Em algum lugar de Baltimore, nos Estados Unidos, um motorista distraído bateu o seu carro em uma viatura de polícia parada. Já em Gifu, no Japão, um estudante foi detido por andar a pé em uma rodovia expressa. Na área rural de Melbourne, na Austrália, duas pessoas precisaram ser resgatadas após caírem de um precipício. Embora distintos, estes e outros eventos que tem acontecido nas últimas semanas possuem uma conexão bem próxima: o jogo Pokémon Go.
Lançada no começo de julho, a diversão eletrônica promete ligar os mundos digital e real através da tecnologia de realidade aumentada, gerando riscos que, muitas vezes, ficam ocultos aos olhos dos jogadores, que ficam absortos pelo jogo. Dentro deste novo cenário, que tende a se intensificar com a liberação do jogo nos países da América Latina, Ásia e África, os profissionais de risco precisam estar atentos a potenciais ameaças de segurança e questões de responsabilidade civil que essa e outras “tecnologias disruptivas” poderão ocasionar em curto prazo. Entre os principais riscos, os profissionais devem avaliar aqueles ligados à segurança de pessoas e negócios.
Os colaboradores são diretamente afetados por esta nova realidade, sendo jogadores ou não, uma vez que o jogo acontece em vias públicas, podendo ocasionar acidentes dos mais variados tipos.
Já para os clientes, o risco está em seu estabelecimento, que pode ser um “ponto de encontro Pokémon” com ou sem o seu consentimento, o que poderá aumentar o fluxo de visitantes ou gerar riscos de divulgação de dados confidenciais, uma vez que o jogo permite o compartilhamento de fotos dos locais que os Pokémon estão localizados.
Outro risco relevante envolve frotas de veículos. Atualmente, um dos principais fatores de colisões tem sido a distração com os smartphones. O jogo trará o mesmo risco que mensagens de texto com o agravante da elevação da desatenção dos pedestres, além da do motorista. Em paralelo, também é importante prestar atenção aos riscos cibernéticos que esta tecnologia oferece, tomando medidas preventivas para o controle de privacidade de dados.
Para efetuar a gestão eficaz destes riscos, que já são uma realidade em muitos países ao redor do mundo, é necessário fazer análises mais profundas para coberturas de seguros em áreas diversas. Na esfera civil, algumas seguradoras começaram a criar seguros de acidentes pessoais específicos para os jogadores de Pokémon Go. Conhecido como ‘AP GO’, o seguro da portuguesa Tranquilidade, foi desenhado para cobrir os danos sofridos pelos jogadores durante a prática.
Nos ambientes empresariais, porém, a política para responder a um acidente relacionado ao jogo ainda não é clara. Algumas iniciativas podem ser implementadas para amenizar eventuais danos, como, por exemplo, a orientação a funcionários sobre os principais riscos que o jogo oferece ao indivíduo e a revisão e atualização dos programas de segurança de motorista, apontando os perigos dos smartphones, sistemas de navegação e outras distrações.
Assim como qualquer mudança tecnológica, de legislação ou política, a Marsh, na condição de líder em consultoria de risco e programas de seguros e resseguros, oferece soluções específicas para atender às necessidades atuais. Além da colocação de seguros, a Marsh é capaz de fornecer serviços de consultoria que incluem a identificação, avaliação e tratamento de um conjunto abrangente de riscos, mapeando tendências e mitigando fatores de atenção.
*Carlos Santiago é Líder para Marsh Risk Consulting Brasil