Ultima atualização 21 de março

Proteção para negócios no exterior torna-se atrativa

A recessão global, a crise de crédito, o aumento do terrorismo e a instabilidade política formam um cenário de riscos complexo para as empresas que investem, fabricam e comercializam com o exterior. Os responsáveis por esse cenário são a tensão resultante da Primavera Árabe que tem estimulado e intensificado protestos em dezenas de países, o resultado incerto das eleições em países como EUA, França, Rússia e China e a crise da dívida da zona do euro, que é um risco significativo e se estende aos países economicamente dependentes ou não da região.
“Essas revoltas e protestos continuam sendo uma preocupação fundamental em 2012 e vemos isso refletido em rebaixamentos de classificação de vários países”, disse Roger Schwartz, vice-presidente sênior de risco político para a prática da Aon Risk Solutions. A companhia avaliou os riscos políticos em 167 países e territórios e divulgou o resultado este ano no estudo “Mapa de Riscos Políticos 2012”. O levantamento indicou os países que estão mais sujeitos a seis principais riscos (confira no box na página ao lado).
Por sua vez, apesar do crescente movimento de turbulências geopolíticas em diversas economias no mundo, vários outros países apresentam maiores oportunidades de expansão para as empresas multinacionais devido às melhorias em seus ambientes regulatórios e legais. Eles foram apontados pelo estudo “Mapa de Risco Político 2012”, elaborado pela corretora Marsh em parceria com a Maplecroft, empresa de análise e mapeamento de riscos. Países como Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Indonésia, México, Peru, Rússia, Tailândia, Turquia e Uruguai estão entre as economias com ambientes mais favoráveis ao investimento empresarial. As economias em crescimento são destinos cada vez mais atraentes para os investimentos devido à redução dos riscos políticos. Ainda de acordo com o mapa da Marsh, países como República Democrática do Congo, Mongólia e Mianmar mostram evidências de melhorias nos ambientes de negócios legais e regulatórios e que podem oferecer oportunidades de investimento interessantes para as empresas que atuam no setor de energia. Segundo o estudo, Mianmar, mesmo estando classificado como o 2º maior em riscos no mapa de 2012, com as recentes reformas políticas, poderá ser colocado no centro do panorama estratégico de 2012.

Brasil
As empresas brasileiras também estão expostas a esses riscos. Segundo um estudo realizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mais de 22 mil empresas nacionais exportaram produtos em 2009, sendo que metade eram MPEs atuantes, principalmente, na América Latina.
A região é, inclusive, uma das principais preocupações das empresas brasileiras que fazem transações internacionais, já que a maior parte delas têm negócios com os países vizinhos. “Atualmente as empresas brasileiras se preocupam mais com nossos vizinhos do que com os países árabes, africanos ou europeus. Países como Venezuela, Equador, República Dominicana, que têm histórico de problemas envolvendo riscos políticos, ainda continuam sendo mais preocupantes”, aponta o superintendente de linhas financeiras da Zurich Seguros, Vinicius Jorge. A seguradora oferece o seguro de risco político no Brasil há cerca de um ano e meio. Segundo ele, a procura por informações sobre a proteção foi grande, considerando o nível de empresas brasileiras que têm exposição internacional – “entre 100 e 130 empresas”, calcula. A Zurich tem cinco propostas em andamento para empresas brasileiras que possuam operações tanto na Europa quanto África e Arábia Saudita e querem adquirir a cobertura. “A cobertura mínima contratada é algo em torno de US$ 25 milhões. Estipulamos esse valor porque dificilmente a operação do segurado será menor e assim ele poderá ter um custo x benefício viável”, explica Jorge.
É um seguro já bastante conhecido no mercado internacional. Com o desenvolvimento econômico e o patamar que o Brasil atingiu, é natural que as empresas brasileiras se preocupem com o que pode acontecer com suas operações ao redor do mundo, como já fazem as companhias estrangeiras.
“Tivemos muitos clientes que estavam em processo de expansão global e tiveram de recuar algumas operações após a Primavera Árabe”, comenta o líder da Prática de Seguro de Crédito e Risco Político da Marsh para a América Latina, Donnie DiCarlo.
Segundo ele, no caso dos conflitos nos países árabes, os principais medos estão relacionados ao não pagamento dos serviços prestados ou mercadorias enviadas e danos físicos ao transportador. “Empresas que enviam navios a países como Líbia ou Tunísia adquirem as coberturas para ter certeza que estarão seguras em casos de expropriação ou em caso de danos físicos, por exemplo”, comenta. Há ainda os sinistros relacionados à interrupção de negócios – exportadores da América do Norte, Ásia e América já foram afetados. No caso dos pedidos de indenização relacionados à zona do euro, os principais são devido à falência de pequenas companhias.
DiCarlo acredita que essas tensões ainda continuarão por um tempo, o que representa riscos para as empresas que negociam com outros países. “A demanda por esse seguro pode até crescer e não vai faltar capacidade e oferta de seguro. É um momento muito produtivo e indicamos para as companhias comprarem o seguro agora porque está com um preço muito bom”, conclui.

O que preocupa as empresas

Transferência de moeda (risco de ser incapaz de fazer pagamentos em divisas, como resultado da imposição de controles cambiais locais). 71 países têm este ícone, incluindo Argentina, Bolívia, Quênia, Suazilândia, Paquistão e Turcomenistão.

Jurídico e Regulatório (risco de prejuízo financeiro ou de reputação, como resultado de dificuldades no cumprimento das leis etc. do país anfitrião. É o risco mais comum no mapa: 104 países têm este ícone, entre eles Peru, Angola, Líbia, Cazaquistão, Tailândia e Iêmen.

Interferência política (risco de intervenção do governo anfitrião na economia ou outras áreas políticas que afetam negativamente os interesses de investidores estrangeiros, como nacionalização e expropriação). 92 países e territórios têm esse risco, incluindo cinco novos para 2012: Equador, Venezuela, Egito, Líbia e Peru.

– Violência Política (risco de greves, tumultos, comoções civis, sabotagem, terrorismo, vandalismo, guerra com outros países, guerra civil, rebelião, revolução, insurreição ou golpe de Estado). Há 81 países com este ícone de risco, incluindo Colô
mbia, Moçambique, Peru, Bolívia, Paraguai, África do Sul, Líbia e Guiné.

– Não-pagamento soberano (risco de um governo estrangeiro ou entidade do governo não honrar suas obrigações em relação a empréstimos e outros compromissos financeiros). Foram detectados 85 países com este risco em 2012, incluindo Argentina, Venezuela, Croácia, República Dominicana, Egito, Nigéria e Vietnã.

– Interrupção da cadeia de suprimentos (risco de interrupção do fluxo de bens e/ou serviços entrando ou saindo do país como resultado da instabilidade política, social, econômica ou ambiental). É o menos comum globalmente (com 61 países), porém muito comum na América Latina ? está em países como Argentina, Bolivia, Equador, Venezuela e Peru.

Revista Apólice área de seguros no Brasil

Jamille Niero
Revista Apólice

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