Dois mil e nove não foi um ano de crise para a atividade de seguros brasileira, que, ao faturar R$ 76,817 bilhões, cresceu 13% sobre o exercício anterior, segundo dados recém-divulgados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que não incluem o ramo saúde. Do dinheiro captado com as vendas de produtos, as seguradoras devolveram R$ 20,961bilhões a pessoas e a empresas seguradas, sob a forma de pagamento de sinistros. O valor ficou 11,9% acima dos desembolsos de 2008.
A vedete de 2009 foi o VGBL, cuja receita chegou a R$ 30,133 bilhões, expansão de nada menos que 28,1% ante os R$ 23,528 bilhões faturados um ano antes. De 2008 para 2009, a participação do produto na receita total do mercado saltou de 34,6% para 39,2%. Sem os planos de vida geradores de benefício livre, o incremento da indústria de seguros no ano passado seria de 5%.
Os seguros de pessoas cresceram perto da média do mercado, 13,5%, com prêmios situados em R$ 13,706 bilhões, o equivalente a 17,8% do total do mercado. Dentro da carteira, as vendas de planos de vida avançaram 12,3% em 2009, para R$ 8,048 bilhões. Na área de acidentes pessoais, o crescimento foi de 15,9%, para R$ 2,532 bilhões. Atuação ainda mais significativa, com receita de R$ 2,729 bilhões e expansão de 17,8%, foi verificada no seguro prestamista, que quita o saldo devedor de financiamento, principalmente de bens, em caso de morte do tomador.
O desempenho do seguro de automóvel, que representa 22,1% do mercado total, também ficou alinhado à expansão média do setor. A carteira subiu 12,9% em 2009, com faturamento de R$ 16,977 bilhões, montante que inclui a comercialização do seguro de responsabilidade civil facultativo de veículo.
Patrimônio
As estatísticas da Susep revelam que os seguros patrimoniais não foram bem no ano passado, exceto em um e outro ramo. O segmento cresceu apenas 2,2%, para R$ 6,499 bilhões. De 2008 para 2009, sua parcela no faturamento total do mercado diminuiu de 9,3% para 8,5%. Ao lado do seguro residencial, que aumentou 11,2%, o seguro de riscos de engenharia foi o grande destaque na área patrimonial, ao subir 35,6%. Os pacotes empresariais apontaram alta de 7,6%, a mesma observada na apólice de riscos operacionais.
Situação ainda pior foi registrada entre os seguros de transportes, que, no conjunto, caíram 9,5% em 2009, para R$ 1,685 bilhão. A cobertura que protege mercadorias em trânsito no País evoluiu apenas 3,2%, enquanto a que garante importações e exportações despencaram 28%. Ladeira a baixo aconteceu também com o seguro de roubo de cargas (-11,8%) e o de responsabilidade civil do transportador rodoviário de carga (-4,3%).
Os seguros financeiros, por sua vez, cresceram em ritmo acelerado no ano passado, 39,8%, com receita situada em R$ 701 milhões. A garantia judicial foi a que mais avançou: 159,5 %, seguida da garantia de concessões públicas, com alta de 131,7%. Na garantia de obrigações (públicas e privadas), a mais expressiva em movimentação de prêmios, a alta foi de apenas 12,3%. Os seguros agrícolas também cresceram bem em 2009: 30%, ao ultrapassar pela primeira vez o patamar de R$ 1 bilhão.
Jornal do Commercio-RJ