Ultima atualização 07 de fevereiro

A regulamentação ESG no mercado de seguros e os caminhos para uma agenda bem-sucedida

As empresas que podem avaliar melhor seus impactos e riscos ambientais, sociais e de governança estarão em uma posição melhor para tomar decisões mais inteligentes

A observância dos critérios de ESG (ambientais, sociais e de governança) é fundamental e urgente para todas as organizações. Eventos globais, incluindo a pandemia, incertezas econômicas e a busca constante pelas melhores práticas de inclusão e diversidade estão estimulando empresas em todo o mundo a acelerar mudanças em suas prioridades. E isso requer uma gestão de risco específica, identificação de oportunidades e ação coletiva.

Eduardo Takahashi

O segmento de seguros desempenha um papel influente na garantia da sustentabilidade por meio de atividades de gestão de risco, subscrição e gestão de investimentos. As companhias que atuam neste mercado mais do que nunca estão atentas às mudanças em direção a uma economia mais sustentável. Se antes as empresas com perfil mais tradicional olhavam para esse tema de forma superficial, hoje já não o fazem mais.

Em dezembro, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) lançou uma consulta pública (nº 44/2021) de minuta de Circular que dispõe sobre requisitos de sustentabilidade a serem observados pelas seguradoras e demais entidades do setor. Segundo o documento, o objetivo da proposta é fomentar uma atuação cada vez mais resiliente e sustentável do mercado segurador.

O normativo proposto tem seis capítulos que trazem sugestões de aplicações, e de forma enfática, alerta que os riscos de sustentabilidade podem se materializar em diversos tipos de riscos financeiros e, por isso, devem ser integrados à gestão dos riscos de subscrição, de crédito, de mercado, operacional e de liquidez.

Um dos pontos mais interessantes trata da necessidade de as companhias implementarem uma Política de Sustentabilidade que seja compatível com seu porte, natureza e complexidade de suas operações; esteja alinhada aos objetivos estratégicos e ao seu plano de negócios. O texto lembra ainda que tal política deve ser divulgada aos colaboradores “mediante linguagem clara, acessível e em nível de detalhamento compatível com as funções que desempenham, e ao público externo, em local de fácil identificação no sítio eletrônico da supervisionada, pelo menos em versão resumida que contenha suas linhas gerais”.

A comunicação é essencial para que uma agenda ESG seja bem-sucedida. É preciso ter uma cultura de risco que envolva todos os colaboradores e estimule a identificação, a discussão, a revisão e o aprendizado com as violações e riscos potenciais.

Essa questão fica ainda mais evidente quando falamos dos riscos cibernéticos. A proteção de dados deve ser algo enraizado na cultura corporativa de modo que todos, do funcionário de chão de fábrica ao CEO, estejam cientes dos riscos e suas responsabilidades em evitá-los. Vazamentos podem comprometer os resultados e a credibilidade de qualquer empresa. E isso tem sido visto como um problema ESG devido a necessidade de as empresas entenderem a importância de se fazer uma boa governança de dados e pelo fator humano, que é um dos pontos mais vulneráveis da segurança cibernética.

É necessário agir com responsabilidade e transparência em relação às questões que envolvem o capital humano. A crise colocou o “S” do ESG firmemente no centro da discussão e muitas empresas passaram a identificar seus esforços para gerenciar saúde e segurança dos empregados, abordar a diversidade e inclusão e se envolver com as comunidades. As empresas líderes perceberam que seus colaboradores são os maiores defensores e facilitadores da estratégia climática e social e, portanto, uma força-chave para a mudança.

Acredito firmemente que o investimento sustentável baseado em um conjunto robusto de métricas ESG são a melhor direção para as organizações que se esforçam para obter um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente, o que leva a um melhor desempenho dos negócios de longo prazo e na criação de valor.

As empresas que podem avaliar melhor seus impactos e riscos ambientais, sociais e de governança estarão em uma posição melhor para tomar decisões mais inteligentes. Não podemos prever o que acontecerá em 2022, mas os eventos dos dois últimos anos ressaltaram a importância de ter uma visão de longo prazo colocando em prática políticas e estratégias de negócios que olham além do próximo trimestre ou ano. Propósito, valores de longo prazo e sustentabilidade são hoje primordiais para o futuro das organizações.

* Por Eduardo Takahashi, Country Leader da Willis Towers Watson Brasil

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