EXCLUSIVO – “A Telessaúde já é uma realidade e as pessoas estão se programando para utilizá-la mesmo fora dos picos da pandemia”, afirmou o coordenador do Comitê de Telessaúde da Abramge (Associação Brasileira dos Planos de Saúde), José Luciano Monteiro da Cunha, durante o evento “Telessaúde: A experiência da pandemia e o futuro do acesso à saúde”, promovido pela entidade na manhã desta segunda-feira, 27 de junho. Além dele, participaram do debate o presidente da Associação, Renato Casarotti, e a deputada federal Adriana Ventura (Novo-SP).
Durante o evento, que aconteceu de forma presencial na sede da entidade, em São Paulo, e foi transmitido ao vivo pelo YouTube, os convidados abordaram a importância da regulamentação da telemedicina e seus benefícios para o setor da saúde e os pacientes. O Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou de forma definitiva a prática da telemedicina no Brasil no mês passado. As definições das regras ocorrem por meio da Resolução nº 2.314/2022. Um levantamento feito pela Abramge com as operadoras associadas, responsáveis pela cobertura de 9 milhões de beneficiários, indica que foram realizadas, entre abril de 2020 e maio de 2022, o total de 6,5 milhões de teleatendimentos.
Para Cunha, houve um amadurecimento das plataformas de telemedicina, acelerado pela pandemia de Covid-19, principalmente entre a população com mais de 50 anos, o que comprova a eficácia do serviço. “Conseguimos alcançar índices de resolução entre 80% e 90% nas consultas à distância. Se analisarmos o número de consultas de urgência e efetivas nota-se que, atualmente, 54% das consultas são efetivas, enquanto em janeiro de 2021 eram apenas 30%. Esses dados comprovam a adesão da telemedicina na sociedade brasileira e sua importância para o tratamento de pacientes”.
Adriana foi autora do Projeto de Lei para a telessaúde permanente no Brasil e é presidente da Frente Parlamentar Mista de Telessaúde. Segundo a deputada, as principais questões em torno da regulamentação da telemedicina na Câmara foram a territorialidade, a remuneração dos profissionais e se a primeira consulta deveria ou não ser presencial.
“A prática e a experiência mostraram que a telesaúde ampliou o acesso à saúde com qualidade e segurança jurídica, respeitando a autonomia do profissional e com consentimento do paciente. A expectativa da Frente é avançar nas interações e discussões para efetivamente construir algo amplo e consensual, beneficiando toda a população”. De acordo com Adriana, existe a tecnologia necessária para oferecer qualidade neste serviço, mas é preciso que o mercado de saúde evolua em nível de maturidade e continuidade de projetos.
Casarotti ainda ressaltou a importância da telesaúde na gestão de gastos das operadoras/seguradoras e até mesmo no SUS, pois ela facilita o acesso aos médicos, auxilia na primeira avaliação do paciente e diminui a alta demanda em pronto-atendimentos. “Agora, com segurança jurídica, é hora de avançar nessa agenda e cuidar para que a prática não seja precarizada. Buscar soluções, abrir fronteiras e fazer com que a tecnologia novamente jogue a favor da medicina, da saúde e do bem-estar do maior número de brasileiros possível”.
Nicole Fraga
Revista Apólice