Os desafios da comunicação em uma sociedade em transformação foi o painel mediado por Antonio Penteado Mendonça na Conseguro 2021. Mendonça disse que é comunicador há mais de 30 anos e que nos primeiros 28 anos não se discutia questões de gênero, de raça e outras minorias. “O grande profissional não tem preconceito de informação”. Esta nova realidade é um desafio para anunciantes e criadores de conteúdo das novas mídias.
Hilaine Yaccob, antropóloga, foi uma das palestrantes e destacou que se educa para consumir, porque desde o nascimento até a morte há consumo envolvido, desde a parte prática até a simbólica e emocional. O consumo não é apenas comprar, mas presente também em termos de ideias e até distopias. “O brasileiro médio está sendo achatado pela economia em crise e está repensando sua necessidade de compra. Em uma sociedade ligada à tecnologia, o consumo do celular pode ser mais importante do que o feijão”, brincou a antropóloga.
Ela pontuou que as pessoas olham para as marcas como pessoas. Esperam pedidos de desculpas e esperam atitudes politicamente corretas. “Quanto mais original e autêntica, mais eficiente pode ser a publicidade”, informou Hiliane.
O publicitário Washington Olivetto afirmou que muita coisa mudou nos últimos anos, mas uma coisa não muda na comunicação: se não existir uma grande ideia, não há informação. “Quando a relação de comunicação era um monologo, as ideias se restringiam às mídias tradicionais. Com a multiplicação das mídias, a grande ideia tem a obrigação de ser grande em si, ser única em si, e ter capacidade de ganhar características de cada uma das mídias”, sentenciou.
No Brasil começou-se a acreditar na luta de classes entre online e offline, entre antigos e modernos. “Tudo isso tem que se somar e se transformar em uma coisa apenas para ser eficiente: grande busca da publicidade é transformar o consumidor em mídia, na melhor que existe”, garantiu o publicitário.
Os sonhos e anseios das pessoas continuam os mesmos, os meios é que mudaram. Umberto Eco disse há alguns anos que as mídias sociais deram vozes aos imbecis. Precisamos saber quantificar a relevância destas manifestações. “Difícil é fazer o popular com qualidade. Nós não existimos sem o consumidor e sem o anunciante. A melhor publicidade é aquela na qual não existe autor, que parece que foi o produto quem fez”. Olivetto ressaltou que a boa publicidade é extraída da vida.
Alexandre Nogueira, diretor da comissão de Marketing da CNseg e diretor da Bradesco Seguros, disse que o mercado segurador tem um grande desafio, por ter uma ampla gama de atuação e é preciso atuar em todas as carteiras de maneira específica. “Assim como o consumo está presente do nascimento à morte, o seguro também está em todos estes momentos, protegendo as pessoas”, lembrou o executivo.
A maior parte das pessoas desconhece os benefícios do mercado de seguros, o que faz com que as pessoas procrastinem a contratação de uma proteção. As transformações da pandemia trouxeram à tona a reflexão sobre proteção, continuidade e planejamento para o futuro. “Isso ampliou a percepção de risco das pessoas. Precisamos estar preparados para amanhã, de olho no que acontece hoje”, ponderou Nogueira.
“O nosso mercado passou por momento em que ele fez a parte dele, entregando o produto que prometeu, principalmente nas áreas de saúde e vida. Temos que aproveitar este gancho para expandir o mercado, para que as pessoas percebam este produto como demandado”, completou o diretor da CNseg.
Hilaine lembrou que as pessoas responsáveis pela tomada de decisão devem sair mais do seu conforto, porque as pessoas só crescem na dor e só se desenvolvem no choque. “Quanto mais repertório de choque cultural e de reconstrução de si mesmo se cria, abre-se um território fértil para a criatividade, para chegar a todas as pessoas com repertório e acesso diferente. É preciso abrir e se abrir. É preciso saber porque a cultura existe e sua importância para um grupo de pessoas”, concluiu.
Kelly Lubiato
Revista Apólice