Ultima atualização 31 de agosto

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Seis eventos em um: Conseguro recebe reforço

A Conseguro (Conferência Brasileira de Seguros, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização) reúne, no Rio de Janeiro, mais cinco eventos realizados pela CNseg: a 7ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros, o 5º Encontro Nacional de Atuários, o 11º Seminário de Controles Internos e Compliance, o 2º Seminário de Riscos e Oportunidades Emergentes e o Insurance Service Meeting.
Marcio Coriolano
Marcio Coriolano

Marcio Coriolano

“A Conseguro é a prova de que estamos reforçando esse compromisso da CNseg com o Rio de Janeiro. Sabemos que alguns segmentos de mercado desistiram de realizar eventos na cidade devido à violência lamentavelmente reinante. Mas o setor de seguros mantém o foco na cidade.”

 

APÓLICE: Por que juntar vários eventos à Conseguro? Sinal de tempos mais austeros?

MARCIO CORIOLANO: Devemos destacar o seguinte: o Rio de Janeiro não para. E nem deve. Com ou sem crise, a cidade e, sobretudo, os cariocas, vão tocando a vida com bravura e originalidade. Encarando com a cabeça erguida os muitos desafios com os quais vem se deparando. O Rio continua atraindo eventos de porte do meio corporativo. E a Conseguro, que é o principal evento do setor, é a prova disso, reforçando esse compromisso da CNseg com o Rio de Janeiro. Sabemos que alguns segmentos de mercado desistiram de realizar eventos na cidade devido à violência lamentavelmente reinante. Mas o setor de seguros mantém o foco na cidade. Ademais, todos os temas que estarão em debate na Conseguro estão associados e são de suma importância para o desenvolvimento econômico e social. Nada mais producente do que reuni-los na Conseguro. O cenário atual realmente exige austeridade, como você mesmo embutiu em sua pergunta. E isso não é uma postura somente do nosso setor. Quem não souber responder aos sinais que o país apresenta atualmente, perderá o bonde da história. O cadafalso é logo ali. Há setores, como o de seguros, que consegue enxergá-lo e, por isso, se defender e, fundamentalmente, proteger o consumidor. Esse cenário que exige austeridade está na pauta da Conseguro. Aliás, momento institucional do país e a agenda positiva estão na pauta da oitava edição da Conseguro.

APÓLICE: O senhor acredita que possa haver um intercâmbio de público entre eventos, despertando o interesse por novos temas nos participantes?

MARCIO CORIOLANO: Nossa meta, com a Conseguro, é despertar as autoridades e a sociedade, em todas as frentes, para a relevância do seguro na retomada do crescimento do país, especialmente o papel preponderante na proteção do patrimônio e da renda de todos os cidadãos. Vamos, na Conseguro, debater sobre o nosso papel nesse processo de amadurecimento do país e do brasileiro para a implantação de uma cultura de educação em seguros. Hoje, sabemos, o dinheiro é curto. Em face disso, reduzir os riscos torna-se palavra de ordem no dia a dia de todos nós. Não podemos esquecer que o setor de seguros exerce um papel de protagonismo como investidor institucional do mercado nacional. Afinal, temos um ativo de cerca de 1 trilhão de reais, que podem ajudar a financiar até mesmo a dívida interna brasileira. Esse papel será lembrado em todos os painéis da Conseguro. Como destaquei anteriormente, os painéis serão sinérgicos e estão alinhados com as demandas do mercado e, obviamente, do consumidor. Todas as palestras, de todos os eventos reunidos, abordarão temas relacionados às dificuldades passadas ou aos desafios futuros. Haverá sinergia, sem dúvida. Ao mesmo tempo em que teremos painéis como Insurance Service Meeting, também apresentaremos a Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros. Ou seja, se falaremos de inovações, para quem serão destinadas essas inovações? Ora, o consumidor é o foco primordial. Todo o setor ter deve ter isso em mente. É para ele que empenhamos nossos esforços, nossos produtos. Enfim, é para ele que desenvolvemos a Conseguro. Para que esse consumidor conheça tudo o que estamos desenvolvendo para que ele esteja sempre na ordem do dia e muito bem assistido e preparado para tocar o seu dia a dia e o da sua família, sempre buscando mais proteção, sobretudo em um tempo tão marcado por incertezas.

APÓLICE: Quantas pessoas são esperadas para todos os eventos?

MARCIO CORIOLANO: Como nosso setor está presente em todos os outros segmentos do mercado, esperamos, como sempre aconteceu, um público com o foco no amadurecimento do brasileiro para a educação financeira. Nosso setor é capaz de liderar esse cenário de retomada do crescimento. Por isso a Conseguro estimulará o debate em torno do momento institucional em que vivemos. Precisamos compreendê-lo muito bem. Que sinais ele aponta, afinal? Coincidência ou não, há dois anos, durante a sétima edição da Conseguro, que ocorreu em São Paulo, um cenário de incertezas já se revelava dramático. O fundo do poço era iminente e sobre ele debatemos naquele evento. Agora, com a oitava Conseguro, vamos buscar uma agenda positiva. Vamos analisar com cautela e profundidade o atual contexto institucional do país e propor soluções para uma retomada.

