Atualmente mais de 100 milhões de pessoas recebem menos de três salários mínimos no Brasil. Essa parcela da população não é coberta por seguros e é o público-alvo do microsseguro.
Mas, para esse segmento progredir, é necessário que algumas normas sejam editadas. Segundo Hugo Azevedo de Carvalho, da divisão de seguros de pessoas e microsseguros da Susep, oito circulares normatizarão o microsseguro – previstas para serem divulgadas no dia 14 de abril. O assunto foi discutido na semana passada durante o fórum “Visão Geral e Atualizada sobre o Microsseguro no Brasil”, evento promovido pela Sociedade Brasileira de Ciências do Seguro.
Carvalho afirmou que a Susep trabalhará com três focos principais: Regulação do produto (inovação, simplificação, limite máximo e garantia de capital segurado, prazos mais curtos para pagamento de indenização e desenvolvimento da cultura do seguro); Prudencial (funcionamento de operação e áreas específicas, licenciamento para seguradoras especializadas em microsseguro) e Conduta de mercado (corretor do microsseguro, correspondente do microsseguro e correspondente bancário).
Entre os entraves do segmento, apresentados pelas seguradoras, está a criação de produtos. Para Rivaldo Leite, diretor de produção da Porto Seguro, ainda não está claro para o mercado qual o tipo de produto que essas pessoas precisam. “Em pesquisa realizada pela seguradora em uma determinada comunidade, o seguro saúde aparece como a principal necessidade. Mas dificilmente uma seguradora terá planos individuais para atender essa população. Outra dificuldade é no seguro residência, pois a maioria das pessoas não tem documentação e a instalação elétrica é precária”, exemplificou.
Já na opinião de Bento Zanzini, diretor geral de riscos de pessoas do Grupo BB Mapfre, a principal dificuldade estará nos mecanismos de cobrança. “O microsseguro é um grande mercado pela frente, mas precisamos ter a consciência de que nosso papel social e econômico será relevante, porém não o microsseguro que irá revolucionar o mercado a ponto de que ele triplique em termos financeiros. Estamos incorporando um novo segmento para esse setor que pode ser potencializado”, afirmou Zanzini.
Se as seguradoras estão preparadas para esses desafios e entraves? De acordo com Eugênio Velasques, diretor executivo de vida e previdência da Bradesco Seguros, só saberemos após as circulares. “Se fosse para responder isso agora, a resposta é que não estamos preparados, pois não sabemos se vamos operar com a seguradora ou com subsegmentações. As seguradoras não só precisam ter um preparo sistemático, mas também filosófico e cultural. É um nicho que se chama microsseguro, mas o mercado é de macro seguro”, concluiu Velasques.
Foto:Bento Zanzini,Adevaldo Calegari e Eugênio Velasques
Crédito:Márcia Alves
Revista Apólice – Portais de Seguros
Gabriela Ferigato
Revista Apólice