Facilidade e evolução das tecnologias para o transporte de cargas, a falta de motoristas de caminhão e um possível caminho para esse entrave e a importância da averbação do seguro de cargas foram alguns dos temas mais importantes apontados por especialistas em tecnologias, seguros, prevenção de perdas e transportadoras, durante o Starken Experience, principal evento online do setor nos últimos meses.
Sobre a maior problemática da logística no País, a falta de motoristas de caminhão e o envelhecimento da categoria foram citados por Thiago Alan, CEO da Motorista PX. Segundo ele, o País perdeu cerca de 1,2 milhão de motoristas em 10 anos. “ A maioria dos mais jovens não quer se tornar motoristas e o desafio para encontrar um motorista qualificado ficará cada vez mais difícil nos próximos anos. “Isso também acontece em várias partes do mundo, assim como nos Estados Unidos, México, países da Ásia e Europa. “Um caminho para minimizar essa dificuldade que pode até “derrubar” o consumo, é oferecer oportunidades para ajudantes e auxiliares, por exemplo, e capacitá-los para se tornarem motoristas e benefícios necessários”, aponta ele.
Já o especialista em averbação para seguros de transporte de cargas, Thiago Marques, head de Insurtech Innovation na NDD, alertou sobre a importância da realização deste processo para evitar riscos e prejuízos que ocorrem para o transportador/embarcador, caso a averbação eletrônica não seja feita de forma correta. “A conscientização da importância da averbação do seguro antes da viagem cresce, mas é preciso ficar alerta também sobre como agir em caso de falhas técnicas, instabilidade nos sistemas e recusas da averbação, para que a empresa não fique sem a cobertura do seguro”, alerta Marques.
Sobre Prevenção de Riscos no Transporte de Cargas, os especialistas Vanderson Gomes da Sompo e Wallace Santana da Akad Seguros alertaram que muitas decisões na logística ainda acontecem no calor do momento e visam inicialmente produtividade e resultados. Mas, alguns protocolos de segurança não podem ser esquecidos e deixam de ser integrados às ações de prevenção e mitigação de riscos, que também trazem resultados positivos para o negócio. Os especialistas comentaram que é possível prevenir muitas perdas, mas para isso, a cultura organizacional precisa ser ainda mais forte para ações de gerenciamento de riscos.
O CEO Rafael Mansur, da Matrixcargo e Cargolift, uma das maiores transportadoras do Sul do País, citou que as empresas do TRC precisam passar por uma mudança cultural para a introdução de novas tecnologias e processos, e evitar principalmente, o receio dos colaboradores em relação ao desemprego, sendo que a tecnologia também precisa da inteligência humana”. O equilíbrio do fluxo de caixa, em um cenário com alto custo de frete/combustível e taxa básica de juros em elevação é uma das maiores preocupações para os próximos dois anos. Ao mesmo tempo, explicou que no dia a dia é possível atingir metas significativas de redução de custos nas operações logísticas, ao considerarem critérios de geolocalização, redução de deslocamento de caminhões vazios, veículos menores para operações mais reduzidas, entre outras iniciativas.
Sobre os bastidores da subscrição de riscos e as decisões que impactam diretamente a proteção das operações logísticas, Adailton Dias, Chief Underwriting Officer da Sompo Seguros, ressaltou que a tecnologia é uma grande aliado do segmento, mas a capacidade técnica de cada profissional do segmento, em especial, o corretor de seguros especializado em seu segmento, é fundamental para a análise de risco e para todos os processos de subscrição, e assim atender com qualidade, as empresas do setor logístico com a apólice mais adequada para o seu negócio.
Quando o assunto é inovações tecnológicas para o setor de transporte de cargas, existem inúmeros funções, mas o setor busca, cada vez mais, por resultados, eficiência operacional e financeira e cada transportador tem a sua necessidade específica, ou seja, por tecnologias customizadas. Segundo Anderson Benetti, especialista da Senior Sistemas, temos milhares de transportadoras que conseguem entregar um nível de serviço excelente para os embarcadores e cada vez, mais, a adoção de tecnologias está se tornando acessível, pois os custos e as formas de implementação estão mais acessíveis. As tecnologias de roteirização, TMS, entre outras, evoluíram muito e a infraestrutura de internet no País, teve avanços, apesar dos desafios que ainda temos.
Já o presidente de Honra da ABTC – Associação Brasileira de Logística, Transportes e Cargas, Pedro Lopes alertou que o País precisa ter estrutura adequada nas estradas para oferecer descanso e apoio à classe evitando riscos, com informação e atenção especial ao motorista para que sua vida não fique vulnerável”. Para isso e outros entraves, as empresas devem contar com o apoio do sistema SEST SENAT, que oferece qualificação ideal para que os motoristas recebam qualificação total.
O diretor de transportes da seguradora Sompo, Adriano Yonamine lembrou que a empresa está em busca de avanços constantes para o setor e desenvolveu uma área específica para acompanhar as mudanças, tendências e dificuldades das empresas o transporte de cargas, com atenção às transportadoras que não possuem acessos a sistemas de gerenciamentos de riscos e outras medidas de segurança para o seu negócio.
Muitos sinistros /riscos podem ser evitados no transporte de cargas como um todo, afirmou o diretor da L. Perna Reguladora de Sinistros, Vanderlei Moghetti. Acidente é um fato imprevisível e o excesso de velocidade é algo que pode ser prevenido, assim como a forma de carregamento e descarregamento de cargas. Roubos podem ser provisionados com base em dados. “Analisar as causas de cada ocorrência é possível evitar outros tipos de sinistros, prevenção e treinamento são fundamentais e os custos são menores no futuro, melhor prevenir do que remediar”, comenta ele.
O coordenador desta iniciativa que reuniu grandes players do mercado de seguros de transporte de cargas, Bruno Barazzutti, CEO da Starken Insurance, corretora especializada em seguros de transporte de carga, relatou que nos últimos meses, além dos desafios inerentes aos setores citados aqui, o País também presenciou cenários econômicos e políticos que interferem diretamente no poder de decisão das empresas. “Por isso, profissionais experientes se reuniram e apresentaram direcionamentos que podem ajudar no atual cenário”, finaliza ele.