Ultima atualização 05 de setembro

Conseguro: setor quer protagonismo no crescimento sócio-econômico

O setor de seguros é um dos maiores investidores institucionais do Brasil, com R$1,3 tri de garantias. Agora, quer mais protagonismo no desenvolvimento do país

EXCLUVISO – O setor de seguros é um dos maiores investidores institucionais do Brasil, responsável por R$ 1,3 trilhão em garantias financeiras (equivalente a 25% da dívida pública brasileira), representando 6,5% do PIB brasileiro. Estes dados foram repetidos várias vezes durante a Conseguro 2019, evento realizado em Brasília, pela CNseg, para ressaltar a importância do setor para a sociedade.

O presidente da entidade, Marcio Coriolano, ressaltou que o setor de seguros tem muito a contribuir para a retomada do crescimento em bases sustentáveis. “Passado um grande período cunhado no protecionismo governamental, agora é o momento da iniciativa privada tomar as rédeas do desenvolvimento”.

Este pensamento segue em linha com o que a superintendente da Susep, Solange Vieira, apresentou em sua palestra (leia aqui). Coriolano enfatizou que há uma preocupação da sociedade em buscar proteção e caberá ao mercado encontrar soluções para atender uma população que possui renda com teto de R$ 2mil.

A previsão do executivo é que o mercado segurador deve crescer entre 8% e 10,6%, sem o seguro DPVAT. Até junho, comparado com igual período do ano passado, o crescimento foi de 3,1%, ou seja, há um grande caminho pela frente.

Leia mais: Conseguro: Susep quer mercado aberto, com mais concorrência e menor presença do Estado

“Temos repetido o mantra de que o setor de seguros tem muito a contribuir para a retomada do crescimento em bases sustentáveis. Passado um grande período cunhado no protecionismo governamental, agora é o momento da iniciativa privada tomar as rédeas do desenvolvimento”, avisou Coriolano. Mercado deve se adequar a capacidade de compra da população. Ele acrescentou: “o setor de seguros quer estar no centro das politicas públicas, quer ser protagonista do desenvolvimento do país”.

Na abertura do evento, o presidente da Federação Nacional dos Corretores de Seguros, Armando Vergilio dos Santos, demonstrou sua insatisfação com os rumos que a Susep vem adotando em relação à atuação dos corretores de seguros. “Vários desafios se colocam para os corretores de seguros. Além da tecnologia e da inovação, temos o desafio conceitual de vencer a incompreensão que ainda existe em relação ao nosso papel. Não somos simples intermediários, mas assessores que agregam valor para o segurado e para a seguradora. É também um assessor que faz o acompanhamento qualificado durante a vigência da apólice”. Ele acrescentou que todos têm muito a aprender em relação à inovação, mas disrupção não pode ser sinônimo de desconsideração às regras conduciais nem desrespeito ao mercado regulado, que mexe com o futuro e com a poupança das pessoas.

Federações

Enquanto a Reforma da Previdência tramita no Senado, Jorge Nasser, presidente da Fenaprevi, afirma que já é possível perceber uma caminhada em direção à previdência complementar. “O nosso desafio sempre será o da comunicação, num país de dimensões continentais e com pessoas que imaginam que vão receber 20 salários mínimos por mês. Entretanto, há também as pessoas que já entenderam que o governo não provera e que é necessário buscar uma alternativa”, afirmou. Nasser ressaltou que um dos desafios é a comparação da rentabilidade da previdência com outras aplicações de curto prazo

Marcelo Farinha, presidente da Fenacap, afirmou que é preciso tirar a capitalização das páginas policiais e levá-la para o noticiário econômico, pois bingos clandestinos estavam utilizando títulos de capitalização de entidades filantrópicas como fachada para operação. No ano em que a capitalização completa 90 anos de Brasil, foram aprovadas as novas modalidades de garantia e de filantropia premiável. “Nossa agenda é de transformação e a capitalização ainda não atinge as gerações Z e a Alpha. Devemos ensiná-los a poupar para atingir sonhos, afirmou Marcelo Farinha, presidente da entidade. A projeção de crescimento do setor para 2019 é de 12%.

Antonio Trindade, presidente da Fenseg, ressaltou que a sua federação é suportada pelo seguro de automóvel, que detém 50% dos negócios. “Entendemos que é necessário investir em produtos mais simples, assim como atuar contra a comercialização de produtos por associações e cooperativas”. Para ele, a circular da Susep que reafirma a possibilidade de uso de peças não originais para a reparação de veículos é um avanço para o setor. “O sinal verde para os seguros intermitentes abre caminho para as mais diversas modalidades. É um passo a frente para a ampliação da base de segurados e a distribuição por meios remotos”, completou.

Sobre o pronunciamento da superintendente da Susep, Solange Vieira, sobre a quantidade pequena de seguradoras para o mercado brasileiro (123 entidades), Trindade afirmou que o número é suficiente para o tamanho do nosso setor. “Novas empresas trazem a possibilidade de novos negócios, novas parcerias e atuação em nichos específicos, como as seguradoras que podem atuar apenas com produtos mobile. Não temos medo da competição, mas queremos é isonomia em termos de regras de atuação”.

João Alceu Amoroso Lima, disse que a Fenasaúde representa 15 grupos, responsáveis pelo atendimento a 26 milhões de brasileiros. “O sistema de saúde, em todo o mundo, enfrenta o desafio da sustentabilidade. Seja o modelo público, privado ou misto, todos tem que lidar com o descompasso entre os custos da saúde e a perda de renda da população”. O setor de saúde viu crescer o número de benefícios, mesmo que de forma tímida. Até junho de 2019, somaram-se mais 200 mil beneficiários ao sistema.

Agora, um dos maiores desafios será a volta da comercialização dos planos individuais. “A oferta de um leque maior de opções é fundamental para garantir o preço para novos usuários. Para isso é preciso aprimorar o acesso, bem como incentivar o atendimento primário à saúde”, finalizou.

Em linha com a fala de Lima esteve o discurso de Leandro Fonseca, presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar. “Temos muito que fazer pela frente e temos uma agenda regulatória desenvolvimentista. Queremos olhar para o estoque de regulação para saber o que foi feito e ver o que precisa de ajustes e atualização. Queremos contribuir para a retomada do crescimento do setor. Isto requer uma discussão mais ampla com a sociedade”.

Kelly Lubiato, de Brasília
Revista Apólice

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