Menos de 15% de toda área agricultável do Brasil está segurada, embora o país venha avançando em números positivos desde 2006, quando o Programa de Subvenção do Prêmio do Seguro Rural (PSR) foi criado. De lá para cá, o número de culturas cobertas no país saltou de 25 para 80. À ocasião, eram menos de 26 mil agricultores segurados e hoje eles somam 118 mil. Além disso, os cerca de um milhão de hectares segurados em 2006 evoluíram para 12 milhões em 2015. Ainda assim, o seguro rural precisa avançar. A conclusão foi consenso entre os participantes do Fórum Nacional ‘O Futuro do Seguro Rural no Brasil’, realizado pelo Sistema da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Sistema Faep), em parceria com a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e com o Sistema Ocepar, nesta segunda-feira, dia 8 de agosto, em Curitiba (PR).
Na abertura do evento, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, ressaltou a importância da proteção à atividade rural brasileira e a necessidade de abrir espaços para ouvir toda a base envolvida nesta cadeia. “Gostaria de ressaltar o compromisso que o Ministério tem, não apenas em relação à garantia de preço e do aporte do Governo quando as dificuldades aparecem, mas também em prever o futuro e buscar fazer uma política definida para que o setor possa, efetivamente, continuar sendo esta mola propulsora da economia do Brasil”, afirmou Geller, ressaltando ainda que o Ministério estuda um projeto para tentar ampliar o montante de R$ 400 milhões em recursos para a subvenção que já estão disponíveis para o ciclo 2016/2017.
O presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg, Wady Cury, concorda que é necessária a estabilidade de regras para que o seguro rural possa progredir em um novo horizonte. “Às vezes as companhias seguradoras têm dificuldade para realizar um planejamento de operação mais detalhado em curto e médio prazo. É necessário ter peritos, uma estrutura operacional, e as regras do Mapa em relação ao produto são fundamentais, não só em relação aos valores a serem concedidos, mas principalmente em relação ao acesso dos recursos de subvenção, em que momento eles estarão disponíveis para que as companhias possam encaminhar as suas apólices e para saber se essas apólices, se esses agricultores, tiveram ou não acesso à subvenção. Tudo isso nos traz grandes desafios. Sabemos que os valores monetários são importantes, mas para o mercado segurador é fundamental que haja regras estáveis”, pontuou.
Em sua fala, o diretor executivo da FenSeg, Julio Cesar Rosa, comentou a curva de crescimento do seguro rural. “Ainda existe uma grande demanda a ser alcançada, embora o segmento de seguro rural tenha crescido, no intervalo dos últimos cinco anos, 180% em arrecadação. Sem dúvidas é um dos maiores percentuais de crescimento do mercado segurador neste período”, pontuou. Nesta mesma linha, o presidente da Federação da Agricultura do Estado Paraná (Faep), Ágide Meneguette, disse que uma atividade de tão alto risco como a agricultura merece garantias e que o produtor não pode ficar sem suporte. “Plantar sem garantias é uma aventura perigosa, à qual o produtor não pode se sujeitar”, afirmou, sinalizando que o seguro rural é uma ferramenta necessária para o desenvolvimento econômico do país.
O Fórum Nacional ‘O Futuro do Seguro Rural no Brasil’ reuniu cerca de 250 participantes e, entre outros temas, destacou os resultados de estudos sobre políticas integradas de gestão de riscos agropecuários no Brasil, a complexidade do seguro agrícola no Brasil e no mundo, os programas estaduais e municipais de subvenção de seguro rural de São Paulo e do Paraná e as tendências climáticas para o Brasil em 2016/2017. Durante o evento, foi anunciado que, em 2017, Curitiba sediará um fórum internacional sobre seguro rural.