Ultima atualização 27 de novembro

QBE retoma foco em seguros corporativos no Brasil

Seguradora lança cobertura para equipamentos de mineração e deve operar em transportes, seguro de crédito e property para grandes riscos ainda este ano

QBE

Apesar da crise e da saída de rivais brasileiros do setor de grandes riscos, a seguradora australiana QBE decidiu apostar nos seguros corporativos no Brasil. Desde o fim de 2014, a empresa voltou a negociar coberturas empresariais, uma área que havia abandonado, por razões estratégicas, em 2006. Raphael Swierczynski, CEO da QBE no Brasil, afirma que a experiência tem sido produtiva e que agora a companhia vai expandir a sua gama de produtos.

A empresa voltou aos seguros corporativos com uma cobertura para equipamentos pesados de mineração, uma especialidade do grupo, já que suas origens estão na Austrália, um dos principais mercados mineradores do planeta. Até o final deste ano, deve operar também nos ramos de transportes, seguro de crédito e property para grandes riscos. Em 2016, será a vez de lançar coberturas para os setores de engenharia e energia, além de produtos D&O e E&O.

Crise

De acordo com Swierczynski, a decisão de voltar aos seguros corporativos foi tomada já quando o Brasil estava enfrentando dificuldades econômicas. “No seguro corporativo, não queremos ser um dos três primeiros do mercado. Mesmo que o setor sofra uma retração importante, se a gente conseguir pegar um pedaço deste mercado, já vamos obter o volume de prêmios de que precisamos”, declara.

A mudança se deve a um replanejamento estratégico do grupo na América Latina, incluindo o Brasil. O CEO disse que a QBE vai atuar nos segmentos corporativos de maneira seletiva, aceitando apenas os clientes que fizerem o seu dever de casa, a fim de poder cobrar um preço coerente com as coberturas oferecidas.

Ele acredita que a estratégia deve ser beneficiada com a abertura gradual do mercado de resseguros, aplicada recentemente pelo governo por meio da Resolução 322. Especialmente graças ao relaxamento da proibição de transferências de prêmios entre empresas do mesmo grupo, que hoje não passa de 20%, mas chegará a 75% em 2020.

Clausulados

A ideia da empresa é trazer para o Brasil experiências bem-sucedidas em outros países, a exemplo da cobertura de equipamentos de mineração desenvolvido na Austrália.

Swierczynski, aposta que uma vantagem oferecida pelo grupo é a criação de centros de excelência em subscrição sediados no escritório regional de Miami, que inclui o Brasil em sua área de competência. Estes centros têm a função de apoiar as unidades nacionais na precificação das coberturas, e também na importação e exportação de produtos, afirmou. Mas ele diz que as unidades têm autonomia local para fazer a grande maioria das decisões de subscrição.

A introdução de novos produtos no mercado brasileiro, porém, enfrenta desafios como o processo de aprovação de novos produtos na Superintendência de Seguros Privados (Susep). Mas Swierczynski vê sinais de que as coisas estão, de alguma maneira, melhorando nesta área.

Ainda assim, é possível melhorar o sistema, por exemplo, adotando uma postura mais aberta a inovações. “Quando um clausulado foge muito do que é tradicional, normalmente é recusado. Acho que este tipo de tema poderia ser estudado mais a fundo”, afirma o executivo.

Ele também garante trabalhar para conseguir aprovar coberturas tailor-made, feitas sob medida para cobrir riscos específicos enfrentados por grandes clientes.

Aos poucos

A QBE está presente no Brasil há 15 anos, ainda que na última década tenha se concentrado nos seguros individuais de mercado massivo. Swierczynski declara que a empresa está desenvolvendo sua estrutura de riscos corporativos com cautela para não repetir erros já vistos no mercado.

“Estamos fazendo tudo com bastante cautela para não criar uma empresa superinchada e depois ter que desinchar, como fizeram alguns dos nossos concorrentes nos últimos anos”. Ele não prevê a abertura de sucursais para o setor de riscos corporativos antes de 2017.

Mas o executivo notou que nadar contra a maré tem suas vantagens, por exemplo, na hora de contratar profissionais qualificados para os novos setores de negócios. Durante anos, as seguradoras estrangeiras tiveram dificuldades para encontrar pessoal com a qualificação necessária para um setor de alta exigência técnica como o seguro corporativo.

Com a desaceleração da economia e várias empresas desanimando com as perspectivas do setor, a situação hoje é um pouco diferente, segundo Swierczynski.

L.S.
Revista Apólice

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

Ads Blocker Detected!!!

We have detected that you are using extensions to block ads. Please support us by disabling these ads blocker.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock