Ultima atualização 20 de junho

Carro sem motorista deverá causar mudanças no mercado de seguros

Em um carro sem motorista, completamente programado e autônomo, como o mercado será capaz de prever riscos e atribuir responsabilidades?

carro sem motorista

Conforme os carros sem motoristas chegam mais perto da realidade, fica mais evidente o dilema de como fazer seguro para este tipo de veículo e para seu proprietário.

A indústria de seguro de automóvel encara uma fase de agitação nos próximos 25 anos conforme ocorre a migração de aparatos de segurança mais autônomos – e, em última instância, o carro sem motorista – leva os riscos de acidentes do motorista para o veículo, dizem analistas.

É esperado que o número de acidentes caia bruscamente, já que, hoje, mais de 90% dos acidentes são causados por erros do motorista. Isso poderia baixar o preço do seguro para os consumidores. O mercado dos Estados Unidos para apólices de seguro de automóvel, que costuma gerar cerca de US$ 200 bilhões em prêmios por ano, pode encolher substancialmente, preveem alguns especialistas.

“Ocorrerão mudanças dramáticas”, afirma Joe Schneider, diretor na KPMG que faz parte da força-tarefa da companhia para estudar a questão.

Alguns carros já são preparados comcaracterísticas anti-colisão, como detectores de pontos-cegos e sistemas de alertas para evitar batidas. A indústria de automóvel e alguns reguladores concordaram em equipar todos os carros novos com sistemas de travagem nos próximos seis anos.

Carros de autocondução estão sendo desenvolvidos por diversos fabricantes de automóveis, especialmente pela Alphabet Inc’s, unidade da Google.

Mas a indústria de seguros, reguladores e advogados de defesa dos consumidores alertam que uma quantidade enorme de perguntas e dúvidas têm de ser respondidas antes de decidir exatamente  como esses automóveis sem motorista será segurados.

Por enquanto, apesar de um carro sem motorista poder diminuir os riscos de acidentes, ele ainda irá dividir as ruas e estradas com motoristas atrás do volante. Como o seguro para os dois tipos de veículos serão subscritos e quanto deverão custar?

Não se deve esperar um corte de preço no seguro auto tão cedo. De fato, os preços têm subido nos últimos anos por causa do aumento do número de acidentes, muitas vezes causados por motoristas que têm muitas distrações, como as causadas por envio de mensagem de texto enquanto dirigem, por exemplo, juntamente com outros fatores.

Carros com dispositivos de segurança autônomos “certamente não são a maioria” de veículos nas estradas porque os dispositivos, por si só, ao mesmo tempo em que são importantes para aumentar a segurança, não são utilizados com tanta frequência nem capazes de tornar os carros totalmente automatizados.

“Até agora, nós não vimos mudanças significativas nas reivindicações ou experiências que poderiam causar mudanças nas taxas que envolvem os consumidores”, afirma Dave Jones, responsável pela área de comissionamento da California Insurance.

As contas do seguro ainda não estão baixando, mas se “achamos que com o tempo isso irá acontecer? Sim”, diz Schneider.

Chairman da Allstate Corp., Thomas Wilson – que apelidou o movimento de produção de carros sem motoristas de “Os Jetsons”, desenho que trazia carros-astronaves – disse em um discurso ano passado que a mudança  pode ter “impacto negativo no seguro de automóvel” e que é preciso lidar com a questão “não queremos esperar” para descobrir como será.

O bilionário investidor Warren Buffet, dono da Berkshire Hathaway Corp. que detém a seguradora Geico, disse em um  fórum automotivo que quando os carros sem motoristas chegarem ao mercado de seguros “não seria uma festa”.

Jones tem feito testes no carro sem motoristas da Google e realizou audiência para ver, como ele dizia, “como isso irá impactar a proteção do consumidor e também o mercado de seguros na Califórnia. Nós estamos olhando tudo cuidadosamente.”

Na visão de Jamie Court, presidente do grupo de advogados Consumer Watchdog, tudo isso está cambaleando pela estrada rápido demais.

“Essas tecnologias não devem ser levadas de maneira apressada ao mercado sem que sejam ouvidas as vozes de todos os lados”, disse Court sobre seguros. O “carro Robô não deve ser desenvolvido sem um processo formal para o público pesar quais são suas preocupações”, completou.

Por enquanto, Court afirma que “nosso maior temor é que em acidentes com carros sem motoristas, o ser humano ainda será considerado o causador dos danos porque se presume que robôs não cometem erros”.

De fato, Buffet levantou uma questão sobre culpa em acidentes que é a chave para o futuro dos seguradores: Exatamente, como deveria ser feita a responsabilização por acidentes, tirando-a do motorista e levando-a ao veículo que estará tomando a maioria, se não todas as decisões

Se as montadoras e seus fornecedores ficarem com a responsabilidade, eles podem acabar, por eles mesmos, querendo oferecer o seguro, disse Donald Light, diretor da área de North America property/casualty na companhia de pesquisa Celent. Eles podem até mesmo adicionar o seguro ao preço desses novos carros. “Essa pode ser uma ameaça ao mercado de seguros”, disse Light.

Enquanto isso, a companhia inglesa Adrian Flux Insurance Services lançou neste mês o que poderá ser  a primeira “apólice de um carro sem motorista” no mundo.

A apólice cobriria carros já existentes que utilizam algum tipo de dispositivo autônomo, como estacionamento automático e sistemas de piloto automático e cobrir também os motoristas por coisas como falhas de satélites que interrompem os sistemas ou ataque de hackers.

“Nós queremos ajudar a prover confiança e clareza em torno do debate em curso sobre quem seria o responsável por sinistros”, afirma o gerente geral da Adrin Flux, Gerry Bucke.

Conforme o debate continua, analistas concordam que consumidores provavelmente ainda precisarão de seguro mesmo que eles optem pelo carro sem motorista. Se uma árvore cair sobre o carro ou for vandalizado, por exemplo, eles precisarão de cobertura.

E só porque o carro sem motorista parece próximo à realidade, não significa que os veículos serão tão comuns, como em “Os Jetsons”, durante muitos anos. Uma razão, como bem coloca Whittle, da American Insurance Assn., “a simples razão para isso é que muitas pessoas simplesmente amam dirigir.”

A.C.

*conteúdo publicado originalmente no portal LA Times

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