O desempenho das exportações brasileiras nos últimos anos mostra um país extremamente dinâmico, com um crescimento da ordem de 302% em uma década. Em 2002, o Brasil exportou US$ 60,3 bilhões e, em 2012, US$ 242,6 bilhões. Algo extraordinário para um país que não é considerado exportador, mesmo sendo um dos maiores exportadores de commodities do mundo. Embora os números chamem a atenção, diante do cenário internacional, as exportações brasileiras ainda são tímidas se comparadas com outros países. Apesar da sua grandeza econômica, O Brasil ocupa apenas a vigésima terceira posição entre os países exportadores.
No primeiro semestre de 2013, o Brasil vendeu ao mercado externo US$ 114,516 bilhões em diversos tipos de mercadorias, e os dez principais destinos foram, na sequência, para a China, Estados Unidos, Argentina, Países Baixos, Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Itália, Chile e Venezuela. A previsão é fechar o ano com algo em torno de US$ 240 bilhões. No ranking mundial dos países exportadores em 2012 publicado pelo The World Factbook, uma publicação anual da Central Intelligence Agency (CIA) dos Estados Unidos, a China aparece como líder mundial com US$ 2,057 trilhões, seguida dos Estados Unidos com US$ 1,564 trilhão e a Alemanha com US$ 1,460 trilhão.
O comércio exterior brasileiro tem um grande desafio pela frente, precisa aumentar significativamente suas exportações para a entrada das divisas necessárias ao equilíbrio das contas externas, e encontrar maneiras de incentivar as empresas a exportar seus produtos e a utilizar os mecanismos fiscais e financeiros disponibilizados pelo governo. Outro aspecto que precisa ser melhor trabalhado, é a cultura das exportações. Predominantemente, a venda externa ocorre com a transferência da propriedade sobre a mercadoria negociada ainda no território brasileiro, o que não é um erro, mas também não é uma das melhores estratégias de venda, pois desestimula o importador que assume providências, custos e riscos para a retirada da mercadoria do país.
Para os exportadores brasileiros competirem internacionalmente, é preciso identificar diferenciais de venda, e um desses diferenciais é vender a mercadoria com seguro, assumindo a responsabilidade pela entrega no país do comprador. O seguro está previsto nas exportações com Incoterms CIF, usado apenas no transporte aquaviário, e CIP para qualquer meio de transporte.
O seguro de transporte internacional, desde que previamente negociado com a seguradora, cobre as mercadorias exportadas, a partir da saída no depósito do exportador ou fornecedor, até a entrega ao cliente no exterior. Estão cobertos os riscos de acidente, avaria, avaria grossa, extravio, furto, incêndio, molhadura, operações de carga e descarga, roubo, entre outros.
Não existem dados oficiais, mas o mercado de seguros e o comércio exterior estimam que mais de 90% das exportações brasileiras são negociadas sem seguro de transporte, ficando a critério do importador, contratar ou não o seguro em seu país. Somente no ano passado, mais de US$ 220 bilhões em mercadorias saíram do Brasil sem a proteção de seguro. Isso ocorre, muito provavelmente, pela falta de conhecimento dos exportadores brasileiros sobre as vantagens oferecidas pelo seguro, como o baixo custo e a amplitude das coberturas às mercadorias durante toda a viagem.
O rótulo de “empresa exportadora com seguro” é uma referência positiva para os clientes importadores. Ao mesmo tempo, o incremento da venda de seguros contribui para colocar o mercado segurador entre os principais focos do desenvolvimento econômico nacional.
*Aparecido Mendes Rocha (amrocha@logicaseguros.com.br) é corretor de seguros especializado em seguros internacionais