Assim como as fintechs para o setor financeiro, as insurtechs estão transformando o mercado e acelerando a modernização do setor de seguro de diversas maneiras, muitas pela melhoria de processos e otimização de custos, outras explorando o espaço para trabalhar a experiência do cliente como centro das iniciativas, e tantas outras com a ambição de colocar à prova o modelo tradicional de negócio.
As insurtechs têm a seu favor a mobilidade e a liberdade para pensar o novo e criar soluções de forma independente, sem o peso e a concorrência de processos e estruturas tradicionais características das grandes empresas. Porém, ao atuar na estratégia de inovação das empresas, navegamos também em um cenário de muitas oportunidades para as grandes seguradoras e startups da área.
É interessante perceber que a aproximação das insurtechs com novas formas de pensar e novos modelos de negócio trazem oportunidades reais para as seguradoras. A publicação 2016 GE Global Innovation Barometer traz uma pesquisa de opinião de executivos seniores em 23 países e um dado muito interessante: 81% dos executivos reconhecem o crescimento da cultura de startups e entendem que essa é uma forma de estabelecer a cultura da inovação dentro das organizações.
Diante disso, as empresas são desafiadas a trazer toda a energia e a mentalidade das startups para dentro dos seus negócios. Isto significa investir para acelerar o processo de transformação das grandes seguradoras, incluindo as insurtechs, como solução em toda a jornada do negócio. Avaliar startups, testar soluções, usar a sua velocidade, o desprendimento e a capacidade intelectual certamente trarão outra dinâmica para a evolução dos negócios no setor.
Há um campo fértil para a criação de novos modelos de negócio, assim como para empreender com soluções que respondem a partes específicas do processo tradicional (automações, melhoria de processos e incremento). O momento é de se considerar tendências globais como sharing economy, crowdfunding e pay-per-use, que estão transformando a forma como as pessoas se relacionam com empresas, produtos e serviços.
A ascensão do comércio digital e a evolução das plataformas tecnológicas vão acelerar o surgimento de novos modelos de negócios focados na jornada e experiência do cliente. Assim, seguiremos com novos contextos de compra e consumo de produtos e serviços que devem impactar não somente a indústria de Seguros. E, ao mesmo tempo em que estamos prevendo oportunidades, temos que considerar as ameaças à indústria tradicional.
Por mais paradoxal que possa ser, enquanto tendência, sou levado a crer que as principais ameaças não venham majoritariamente de insurtechs ou de setores com forte regulação, mas sim, no esgotamento da forma tradicional de pensar seguros e na transformação da forma como as pessoas se relacionam. Nessa linha cito o mercado financeiro e o crescente número de movimentações financeiras alternativas ao modelo tradicional, como exemplo disso o crescimento das criptomoedas e de soluções usando blockchain.
Hoje estamos no início do processo que Klaus Schwab descreveu no livro “A Quarta Revolução Industrial”, às portas da transformação digital, onde a tecnologia está ao alcance de tudo e de todos e há uma imensidão de oportunidades por conta disto. São novas tecnologias e conceitos como Cloud Computing, Big Data, realidade aumentada, inteligência artificial, internet das coisas, internet 5G, drones, robo advisor, aliados ao crescimento e proliferação do uso de smartphones que abrem espaços importantes em todo o ciclo de inovação, sejam como ferramentas para condução do processo e principalmente como base para compor a parte, ou a totalidade de muitas soluções inovadoras. Certamente haverá grande impacto no cliente e em toda a jornada e ecossistema de seguros.
Fontes
2016 GE Global Innovation Barometer
Klaus Schwab, autor do livro “A Quarta Revolução Industrial”
*Ricardo Abreu, Gestor Comercial na ilegra, empresa global de negócios e tecnologia