado
O painel reuniu parlamentares e lideranças do setor, visando debater as mudanças atuais da legislação e processos operacionais do setor que afetam diretamente a corretagem de seguros. Participaram do debate os deputados federais Marco Bertaiolli (PSD-SP) e Lucas Vergílio (SD-GO); o chefe da Assessoria de Estudos e Relações Institucionais da Susep, Paulo Roberto Miller; o presidente da CNseg, Márcio Coriolano; o presidente da Fenacor, Armando Vergílio; e o presidente do SindsegSP, Rivaldo Leite. A mediação foi feita por Alexandre Camillo, presidente do Sincor-SP.
Segundo Leite, o corretor de seguros foi fundamental para que o setor crescesse durante a pandemia e que a categoria está passando por uma transformação comportamental além do digital, o que acabou ocasionando uma mudança no portfólio de produtos. “Às vezes só conseguimos provar algumas coisas quando surge a necessidade, e os corretores comprovaram sua importância durante a crise ocasionada pela Covid-19. Esse reconhecimento com toda certeza irá contribuir para que estes profissionais se sintam estimulados, pois sem eles nós seguradores não seriamos capazes de executar o nosso trabalho, ainda mais em um momento difícil como esse”.
Miller comentou sobre alguns movimentos que a Superintendência vem fazendo para inovar no setor. Recentemente a entidade divulgou a lista de empresas selecionadas para o Sandbox Regulatório e colocou em consulta pública propostas de resolução que estabelecem uma nova abordagem para gestão do risco de liquidez das supervisionadas. “A agenda regulatória da autarquia deseja dar mais espaço para a transparência. Ninguém melhor do que o corretor para conhecer as dores do segurado, por isso esse profissional é tão importante para o mercado. Existe diferença entre desregulamentação e extermínio. Queremos buscar novos produtos, novos players e gerar mais acessibilidade ao setor”.
Lucas falou sobre as medidas tomadas pela Susep, consideradas por muitos ações contra os corretores de seguros. O deputado disse que isto pode estar acontecendo por conta da entidade estar sendo comandada por pessoas que não conhecem o mercado, o que gera diversas divergências. “A autoregulação não foi inventada agora. O nosso setor gera renda para milhares de famílias brasileiras. A Resolução 382, divulgada pela Superintendência, estabelece princípios a serem observados pelas seguradoras e intermediários no que se refere ao relacionamento com o cliente, obrigando até que os corretores mostrem o valor da sua comissão. O que essa medida traria de positivo? Só serve para gerar mais concorrência entre a categoria, o que é péssimo para o mercado”.
Bertaiolli ressaltou a importância do setor ter representação política para que agentes do mercado consigam lutar pelos direitos dos corretores, seguradoras e segurados. “O processo de regime regulatório trouxe diversos benefícios para os corretores, que por sua vez devem ter a sua disposição ferramentas para possam empreender. Essas disrupções acabam sendo mais frequente, ainda mais agora em que despertamos totalmente o nosso olhar para o digital. Precisamos atuar juntos para aumentar nossa participação”.
Armando falou sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e da ferramenta recém lançada pela Fenacor em parceria com os Sincors. A LGPDCOR reúne soluções específicas para as necessidades de empresas corretoras de seguros, auxiliando no cadastramento os dados dos clientes, gerindo os riscos ou eventuais incidentes e montando relatórios, além de oferecer um certificado de que a corretora está cumprindo a medida. “Dados são a essência do mercado segurador, por isso a Lei é muito positiva e ajuda no crescimento do nosso segmento, afinal diversas organizações que também trabalham com dados irão buscar soluções que as protejam contra possíveis falhas. Essa é uma chance de desenvolvermos produtos que supram as necessidades da medida”.
Quando questionado sobre as oportunidades e desafios do mercado, Coriolano afirmou que ficou comprovado que setor já estava em direção à inovação há muito tempo, o que é positivo pois se torna possível que mais agentes entrem para o mundo dos seguros. “Ouvimos diversas vezes que o nosso mercado era obsoleto, que inovava pouco. A inovação é uma evolução de criatividade, modificação de processos e rotinas dentro das organizações e etc. Para uma ideia ser inovadora, ela não necessariamente precisa ser tecnológica. Apesar de termos evoluído, e muito, é preciso que todos entendam que não podemos desacelerar esse passo”.