Ultima atualização 15 de setembro

Processos mais enxutos nos hospitais brasileiros

O sonho atual das empresas é ser enxuta, independentemente do ramo de atuação. Todas têm como meta reduzir custos, aumentar a qualidade dos produtos ou serviços, melhorar o atendimento aos clientes e a motivação dos colaboradores. Tudo isso com o intuito de torná-las mais flexíveis, eficientes e lucrativas.
Quando se trata de hospitais, apesar das diferenças entre o sistema de saúde do Brasil e da Alemanha, especialmente no que tange ao pagamento das operadoras prestadoras de serviços ou planos de saúde, os problemas operacionais em geral são similares. Os dois países têm praticamente a mesma relação entre hospitais públicos e privados. Porém, existem grandes diferenças na comparação de seus tamanhos, no trabalho junto às operadoras de serviço e no atendimento ao público.
O fato é que várias instituições alemãs adotaram o conceito ?lean?, baseado no aumento da eficiência através da eliminação de todas as formas de desperdício. Após mais de 60 projetos realizados em hospitais e clínicas por toda a Europa desde 2004, nossa consultoria percebeu o quanto poderia enxugar os processos médico-hospitalares.
Os resultados são expressivos tanto na redução de custos quanto em melhoria na produtividade das pessoas e dos processos. Por consequência, houve melhora na qualidade do atendimento aos pacientes, dos serviços internos e da eficiência na interface de trabalho entre as áreas da organização.
Além das disparidades no porte e no público, enquanto aqui os hospitais são os principais pontos de atendimento, na Alemanha, os consultórios particulares fazem esse papel. Dessa forma, a capacidade médico-hospitalar dedica-se somente a casos de emergência e pacientes que necessitam de internação.
A grande questão é: por que os hospitais brasileiros deveriam implementar os princípios e conceitos ?lean? para melhorar a performance de seus processos e se tornarem mais enxutos? A realidade atual mostra hospitais superlotados e mal-estruturados, com setores de emergência e pronto-socorros que não suportam a quantidade de pacientes. Questões mais específicas como a demora no agendamento de cirurgias, estoques de medicamentos supérfluos e a falta de planejamento interno para gerenciar melhor os leitos e cirurgias, são os principais obstáculos para a ampliação de capacidade.
Para reduzir essas ?gorduras?, a utilização da metodologia ?lean? no setor da saúde se mostra uma excelente solução, como comprovou o Luxembourg Hospital Center Hospitalier Emile Mayrisch, de Luxemburgo. Após a implementação das ferramentas da consultoria, conseguiu melhorar a utilização da área operacional em 31%. Ao mesmo tempo, a duração total dos exames preparatórios antes de uma cirurgia foi reduzida em impressionantes 98%, consequência de um planejamento de internação coerente. Desde a reorganização, os profissionais observaram níveis mais elevados de satisfação do paciente. É importante lembrar que a otimização precisa ocorrer em toda a cadeia de processos, caso contrário, não é possível alcançar todos os resultados.
Os hospitais brasileiros deveriam iniciar também uma ?jornada lean?, adaptando esse método à sua realidade. Com certeza, a capacidade operacional aumentará e eles colherão muitos dos resultados obtidos há anos pelas organizações europeias e americanas. Assim, ajudaremos a tornar o nosso sistema de saúde mais enxuto e fazer com que os nossos hospitais tornem-se instituições com processos sem desperdícios, ágeis e flexíveis, e que proporcionem a seus pacientes serviços de alta qualidade a custos mais acessíveis.

Jevandro Barros é gerente de Projetos da Porsche Consulting Brasil

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