Ultima atualização 14 de março

Mercado de seguros sofre com os efeitos dos desastres naturais

De acordo com um relatório produzido pela Aon, em 2022 o setor sofreu uma perda de 132 bilhões de dólares devido a sinistros ocasionados por desastres naturais
naturais
(FOTO: WRI Brasil)

EXCLUSIVO – Além do aumento dos eventos climáticos extremos, os efeitos das mudanças do clima causam cada vez mais prejuízos. Segundo a versão de 2023 do relatório Weather, Climate and Catastrophe Insight, produzido pela Aon, em 2022 os desastres naturais foram responsáveis por uma perda econômica de 313 bilhões de dólares em todo o mundo. Este montante é 4% maior que a média do século 21.

No Brasil, secas e enchentes ocasionaram prejuízos superiores a US$ 5 bilhões em 2022. A tragédia no litoral paulista durante o feriado de Carnaval desse ano foi o episódio mais recente, e um dos setores que vêm sendo afetados por esses desastres é o mercado de seguros. Só no primeiro semestre de 2022, as resseguradoras sofreram um prejuízo de R$ 4,6 bilhões com o seguro rural, segundo dados divulgados pela Susep (Superintendência de Seguros Privados).

Thiago Lang

 “Acredito que a preocupação com os riscos climáticos ou provenientes de eventos desta mesma natureza cresce a cada ano e não deve diminuir nos próximos. Embora o volume de perdas seja muito grande, o mercado já avalia o potencial de paralisação de negócios intrínseco nos riscos climáticos. Na minha avaliação, os tomadores de opinião já consideram este um tema de ordem imediata e que precisa seguir crescendo, em conformidade com seu potencial”, afirma Thiago Lang, diretor de Verticais de Indústrias, M&A e soluções em ESG na Aon do Brasil.

O estudo apontou que 2022 foi o quinto ano mais caro para as seguradoras já registrado. De acordo com o relatório, pouco mais de 42% do volume de perdas (132 bilhões de dólares) já apresenta algum tipo de ação para mitigação ou cobertura dos riscos.

“As seguradoras terão de estudar estratégias de atuação por meio das quais possam minimizar os efeitos de eventos climáticos extremos nos bens segurados. E isso passa pelo desenvolvimento de tecnologias e processos de gerenciamento de riscos”, diz Alfredo Lalia Neto, presidente da Sompo Seguros.

José Bailone

Para José Bailone, Chief Underwriting Officer P&C na Zurich, é fundamental a incorporação ou a melhoria da gestão de riscos dentro das grandes, médias e pequenas empresas, adotando a contratação de seguros como uma medida fundamental no planejamento financeiro dessas corporações. “Aqui na Zurich, oferecemos para os nossos clientes de Riscos Corporativos uma avaliação com a nossa equipe de Engenharia de Risco do potencial impacto que pode sofrer determinada planta ou região, considerando cenários de aquecimento global. Assim, podemos trabalhar quais medidas podemos adotar para evitar prejuízos”.

A falta de ações do Governo para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas também é um desafio. Uma pesquisa do CEUB (Centro Universitário de Brasília) constatou que apenas 10 capitais brasileiras tratam dos desastres naturais em seus planos de governança. No mercado de seguros, seguindo a estratégia de outros reguladores, em 2022 a Susep aprovou a Circular 666, que obriga a adoção de instrumentos para a gestão de riscos ambientais, sociais e climáticos pelas seguradoras. 

“O mercado está em constante evolução e sempre podem surgir novas soluções que reúnam eficiência e facilidade para as empresas. Hoje, porém, falando em riscos decorrentes de fatores climáticos, a principal forma de transferência de risco por meio de apólices segue sendo o seguro paramétrico. Chamado também de seguro de índice, o dispositivo funciona baseado na definição de parâmetros para a ocorrência de eventos naturais. É um produto customizado e suas coberturas podem ser acionadas quando o índice paramétrico estipulado seja alcançado ou excedido, dentro de uma área pré-estabelecida”, afirma Lang.

Alfredo Lalia Neto

Mais do que a criação de novos produtos e desenvolvimento de tecnologias, o estabelecimento de mecanismos de segurança financeira, além de investimentos em projetos de infraestrutura urbana, são essenciais. “A velha máxima do ‘prevenir é melhor do que remediar’ é perfeitamente verdadeira no contexto de investimentos em estratégias e ferramentas de prevenção e segurança contra desastres climáticos. Justamente esses investimentos vão evitar perdas que podem levar muito tempo para serem reparadas ou que não há como serem reparadas, como no caso da uma vida”, reforça Neto.  

Nicole Fraga
Revista Apólice

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