É grande o número de mulheres que atuam no sistema de franchising – como franqueadoras, franqueadas, consultoras, advogadas e colaboradoras. Como atuo há quase trinta anos nesse mercado, afirmo, sem medo de errar que características tipicamente femininas favorecem, consideravelmente, para que o relacionamento entre franqueador e franqueado seja saudável.
Franquia é, antes de mais nada, uma relação entre pessoas. Tudo bem que ambas querem ter lucro com o negócio, tanto o franqueador como o franqueado. Mas para atingir este objetivo é preciso ensinar e aprender; conversar e saber ouvir; negociar e compartilhar; lidar com pressões e administrar eventuais frustrações; saber colocar-se no lugar do outro para entender eventuais dificuldades. Tudo o que acabo de citar se refere ao comportamento humano e a forma como ele se relaciona com o outro.
Noto que as mulheres, por exemplo, têm mais paciência para resolver um conflito e encontrar soluções. Sua sensibilidade, aliás, é uma poderosa aliada nesses momentos. Elas conseguem, quase sempre, ir além, usam sua intuição como faro. Os homens, por vezes, buscam soluções mais racionais e imediatas. Mas nem todo problema concreto teve uma origem igualmente concreta: muitas vezes surgem de um descontentamento, de um sentimento negativo, de uma percepção errada. E só com sensibilidade é possível resolver da melhor forma, ou seja, sem causar prejuízo às relações.
As mulheres tendem a ser mais colaborativas. Têm mais facilidade para se integrar, compartilhar. E a determinação? É aquela força natural do feminino que quase sempre se reflete no negócio.
Faço questão de relatar que noto nelas uma maior tolerância diante dos desafios – um problema persistente, um franqueado com um comportamento mais difícil ou um membro da própria equipe que já não vem agregando há algum tempo. Como franchising é uma relação entre pessoas, como pode dar certo se não houver uma boa dose de tolerância e compreensão sobre as razões que levam uma pessoa a agir e reagir de determinada forma?
Reuniões com mulheres costumam ter um pouco mais de leveza, mas nem tudo são flores: noto que elas, muitas vezes, não conseguem equilibrar o emocional e o racional, levando eventuais críticas profissionais para o lado pessoal – o que atrapalha e desencadeia problemas desnecessários.
É muito bom ver mulheres conquistando espaço e destaque nas empresas, sobretudo nas franqueadoras. Porém, a grande verdade é que o franchising precisa de grandes homens e grandes mulheres, unidos, trabalhando para que o sistema se torne cada vez mais forte e representativo na economia nacional. Essa tem sido a minha missão. E espero que seja, também, de todos os que trabalham com franquia.
Sobre a autora
Melitha Novoa Prado, autora dos livros “Franchising, na Alegria e na Tristeza”, “Franchising na Real” e ministra cursos e palestras sobre franchising