APÓLICE: Como o mercado de seguros está reagindo ao ano de 2017?

MARCIO CORIOLANO: Não é possível falarmos de 2017 antes de abordamos o ano anterior, especialmente a reta final de 2016. Havia mais confiança no segundo semestre de 2016 por conta da redução dos juros. O mercado de seguros, e todos os outros, é verdade, criaram uma expectativa mais positiva em relação à economia. As perspectivas para 2017 eram as melhores possíveis. Mas o cenário político e econômico marcado por incertezas no primeiro semestre de 2017 fez com que o mercado revesse todas as perspectivas. Hoje temos um contexto bastante diferente daquele do final do ano passado. Trocando em miúdos, o setor de seguros cresce, mas cresce mais lentamente, ao contrário do que ocorreu no ano passado, sobretudo no segundo semestre. Em 2016, seguros cresceu 5,7% até maio, 6,5% até julho, 7,2% até setembro e 8,2% até novembro, fechando o ano em 9,2%. No caso do segmento de saúde suplementar, o crescimento até setembro chegou a 12,2% em relação ao mesmo período de 2015. A receita do mercado de seguros no ano passado foi de R$ 403 bilhões. Insisto com o que chamo de resiliência do seguro. Ou seja, a capacidade para crescer, mesmo em um ambiente econômico francamente desfavorável, reforça que estamos no caminho correto.

APÓLICE: Qual deve ser a tônica dos discursos da Conseguro?

MARCIO CORIOLANO: Poderia defini-la com duas palavras: sustentabilidade e desenvolvimento. Todos os painéis estarão concentrados nisso. Levaremos à mesa dos debates o momento institucional brasileiro, mas também uma agenda para o futuro. A reforma da Previdência, a regulação e o desenvolvimento do mercado de seguros, as reformas microeconômicas necessárias para o crescimento do país, o fomento de novos investimentos, a transferência de riscos no mercado de capitais, a tecnologia blockchain, que permitirá mais segurança ao mercado, e a prevenção à corrupção. Tudo na ordem do dia. Mas também debateremos os avanços tecnológicos empregados no mercado de seguros, o aprimoramento da relação com o consumidor e o apoio à diversidade e à inclusão. A Conseguro abrigará na agenda cinco grandes núcleos de painéis. São eles: A Conseguro reúne no Rio de Janeiro mais cinco eventos realizados pela CNseg: a 7ª Conferência de Proteção do Consumidor de Seguros, o 5º Encontro Nacional de Atuários, o 11º Seminário de Controles Internos e Compliance, o 2º Seminário de Riscos e Oportunidades Emergentes, além do Insurance Service Meeting, que citei anteriormente.

“O compliance não precisa ser só um conceito aplicado às empresas. Deve ser uma cultura compartilhada em toda nação.”

APÓLICE: O senhor poderia contar um ponto de destaque de cada um dos eventos para os participantes?

MARCIO CORIOLANO: Difícil citar apenas um ponto de destaque. Um deles — com certeza imperdível — será a palestra do ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal. Não só por sua inteligência, sua reconhecida capacidade de posicionamento democrático, ético. Ele não é apenas um ministro que fala sobre suas atividades, mas traz uma reflexão sobre Brasil, que pode nos ajudar a refletir sobre importantes questões, como a reforma política e a expectativa do brasileiro de que a Lava-Jato não seja apenas um coisa episódica, mas permanente. Já que falamos em compliance, precisamos refletir sobre qual compliance quer o Brasil. O compliance não precisa ser só um conceito aplicado às empresas. Deve ser uma cultura compartilhada em toda nação. Todo mundo precisa estar em compliance para usar os recursos públicos da melhor maneira. Algumas pessoas têm receio de discutir política em eventos como esse, mas essa é uma discussão que não pode ser evitada, pois a política faz parte da vida de todos, e em todas as épocas. Tão importante quanto o negócio é a estabilidade política. Também teremos na Conseguro o cientista político americano Christopher Garman, que estará no painel “Brasil: uma perspectiva global”. Garman tem sido um atento observador do nosso país, especialmente das reformas em andamento no Congresso Nacional. Um dos nomes mais respeitáveis sobre o tema “previdência” também estará na Conseguro. Falo de Platon Tinios, professor da Universidade de Piraues, na Grécia. Ele é o palestrante do painel “Novos desafios da Previdência”. A Conferência de proteção do consumidor de seguros, por exemplo, terá painéis muito bons, que contarão com importantes palestrantes e debatedores. Eu mesmo estarei, como moderador, na mesa de um deles, o “Transparência e confiança. Pilares para o desenvolvimento”, que terá como palestrante o secretário Nacional do Consumidor, Arthur Rollo, uma das mais respeitáveis autoridades no tema “consumidor”. No mesmo núcleo de painéis, teremos o “Como educar o consumidor do futuro”, no qual o filósofo Luiz Felipe Pondé debaterá com Claudia Forte, superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil e outros importantes nomes. No Seminário de riscos e oportunidades emergentes teremos painéis nos quais a diversidade será o tema central. Uma das debatedoras do tema é a também filósofa Djamila Ribeiro, ex-secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. Não podemos esquecer a participação do sociólogo Sérgio Abranches, pessoa por quem tenho muito respeito e com quem já tive o prazer de trabalhar. Ele vai discutir a sociedade do século XXI com base no livro fantástico que ele acabou de escrever, o “A era da incerteza”. E há muito mais na Conseguro, pode ter certeza.

