Ultima atualização 05 de setembro

Riscos e benefícios da Inteligência Artificial a serviço da saúde

Organizações de saúde planejam alavancar o uso da inteligência artificial dentro de dois anos, e mais da metade pretende fazê-lo dentro de cinco
Gustavo Quintão
Gustavo Quintão

Na sala de cirurgia, com a supervisão de um médico, um robô realiza com absoluto sucesso um delicado procedimento intraocular. O risco de infecção pós-operatória do paciente é reduzido drasticamente graças a outros robôs que usam luz UV para desinfetar os quartos hospitalares. A recuperação também tende a ser bem-sucedida porque uma plataforma oferece o acompanhamento remoto contínuo do estado do paciente. Esta realidade é possível com as novas tecnologias de inteligência artificial aplicadas à saúde. Mas, afinal, qual será o seu real impacto no segmento de saúde corporativa?

Uma recente pesquisa liderada pela HMISS Analytics revela que 35% das organizações de saúde planejam alavancar o uso da inteligência artificial dentro de dois anos – e mais da metade pretende fazê-lo dentro de cinco.

Uma análise cuidadosa do atual cenário e do que está por vir aponta um caminho repleto de benefícios e, ao mesmo tempo, de riscos que precisarão ser discutidos pela comunidade médica, por empresas, pelo governo e, é claro, pelos cidadãos.

Comecemos pelos benefícios: em primeiro lugar, a capacidade de gerar inteligência a partir da análise de uma enorme quantidade de dados irá proporcionar a predição de casos graves e de complicações de doenças crônicas, sem falar na melhor previsão de permanência hospitalar. E certamente não param por aí. O uso de prontuários médicos eletrônicos inteligentes dando suporte ao médico para diagnósticos e tratamentos irão aumentar a eficiência dos serviços. Os laudos de exames de imagem com uso de inteligência artificial terão mais acurácia e menor margem de erros.

Mas, e o custo de tudo isso? Sabemos que investimento inicial para a implementação de tais tecnologias é muito elevado. Contudo, é necessária uma visão de longo prazo, pensando no retorno que certamente será maior e se traduz também na redução do desperdício, auxílio na coordenação do atendimento e maior eficiência, sem falar na possibilidade de redução de erros médicos.

O fato é que também existem riscos atrelados a estas tecnologias. O uso de IA depende de uma base de dados robusta e consistente e existe a preocupação de que a tecnologia seja usada de forma inadequada: é o caso de empresas da área de saúde que podem usar a predição para não aceitar pessoas com condições clínicas não interessantes do ponto de vista financeiro. Para evitar isso o processo deve prescindir de planejamento e aval da comunidade médica.

Será igualmente importante encontrar um equilíbrio entre estes avanços e as questões éticas da medicina, principalmente no que diz respeito à coleta de dados dos pacientes. Isso só será possível mantendo o sigilo médico sob responsabilidade apenas dos profissionais de medicina e punindo os responsáveis por uso indevido de informações confidenciais, por exemplo, para fins comerciais

Defendo que, em qualquer ocasião, riscos e benefícios devem ser colocados na balança. A história está aí para nos provar que, diante de qualquer inovação, mesmo entre erros e acertos, falhas e aprendizados, é muito difícil ignorar movimentos que representam evolução e novas possibilidades.

Sobre o autor

Gustavo Quintão, médico e diretor de Benefícios Corporativos da MDS Brasil

Compartilhe no:

Assine nossa newsletter

Você também pode gostar

Feed Apólice

Ads Blocker Image Powered by Code Help Pro

AdBlock Detectado!

Detectamos que você está usando extensões para bloquear anúncios. Por favor, nos apoie desabilitando esses bloqueadores de anúncios.

Powered By
Best Wordpress Adblock Detecting Plugin | CHP Adblock