Ultima atualização 03 de agosto

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Há potencial para o seguro de obras de arte no Brasil

Estima-se que 70% das obras europeias sejam protegidas; No Brasil, esse número fica em torno de 40%

Em setembro, acontecem três grandes eventos no mundo das artes — a Semana de Arte de São Paulo, a Bienal de Internacional de Arte de São Paulo e a ArtRio. Além disso, esse mês foi confirmado que as obras dos pintor holandês Van Gogh serão expostas no Museu de Arte de São Paulo (MASP), em 2023. Com isso, galerias, museus, colecionadores e expositores correm para segurar seus bens.

O seguro para obras de arte ainda é pouco explorado no Brasil, tendo também algumas diferenças nas coberturas quando comparadas às que são oferecidas na Europa ou nos Estados Unidos. Os sinistros também mudam bastante de acordo com o local. A perda desses objetos pode representar um prejuízo considerável ao dono, principalmente quando se trata de obras antigas que não têm como ser recuperadas.

Rute Milman

“Lá fora, o produto é bem mais difundido, pois existe a preocupação de proteção da obra. No Brasil, a cultura, infelizmente, ainda é a de se fechar a porta apenas depois da casualidade”, opina Vitor Hugo Marques, corretor da Vics Corretora de Seguros. Rute Milman, CEO da Rute Milman Corretora de Seguros e colecionadora, vai pela mesma linha e acrescenta que, “além da Europa, nos Estados Unidos, também há uma valorização maior para qualquer tipo de seguro, já aqui as pessoas ainda têm o pé atrás por não achar que estão sendo beneficiadas com a proteção. 70% das obras europeias são seguradas, enquanto no Brasil, esse número fica em apenas 40%”.

No País, por exemplo, mesmo as coberturas all risks não incluem terrorismo, como acontece bastante nas apólices europeias. Outro risco que não cabe aos segurados brasileiros é o de catástrofes, como terremotos, furacões, fortes tempestades, item que é bem comum em países da América do Norte e América Central.

Cristiane Porto Rodrigues, country manager da operação da Axa Art no Brasil, explica a preferência por corretores experts para efetuar a venda desse tipo de produto. “Como somos uma empresa especializada, trabalhamos preferencialmente com profissionais acostumados com esse mercado, pois eles têm mais gabarito para analisar caso a caso”, ressalta. “Mas acontecem situações em que o cliente já tem um corretor de confiança e não abre mão de tratar a apólice com ele”.

Os seguros para essas obras podem se concentrar apenas no transporte delas até um determinado local – seguro de transporte; podem ainda conter a chamada cobertura ‘prego a prego’, que cobre desde de a retirada do local de guarda até a volta do objeto, garantindo qualquer problema que haja com a exposição ou transporte; ou podem também contar com uma cobertura permanente, quando o colecionador quer proteger seus bens independentemente do local em que a obra está.

Cristiane Porto Rodrigues

De maneira geral, o valor do seguro está relacionado a quanto o colecionador pagou pela peça. Se ela foi comprada por R$ 1 milhão, o seguro será feito por esse valor, sempre respeitando as alterações de mercado e as valorizações que as peças têm ao longo dos anos. Quando uma coleção chega a uma seguradora, especialistas em obras de arte – conhecidos como marchands – reconhecem e precificam os objetos de acordo com a técnica que foi utilizada na sua feitura, o seu tamanho e o valor histórico, além de outros detalhes específicos, como o a afeição do proprietário pelo bem, chegando-se então, a um consenso para a precificação.

Geralmente, o momento de alerta máximo fica por conta do transporte dessas peças, quando são levadas para exposições ou voltam para seus donos, mas outra preocupação por parte do proprietário tende a ser o acidente. “O seguro transporte talvez seja o mais visado, por mais que seja difícil revender uma obra roubada. Outra preocupação são acidentes simples, como prender uma tela na parede e danificar a pintura”, diz Rute. “Os sinistros normalmente têm a ver com a característica da obra. No caso de uma pintura é um rasgo, já de uma escultura é uma quebra ou uma trinca, por exemplo. Depende muito da característica de cada objeto”, complementa Marques.

É importante ressaltar que algumas seguradoras também oferecem coberturas para objetos raros, não sendo consideradas apenas as obras de arte. Carros colecionáveis também não são cobertos por esse tipo de seguro. Cabe ao segurado procurar pela apólice que mais abrange a especificidade do seu bem. “O mercado precisa ter a capacidade de trabalhar com coleções e proteger o patrimônio do cliente como um todo. Qualquer tipo de arte e colecionável ​​deve ser avaliado”, enfatiza Cristiane.

Maike Silva
Revista Apólice

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