Ultima atualização 23 de setembro

Brasil é o oitavo maior em saúde suplementar, apesar de gasto per capita baixo

Desafios: gestores de saúde enfrentam as transições epidemiológica, demográfica e tecnológica

O Brasil é o oitavo maior mercado em saúde do mundo, mas o gasto per capita ainda é baixo e, consequentemente, a rentabilidade também. Com estas notícias – uma boa e outra má, Flávio Bitter, diretor técnico Operacional da Bradesco Saúde, iniciou a apresentação do tema “O Desafio da Gestão de Riscos na Saúde Suplementar”, durante sua participação no VII Seminário de Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão de Riscos, nesta quinta-feira, 19. A palestra foi a penúltima do evento, realizado pela CNseg e Funenseg,  em São Paulo.

Mas, o controle da escalada de custos no segmento de Saúde Suplementar é apenas um dos muitos desafios dos gestores, segundo Bitter. Ele apontou como grande vilão do sistema o VCMH (Variação dos Custos Médico-Hospitalares), índice mais conhecido como “inflação médica”, que é composto pelos custos de consultas e exames e da frequência de utilização dos serviços pelos usuários.

Pelos cálculos de Bitter, a inflação médica atingiu seu pico máximo no final do ano passado, atingindo 15%, percentual três vezes maior que o índice oficial de inflação do País apurado no mesmo período.
Com base nos dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Bitter expôs em gráfico um retrato da dinâmica de custos nas operadoras de saúde, medido pela variação da sinistralidade por trimestre. O detalhe que chamou a atenção foi a volatilidade da sinistralidade em relação ao número de vidas das operadoras. “Quanto menor a carteira, maior a sinistralidade. Portanto, escala em plano de saúde é fundamental”, disse.
Ele apontou que o aumento de custos em saúde está relacionado às três transições atuais: epidemiológica, demográfica e tecnológica. Segundo Bitter, alguns tipos de doenças mais preponderantes variam de acordo com o grau de desenvolvimento dos países. Os que estão no grupo de países em desenvolvimento, apresentam prevalência de doenças infecciosas e de desnutrição, devido à falta básica de ambiente sanitário adequado. Já os países mais desenvolvidos, apresentam a predominância de doenças crônicas, como diabete e doenças cardíacas, ambas relacionadas ao mau hábito de vida.
O Brasil, segundo ele, está “no meio do caminho”, ou seja, apresenta a incidência de doenças dos dois grupos de países. Porém, o aumento de doenças crônicas gera uma agravante nos custos de saúde, porque são mais difíceis de tratar. A mesma situação ocorre na atual etapa de transição demográfica, cujo fator de maior transformação na pirâmide etária brasileira é o aumento longevidade. “A população envelhece de maneira rápida, enquanto a taxa de natalidade cai”, observou.
Já os impactos da transição tecnológica sobre a saúde podem ser mensurados, segundo Bitter, pelo aumento dos custos de tratamento de determinadas doenças. Ele expôs como exemplo a evolução dos protocolos quimioterápicos para tratamento de câncer de mama, nos quais os medicamentos aumentaram quase 10.000% nos últimos anos. “Se, por um lado, dispor de novas tecnologias para tratamento é uma ótima notícia, por outro, a pressão que exercem sobre os custos é ruim”, disse. “Não somos contra a incorporação tecnológica, mas defendemos que seja feita de maneira séria, com base em estudos”, complementou.

Fonte: CNseg

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