Um levantamento da consultoria FreightWatch International apontou um crescimento substancial nos roubos de carga durante o terceiro trimestre deste ano no Brasil. Segundo o levantamento, 55% das cargas roubadas no período não foram recuperadas e os produtos mais visados foram os das categorias de Alimentos & Bebidas, Eletrônicos e Produtos Agrícolas, com alguma variação por Estado da federação.
“As cargas de produtos de higiene pessoal e limpeza estão também entre as mais recentes novidades, aliadas aos já visados carregamentos de cigarros, eletroeletrônicos, farmacêuticos, químicos, têxteis e confecções, autopeças e combustíveis”, avalia Adailton Dias, diretor da área de Transportes da Sompo Seguros.
Em São Paulo, os produtos mais roubados foram os das categorias Alimentos & Bebidas, Combustíveis e Eletrônicos. Já no Rio de Janeiro, além de Alimentos & Bebidas e Eletrônicos, também entra na lista a categoria Álcool. Em Minas Gerais, as cargas mais roubadas no período foram as de Cigarros, Medicamentos e Eletrônicos. Especificamente no Triângulo Mineiro há um destaque especial para as cargas de Fertilizantes. No Paraná, neste ano, os produtos mais roubados foram das categorias de Alimentos & Bebidas e Produtos de Limpeza. Na região metropolitana de Porto Alegre (RS) foi registrado um aumento no roubo de combustíveis. Outro aspecto relevante é que desde o segundo trimestre deste ano, os roubos de carregamentos de café aumentaram, principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, que estão entre os principais produtores do País.
Os Estados com maior crescimento na incidência de roubo de carga entre julho e setembro deste ano em comparação ao mesmo período de 2015 foram São Paulo (38%), Rio de Janeiro e Minas Gerais (31%). Ainda segundo o relatório, o assalto com ameaça ao condutor (59%) é o método mais utilizado de abordagem. Em 66% dos casos, o caminhão estava em trânsito e em 34% dos casos o caminhão foi parado. Em 82% dos casos de roubo em trânsito, o veículo estava em movimento e foi obrigado a parar; em 15% foi parado em um posto de gasolina; e em 3% dos casos, parou na estrada. Outro aspecto relevante é que em 32% dos roubos de carga em trânsito, foi relatado que os criminosos usavam jammers, equipamentos eletrônicos utilizados para bloquear o sinal de rastreadores enviados a satélites, o que dificulta a localização do caminhão roubado.
Estradas perigosas
Segundo o levantamento, as estradas com maior incidência de roubo são a rodovias federais BR-116, BR-101, BR-040, BR-153 e BR-262. A indicação é semelhante à apresentada pelo relatório JCC Cargo Watchlist, elaborado pela Joint Cargo Commitee, um comitê misto formado por representantes da área de avaliação de risco do mercado segurador de Londres (Inglaterra), que indica os trechos das rodovias BR-116 (Curitiba – São Paulo e Rio de Janeiro – São Paulo); SP-330 (Uberaba – Porto de Santos) e BR-050 (Brasília – Santos) como áreas com risco muito alto para a ocorrência de roubo de cargas.
Prevenção
É praticamente impossível indicar com precisão o total dos prejuízos com o roubo de carga para a economia brasileira, mas sabe-se que são substanciais. Isso porque as ocorrências afetam, além do segmento de logísticas, diversas cadeiras produtivas, além do segmento de segurança pública.
Por conta disso, várias soluções tecnológicas e estratégias estabelecidas por especialistas em gerenciamento de risco são implementas para cada carga embarcada. “O gerenciamento de risco, quando bem realizado, pode ser crucial para que o transporte da carga aconteça de forma segura, eficaz e sem custos excessivos ou não previstos. Isso faz toda a diferença para a eficiência e saúde financeira da operação”, afirma Dias.
A companhia presta consultoria no gerenciamento de riscos de transportes de carga para os segurados. Para cada embarque é traçada uma estratégia que inclui ferramentas utilizadas, rotas, horários e qualquer outro recurso que possa ser lançado mão para contribuir que a carga chegue ao seu destino. A equipe da companhia trabalha somente com os recursos necessários, pensando em cada situação. Isso evita que sejam utilizados recursos além do ideal, o que poderia gerar um investimento desnecessário; quando aquém do adequado, o que iria aumentar o risco e a vulnerabilidade para a carga e o motorista. “Afinal, transportar uma carga de equipamentos eletrônicos no Interior de São Paulo é diferente de uma carga de medicamentos na Região Sul e igualmente diferente de uma carga de grãos na Região Centro Oeste”, considera Dias.
L.S.
Revista Apólice