O custo do seguro é a principal barreira que afasta a população de baixa renda da proteção securitária. Somente 5% das pessoas em todo o mundo possuem algum tipo de seguro. Nos 100 principais países menos desenvolvidos, a cobertura não passa da casa dos 3%. É esta população que a Allianz Seguros quer atender no Brasil. Conforme estudos da ONU, o potencial global do microsseguro é de US$ 1,9 bilhão, embora não se tenham dados oficiais suficientes.
Líder mundial neste nicho de negócio, a Allianz já oferece soluções de microsseguro na Índia, Egito, Colômbia, Senegal, Costa do Marfim, Camarões, Burkina Faso, Madagascar e Indonésia. No Brasil, a seguradora pretende ingressar em meados de 2011. Segundo Max Thiermann, presidente da Allianz Brasil, a área operacional para a emissão de apólices já está preparada, restando ainda toda a parte de regulação de sinistros. Também falta avaliar em qual cidade do Brasil a seguradora começará a atuar com este nicho. “O microsseguro representa não apenas um negócio, mas uma oportunidade de inclusão social”, destacou Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros, na abertura do Fórum Internacional de Jornalistas, realizado ontem, 22 de junho.
A Índia é pioneira no assunto. O tamanho do mercado é de US$ 50 bilhões. A enorme desigualdade social e a inexistência de um sistema de seguridade público explicam o enorme potencial do país. Cerca de 90% (950 milhões de pessoas) da população indiana, conforme dados das Nações Unidas, não têm nenhum tipo de seguro. Além disso, um exército de 135 milhões de chefes de família está à margem do sistema financeiro. “As pessoas têm de se virar sozinhas”, raciocinou Kamesh Goyal, country manager da Bajaj Allianz.
De acordo com ele, este é um negócio diferente dos demais tipos de seguros. Além de produtos mais flexíveis, os processos, a distribuição e a divulgação do seguro têm de ser simples e fácil de entender. Isso porque boa parte da população na Índia é analfabeta e não tem sequer documentos de identidade ou comprovantes de saúde e de escolaridade. Essas pessoas também contam com nível de renda aleatório, por isso a mensalidade média de uma apólice de microsseguro na Índia é de US$ 1.
Atualmente, a Bajaj Allianz conta com 2,1 milhão de apólices de microsseguro na área de vida e 34 mil contratos em saúde. Goyal estima que a seguradora possa alcançar até US$ 100 bilhões em microsseguro na Índia. “Este é um mercado de oportunidade de negócios. Pretendemos neste ano alcançar um ponto de equilibro. Em 2010, queremos alcançar os US$ 50 bilhões e podemos até chegar os US$ 100 bilhões”, garantiu.
Segundo ele, é também um ramo que gera muitas surpresas. Um evento climático pode ocasionar o pagamento de dez mil indenizações. No ano de 2008, o ciclone Nisha devastou a costa Sul da Índia e fez com que 50 mil pessoas perdessem tudo o que tinham. Dessas 95% não tinham nenhum tipo de cobertura securitária. Apenas de 14 500 famílias possuíam seguro contra perdas por desastres naturais. Juntas, elas receberam US$ 800 mil da Bajaj Allianz.
Aline Bronzati
Revista Apólice
