Ultima atualização 27 de janeiro

Desigualdade social será o maior risco na próxima década, aponta relatório

Constatação figura no estudo “Riscos Globais 2014”, do Fórum Econômico Mundial, publicado em 16 de janeiro

globo e pinosA disparidade crônica entre as rendas dos cidadãos mais ricos e as dos mais pobres representa o maior risco para o mundo na próxima década, segundo os 700 especialistas que contribuíram na elaboração do relatório “Riscos Globais 2014” do Fórum Econômico Mundial, publicado em 16 de janeiro. O relatório analisa, com uma perspectiva de 10 anos, 31 riscos globais suscetíveis de causar um impacto negativo importante sobre países e indústrias inteiras. Os riscos foram classificados em cinco categorias – econômica, ambiental, geopolítica, social e tecnológica – e em seguida avaliados conforme probabilidade e potencial de impacto.

Os especialistas classificam os fenômenos meteorológicos extremos e, logo a seguir, as disparidades de renda, como riscos gerais mais suscetíveis de provocar um choque sistêmico no mundo. Em seguida figuram na lista o desemprego e o subemprego, a mudança climática e os ataques cibernéticos.

Riscos de maior impacto

Para os especialistas, as crises orçamentárias representam o maior risco para os sistemas e os países nos próximos 10 anos. Em seguida, aparecem dois riscos ambientais – mudança climática e crises da água -, o desemprego e o subemprego e, por fim, um risco tecnológico, assim como a queda da infraestrutura da informática.

“Cada risco analisado neste relatório poderia provocar um desmoronamento geral; principalmente quando há uma interconexão entres estes mesmos. Quando somados, a gravidade dos efeitos negativos destes riscos se amplifica”, declara Jennifer Blanke, economista-chefe do Fórum Econômico Mundial. “Para enfrentar, lidar e adaptar-se aos riscos de catástrofes, é primordial que as partes interessadas cooperem”.

Além de medir a gravidade, a probabilidade e o impacto potencial destes 31 riscos globais, o relatório Riscos Globais 2014 inclui pesquisas especiais sobre três casos específicos: o risco crescente de um “Armageddon Cibernético” no mundo online; a complexidade crescente do risco geopolítico devido a uma distribuição multipolarizada de poderes e influências; e o desemprego e subemprego dos jovens.

O relatório examina especialmente o desafio duplo das expectativas dos jovens adultos nesta década de baixa de oportunidades de emprego e de alta do custo da educação. Este relatório considera igualmente o impacto sobre a estabilidade política e social e sobre o desenvolvimento econômico. Foi constatado que mais de 50 % dos jovens em certos mercados desenvolvidos estão à procura de um emprego e que o emprego informal aumenta nas regiões em desenvolvimento – onde vivem 90 % da juventude mundial. O relatório demonstra como medidas tecnológicas e outras podem ser tomadas para minimizar parcialmente o risco.

“Muitos jovens enfrentam hoje uma batalha difícil. Como resultado da crise financeira e da globalização, a geração mais jovem nos mercados maduros luta por todas as oportunidades de trabalho escassas e a necessidade de apoiar uma população que está envelhecendo. Enquanto nos mercados emergentes há mais empregos, a força de trabalho ainda não tem ainda as competências necessárias para satisfazer a demanda. É vital nós nos sentarmos com os jovens agora e começarmos a planejar soluções destinadas à criação de sistemas educativos adequados ao objetivo, mercados de trabalho funcionais, trocas de competências eficientes e o futuro sustentável de que todos nós dependemos”, afirma David Cole, diretor de Análise de Riscos da Swiss Re.

Nossa dependência crescente da internet para realizar tarefas essenciais e o aumento exponencial de aparelhos tecnológicos contribuem para o risco de uma queda sistêmica – em uma proporção capaz de destruir os sistemas ou até a sociedade – em 2014, segundo o relatório. As últimas revelações sobre a vigilância exercida pelos governos contribuíram para uma redução da força de vontade da comunidade internacional de cooperar para construir modelos de governança a fim de reforçar este ponto fraco. Isto poderia resultar em uma balcanização da Internet, o chamado “Armagedon Cibernético”, onde prevaleceriam a superioridade destruidora dos ciberpiratas, assim como uma confusão generalizada.

“A confiança na Internet diminui por causa de uma manipulação inapropriada dos dados, da ciberpiratagem e das violações da vida privada”, declara Axel P. Lehmann, diretor de Análise de Riscos do Zurich Insurance Group. “A fragmentação da Internet não é o melhor meio de ação, pois destruiria os benefícios que ela traz a todos. Em vez de erguer muros em volta dos jardins, tem de se agir definindo padrões de segurança e reconquistando a confiança”, afirma.

A multipolaridade de hoje em dia enfrenta quatro principais ameaças que poderiam afetar a estabilidade global nos próximos cinco a 10 anos. São elas:

1. As instabilidades dos mercados emergentes devido à pressão social, política ou econômica;

2. Atritos comerciais e políticos entre os países, que transformam o comércio e os investimentos em substitutos de poder geopolítico, e geram mais tensões;

3. Proliferação de conflitos de baixa intensidade, que poderiam facilmente degenerar em guerra, pois causados pelas mudanças tecnológicas e a reticência dos grandes poderes em intervir;

4. Evolução lenta dos desafios globais, devido ao congestionamento persistente das instituições de governança global que impede o tratamento adequado dos desafios ambientais e de desenvolvimento globais na natureza.

“Um contexto geopolítico mais fracionado constitui uma ameaça de regresso dos setores essenciais para o desenvolvimento global, como os serviços financeiros, saúde e energia”, observa John Drzik, presidente do Centro Específico de Risco Global da Marsh & McLennan Companies. “O mundo necessita uma governança mais coordenada para que os riscos sistêmicos e de evolução lenta não degenerem em crises”.

O Relatório Riscos Globais 2014 foi elaborado com as contribuições dos especialistas da Marsh & McLennan Companies, da Swiss Re, do Zurich Insurance Group, da Oxford Martin School (Universidade de Oxford), da Universidade Nacional de Cingapura e do “Wharton Risk Management and Decision Processes Center” (Universidade da Pensilvânia).

 

J.N.

Revista Apólice

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