EXCLUSIVO – O maior desafio para despertar o interesse dos jovens pelo tema longevidade talvez seja a comunicação. O Brasil, que sempre foi considerado um país jovem, deve dobrar a quantidade de pessoas com mais de 60 anos em 2050, passando dos 31% da população. Porém, viver mais não significa viver melhor.
Para medir como as pessoas estão se preparando para viver mais e com qualidade de vida, a Bradesco Seguros, em parceria com o Locomotiva Instituto de Pesquisa, lançou ontem (07) o ILP – Indicador de Longevidade Pessoal. De acordo com Alexandre Nogueira, diretor de marketing do Grupo, o ILP é uma forma de analisar a vida de hoje para se preparar para o futuro. “Através da análise de alguns pilares fundamentais, como saúde mental, finanças, conhecimento, atividades físicas, relações sociais, queremos aumentar o conhecimento sobre a longevidade”.
“A expectativa de vida está crescendo e a linha que separa as gerações está cada vez mais tênue”, analisou Ana Julião, gerente geral da Edelman, acrescentando que 8 entre 10 brasileiros associam a longevidade a conceitos conservadores e religiosos. Infelizmente, envelhecer ainda é um tabu na sociedade brasileira.
O objetivo do ILP é medir o Indicador Pessoal para gerar debates sobre o tema na sociedade. João Paulo Cunha, diretor de pesquisa de mercado do Locomotiva Instituto, ressaltou também que o ILP quer promover a sensibilização sobre questões que impactam a longevidade. “Estes indicadores são dinâmicos e é muito difícil equilibrar todos ao mesmo tempo no topo, mas é precisam lembrar que eles impactam na qualidade de vida e no expectativa de vida”.
O ponto de partida do ILP é uma pesquisa com 1058 pessoas, de diversas classes sociais, raças, religiões etc. É uma mostra da diversidade para produzir o comparativo e saber como cada um está inserido no contexto da longevidade. Respondendo às diversas perguntas de seis campos: atitudes em relação à longevidade, saúde física, saúde mental, interações sociais e meio ambiente, cuidados de saúde e prevenção e finanças, é possível chegar ao Indicador de Longevidade Pessoal.
João Paulo explica que na maior parte das dimensões, a população mais velha teve índices melhores. “As pessoas mais velhas estão mais abertas a entender e aprender sobre o tema. Estas pessoas não estão acomodadas. A população mais jovem trouxe dados preocupantes em relação à saúde mental, cuidados e prevenção a saúde e quanto ao apoio dos amigos, além de não estarem preparadas para a longevidade”, concluiu.
Ele explica que as maiores dificuldades estão nos pilares de finanças e de saúde mental. Entre os brasileiros de menor renda, 78% não tem nenhuma reserva financeira e 49% acham que as atitudes financeiras contribuem para a sua longevidade.
O gerontólogo Alexandre Kalache destacou, novamente, que a vida está cada vez mais longa e deve ser encarada como uma maratona. “A vida exige esforço para criar reservas nos pilares da saúde, conhecimento, social e financeiro. Temos que ter um propósito na vida, por isso a pesquisa nos mostra que preciso tomar a decisão de envelhecer bem cada vez mais cedo”.
Para Kalache, o ILP é um legado para a sociedade, que coloca a longevidade em pauta com muita profundidade, dando destaque para os cuidados necessários para chegar ao final da corrida com o domínio da vida e autonomia.
Kelly Lubiato, de São Paulo