APÓLICE: Como este conjunto de eventos pode contribuir para o desenvolvimento do setor?

MARCIO CORIOLANO: Como destaquei, para o amadurecimento do debate sobre esse momento de incerteza em que vivemos e para a busca de soluções. Nosso setor tem uma inegável vocação para o protagonismo e, consequentemente, para exercer papel essencial na retomada do crescimento do país. Todos os painéis da Conseguro vão evidenciar isso, sem dúvida alguma. O setor tem muito a apresentar em inovação de produtos, sobretudo em tempos de crise, quando esses produtos se tornam ainda mais necessários. Mas para que possamos cumprir essa missão, o governo precisa nos ajudar para que tenhamos plenas condições de chegarmos com mais facilidade aos mais atingidos pela crise, pela queda da renda e pelo desemprego. Mas sabemos que hoje temos um novo perfil do consumidor. Ele é mais empoderado, crítico. Tem mais consciência de seus direitos e deveres. E, como destaquei anteriormente, os debates da Conseguro também vão considerar esse novo perfil, que exige do setor respostas mais rápidas, soluções inovadoras e canais de relacionamento mais efetivos e ágeis, o que já constitui realidade no dia a dia das seguradoras. Estamos amadurecendo nesse sentido. Tanto os consumidores quanto os profissionais do setor estão se adaptando a essa nova realidade. Ao contrário do que ocorre no setor financeiro, onde a inovação está bem consolidada, o setor de seguros, justamente por ter uma complexidade de produtos muito maior, essa adaptação às inovações é um pouco mais lenta, mas tudo em tempo adequado para que a tomada de decisões do consumidor seja plena e consistente.  As insurtechs estão aí, com novos produtos, especialmente na área de saúde, mas também na área de automóveis, com essa questão do rastreamento de veículos e acompanhamento do perfil do condutor em real time. O impacto da inovação tecnológica já é uma realidade entre nós.

APÓLICE: Um maior desenvolvimento do mercado de seguros passa, necessariamente, por mudanças na regulação?

MARCIO CORIOLANO: Sim. Como frisei antes, o governo precisa nos ajudar a ajudarmos a recuperação da economia do país. Temos condições de oferecer ajuda em larga escala ao brasileiro. E isso passa pela desburocratização do processo regulatório, tornando-o mais ágil. Essa é uma importante demanda do setor. Poso citar como exemplo o Seguro de Vida Universal, há tanto tempo discutido, mas cujos detalhes relativos à remuneração dos ativos só estão sendo concluídos agora pela Susep. O VGBL e o PGBL também estão sendo revistos por um grupo de trabalho da autarquia, bem como sistema de capitalização. Mas enquanto essas discussões não são concluídas, o mercado permanece sob o compasso de espera, dificultando uma resposta mais rápida à crise. Além disso, precisamos superar certas normas regulatórias antiquadas, que nos mantém presos a processos ultrapassados, que demandam um uso exagerado de papel, tanto na relação das seguradoras com o regulador, como com os próprios consumidores, comprometem significativamente a eficiência do processo.

APÓLICE: Qual é o cenário do mercado para 2018?

MARCIO CORIOLANO: Para 2017, prevíamos – antes do cenário de incertezas e da desaceleração na recuperação da economia – um crescimento consolidado entre 9% e 11%, ante uma inflação prevista abaixo de 5%. O otimismo está mais contido, como apontam os dados do primeiro semestre. A expectativa é que a expansão do setor fique em torno de 7%. Mas o setor tem como lema a palavra resiliência, e vamos trabalhar para chegar a uma evolução de 9%, como prevíamos anteriormente. Afinal, ao contrário de outros segmentos de mercado, o nosso setor permanece crescendo. Mais lentamente que em 2016, é verdade, mas cresce, respondendo com assertividade aos desafios que o país e a sociedade como um todo enfrentam neste turbulento ano. Temos confiança, acima de tudo, no trabalho que empreendemos. Mas para que possamos ajudar ao brasileiro, precisamos, também, que o governo olhe mais para o nosso setor.

 

Kelly Lubiato
Revista Apólice

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