EXCLUSIVO – O impacto das mudanças climáticas no mercado de seguros se intensifica a cada novo evento extremo. O recente furacão Milton, que devastou diversas regiões, traz à tona a vulnerabilidade de setores-chave e a crescente necessidade de proteção adequada contra desastres naturais. Para seguradoras e resseguradoras, o aumento na frequência e severidade desses eventos climáticos impõe desafios substanciais na precificação de apólices e no desenvolvimento de coberturas abrangentes.
Agronegócio, seguros de propriedades, especialmente os ramos de automóveis e residências, estão entre os mais vulneráveis às mudanças climáticas. A frequente ocorrência de enchentes, vendas e furacões coloca esses setores em risco constante. “O agronegócio tem sido duramente afetado, mas também vemos um aumento significativo nas ocorrências em outros segmentos da indústria e em construções”, aponta Fernando Martinez, fundador e CEO da Beyond Seguros.
Além disso, o furacão Milton e as enchentes no Brasil revelam que o impacto não se limita a uma região ou tipo de cobertura. “As perdas climáticas estão se tornando mais frequentes e severas, o que torna os dados estatísticos usados pelas seguradoras e resseguradoras desatualizadas”, diz.
Soluções oferecidas pelas seguros
Apesar dos desafios, as garantias estão buscando soluções para apoiar empresas e indivíduos. No Brasil, a oferta de coberturas ainda é limitada em comparação com mercados mais desenvolvidos. “Ainda temos muitas restrições de limites e coberturas no Brasil. Nos Estados Unidos, já existe um leque completo de coberturas que oferece proteção total”, comenta Martinez.
Essa diferença de abordagem reflete a maturidade do mercado de seguros em cada país, mas os esforços estão sendo feitos para trazer mais opções ao Brasil. O setor de seguros, cujo princípio básico é o mutualismo, está se reinventando para atender a uma demanda crescente de proteção contra eventos climáticos. As seguradoras estão expandindo suas carteiras para novas regiões, buscando pulverizar os riscos, como forma de aumentar a sustentabilidade do sistema. “Temos visto um investimento das garantias em angariar novos clientes para diluir os riscos e se preparar para o aumento na frequência de desastres naturais”, afirma o executivo.
Para empresas e residências, as coberturas essenciais contra esses eventos incluem incêndio, alagamento e vendaval. Ele ressalta que a cobertura de incêndio, que pode ser causada por um dano elétrico ou queda de raio, é tão importante quanto ao alagamento e vendaval.
Desafios e novas promessas
A criação de novas agências, que atendem a uma demanda crescente por proteção, é outro desafio do mercado. Com eventos como o furacão Milton e as enchentes no Brasil, empresários e seguradores estão cada vez mais atentos à abrangência das coberturas. “Essas catástrofes fizeram com que os empresários ficassem mais atentos às suas apólices e que as seguradoras redigissem cláusulas mais abrangentes”, ressalta o CEO da Beyond.
O setor de seguros está em constante evolução, impulsionado pela necessidade de adaptar suas soluções às mudanças climáticas e proteger seus clientes de maneira mais eficaz. O caminho a seguir exige inovação e colaboração entre empresas, resseguradoras e governos para mitigar os impactos e preparar melhor as regiões mais vulneráveis.